Fantasma

Capítulo 31 - Só um ensaio - Parte 2

P.o.v. João Gustavo

Depois de passar boa parte da manhã só tentando evitar meus sentimentos, eu tava começando a me entregar a eles.

Estar vendo a Maraisa cantar todas aquelas músicas me fez pensar no que aconteceu entre a gente. Eu sentia raiva e mágoa por ter sido só mais um para ela, mas ao mesmo tempo eu continuava gostando dela e querendo que uma hora as coisas entre a gente acabassem dando certo, que elas se tornassem algo a mais.

Diferente dos olhares de raiva que nós trocamos ao longo do ensaio, nesse eu estava implorando. Eu tava implorando pra viver aquelas noites de novo, eu tava implorando para ter ela de novo e o olhar dela parecia dizer o mesmo pra mim.

As lembranças das várias noites que eu e ela tivemos invadem minha mente. Tento de todos os modos afastar aqueles pensamentos da minha mente, mas quem disse que eu consigo esquecer a Maraisa?

—E na hora que eu te beijei
Foi melhor do que eu imaginei
Se eu soubesse tinha feito antes
No fundo sempre fomos bons amantes - sem conseguir adiar por mais tempo a vontade que eu sentia, levanto e pego o microfone que Maiara havia soltado e canto junto com Maraisa, sendo seu segunda voz.

No fundo sempre fomos bons amantes
É o fim daquele medo bobo - eu canto a frase sem desviar meus olhos do dela, que nem se eu quisesse eu conseguiria. Ela tinha o poder de me deixar completamente hipnotizado por ela.

—Tanto amor guardado tanto tempo
A gente se prendendo à toa
Por conta de outra pessoa
Só dá pra saber se acontecer
É, e na hora que eu te beijei
Foi melhor do que eu imaginei
Se eu soubesse tinha feito antes
No fundo sempre fomos bons amantes - nós dois cantamos juntos e eu estava sentindo que finalmente estávamos abandonando aquele medo bobo.

E na hora que eu te beijei
Foi melhor do que eu imaginei
Se eu soubesse tinha feito antes
No fundo sempre fomos bons amantes - Maraisa canta com um pequeno sorriso no canto dos lábios que me fez sorrir também.
No fundo sempre fomos bons amantes - dessa vez, sou eu quem canta o verso.
É o fim daquele medo bobo - me aproximo dela, deixando o microfone que segurava de lado e seguro seu rosto, juntando nossos lábios em um beijo intenso.

Parecia ser a primeira vez que nós dois nos beijavamos e queríamos prolongar esse momento o máximo possível. Nossas mãos trocam de posições, Maraisa passa a segurar meu rosto e eu a segurar a cintura dela. Nossos lábios se separavam por poucos segundos e logo estavam colados de novo.

Quando já não tínhamos mais fôlego, nos separamos. Nós estávamos ofegantes, e tentávamos pegar o ar logo para falarmos alguma coisa, mas ao mesmo tempo não queríamos falar nada, até porque, nós não sabíamos o que falar.

—Eu nunca quis te usar, é que eu não queria te machucar. Depois de algumas noite eu até tentei te evitar, porque eu achei que era errado ficarmos juntos, mas depois eu vi que não valeria a pena tentar fazer isso. Aí foi você quem começou a me evitar. - ela diz a última parte em um tom triste.

—Eu só fiz isso porque tava tentando te esquecer. Esse era o problema que eu tava resolvendo, mas acho que a gente já resolveu esse problema, né?

—E a nossa diferença de idade? Você na acha que também é um problema? - balanço a cabeça negativamente, mas ela parece não se convencer da minha resposta. - João, eu tenho 34, e você 22, é questão de tempo pra você se cansar e querer alguém mais nova que eu. Sua carreira está começando, já tem muita gente se jogando pra cima de você, agora mesmo que vai ter mais. E eu não quero ficar prendendo você.

—Presta atenção no que eu vou te falar. - seguro o rosto dela, fazendo ela olhar pra mim. - Eu quero você, só você. Não é por aparência ou beleza, é porque eu realmente gosto de você... e você é gostosa pra caralho. - falo fazendo ela rir e dar um leve tapa em meu peito.