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Hanna Judge olhou concentrada para a incisão que fazia no corpo sem vida. Estava tentando achar vestígio que comprovaria sua desconfiança do que havia ocorrido na última noite. Havia também sua visão sobre o acontecimento, mas não contaria a ninguém sobre isso. O alerta foi emitido pela cidade para terem cuidado com a estrada a noite e evitarem a floresta também. Os moradores ficaram apreensivos no início, mas o resto correu normalmente. Tinha marcas que um urso poderia fazer facilmente, mas Hanna sabia que não era e isso complicaria muito as coisas.

"Então, como estão as coisas?" O homem alto entrou usando uma máscara em seu rosto para se proteger do cheiro, mesmo que o ar condicionado tivesse alto.

"Nada que qualquer animal feroz não poderia ter feito em situação de perigo." Ela continuou seu trabalho.

"Mas é um dos nossos?" O homem a olhou preocupado.

"Talvez." Ela divagou. "Mas ele teve uma boa razão." Hanna disse e mostrou o braço do homem cuja a tatuagem próxima ao pulso mostrava uma arma, uma espingarda em chamas.

"Caçadores!" Ele sussurrou irritado. "Aposto que é gente da gangue daquele canalha!"

"Vá com calma, Tristan. Não podemos provar nada." Ela enfiou a mão por dentro do corpo tirando o pâncreas inchado que colocou na balança.

A hipotermia permitiu que o corpo ficasse conservado, mas os órgãos incharam rapidamente com o frio. Esse procedimento natural de pós mortem faz o corpo pesar o dobro do peso normal. Depois disso ainda teria que avaliar a condição para ver o que seria útil a doação para a faculdade de medicina ou não.

"Quem mais tem interesse nisso?!" A olhou sem entender. "Quem está tentando nos matar?!"

"Terei uma resposta assim que terminar." Ela continuou calma como antes. "Fique calmo e vá ver Jason. Algo me diz que ele vai precisar de ajuda." Fechou o pâncreas dentro de um cooler frio para manter seguro e enfiou a mão novamente dentro do corpo fazendo Tristan olhar com nojo.

"Me avise se tiver qualquer novidade." E saiu dali apressado.

Quando a cientista ficou só trancou a porta eletrônica dando total privacidade com os corpos sem vida. Ela tirou as luvas ensanguentadas e lavou as mãos na pia antes de alcançar a bolsa. Dentro dela havia um artefato pequeno em formato de uma bolsinha velha com um laço. Antes de se aproximar do corpo ela pois novas luvas limpas e colocou o artefato dentro do corpo em cima do coração. O desenho no artefato se iluminou fazendo o coração frio bater de maneira fraca e aquela energia que iluminou em um tom de roxo neon fazendo o sangue esquentar.

O homem deitado na maca arregalou os olhos ofegante e olhou para ela. Mal podia mexer seu rosto ao olhar para a mulher de expressão impassível.

"Como?" Ele sussurrou. "Como fez isso?"

"Não tenho tempo pra perguntas e você também não." Ela apertou o artefato em mãos o fazendo sentir dor. "O que vocês queriam na floresta a noite?!"

"E-eu não sei." Ele ofegou.

"Não minta." Ela disse entredentes o olhando e apertou a bolsinha em sua mão fazendo o coração se comprimir. Se ele mentiria, ela o faria sentir dor.

"E-eu não sei." Ele ofegou sentindo como se ela pudesse tocar sua alma. "Nós fomos contratados por um cara por telefone." O homem morto disse tentando se lembrar do que houve.

"E o que ele disse?" Soltou a bolsinha.

"Disse que queria proteger um carregamento. Ia pagar bem se fizéssemos um extra em matar um dos lobos da floresta." O homem arregalou os olhos quando ela pegou a faca afiada em mãos e na outra um isqueiro. "Eu só sei isso! E-eu juro!"

"Descanse em paz." Ela disse e acendeu o isqueiro na bolsinha que queimou em roxo neon e se desfez sumindo. Com ela também sumia a vitalidade do morto o tornando mais um corpo frio.

(...)

Tristan bateu a porta do carro em frente a cabana onde havia estacionado. Ao olhar pro chão viu pegadas fundas no gelo e marcas de pneus que não eram suas. A casa mais próxima dali ficava há 3 quilômetros e meio. Ele se aproximou saindo da neve para a pequena varanda onde havia uma porta de madeira grossa e duas janelas. Tudo fechado em todos os lados.

"Jason!" Ele disse alto e bateu na porta, mas não recebeu nenhuma resposta. "Jason, sou eu. Abre aí!" Um barulho se fez na floresta chamando sua atenção. Tristan olhou atentamente para todos os lados.

As árvores ficavam mais densas naquela época do ano. A floresta parecia um labirinto fechado e quase sem perspectiva de saída. Nesses tempos a polícia colocava alertas na cidade para que as pessoas não avançassem muito. O número de desaparecimentos sempre acabava aumentando. O barulho soou como um galho quebrando e o moreno ouviu o cervo correndo floresta a dentro.

"Jason, eu não vou..." E a porta se abriu revelando o homem alto de cabelos longos, uma expressão irritada e machucados recém curados. "Você tá péssimo." Tristan disse e riu levemente.

"Você veio aqui só pra isso?!" Ele rosnou olhando pro outro pronto para fechar a porta.

"Não. Vim falar com você, é importante." O Outro olhou por um momento como se pensasse se deveria ou não dar atenção aquilo.

"Espero que seja mesmo." Saiu da porta deixando espaço para o mais novo entrar e fechar a mesma atrás de si. Jason se jogou de volta no sofá sem se importar com a presença do outro.

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⏰ Última atualização: Feb 12, 2023 ⏰

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