P.o.v. Ricelly Henrique
Era de madrugada, mais especificamente 5 da manhã. Ficamos um bom tempo cantando e tocando na praia, mas chegou um momento que todos fomos pro próprios quarto, o sono tava consumindo. E eu tinha tentado dormir a todo custo, mas eu não conseguia. Uma certa loira dominava meus pensamentos, uma coisa que tem sido constante desde o momento em que eu me vi completa e perdidamente apaixonado pela Marília Mendonça, minha melhor amiga.
Por várias vezes eu quis dizer a ela o que eu realmente sentia, mas o medo de não ter mais ela sempre fazia eu desistir dessa ideia, já que eu achava que isso já estava acontecendo pelo fato de que nós não comentamos mais o que aconteceu entre a gente naqueles dias.
Eu sei que ela me ama, apesar de não ser do mesmo jeito que eu, eu sei que ela me ama. E eu esperaria ela quanto tempo fosse preciso, e se nescessário, até mais uma vida, só pra estar com ela. Mas às vezes eu acho que não importa quanto tempo eu espere, ela nunca vai gostar de mim como eu gosto dela.
Vencido pela insônia, saio do meu quarto e vou para a beira da praia. Ando com as mãos no bolso olhando as árvores balançarem por causa da ventania, as ondas quebrarem sobre a areia molhada, e a água se recolher pra mais adentro do mar e todo esse processo ser repetido novamente.
Vejo uma pessoa encostada na grade de madeira da varanda da pousada, talvez essa falta de sono não tenha sido por acaso.
Já conhecendo muito bem quem era, eu me aproximo dela.
—Tá sozinha?
—É, meus amigos me abandonaram para ir dormir. - ela diz me fazendo rir.
—Quê que cê tá fazendo acordada uma hora dessas da manhã?
—Só tava pensando. E você? - ela me olha.
—O mesmo. - olho pra sua mão e percebo que ela segurava uma garrafa. - Ah, não, peraí, Lila. - falo chamando a atenção dela pra mim. - Cê tá bebendo 51 pura? - ela me olha confusa.
—Tô, uai. Tem outro jeito?
—A gente tá no Rio de Janeiro, e pra gente beber cachaça pura aqui tem que ter um motivo muito bom e no momento, você tem um motivo muito bom pra não beber que sou eu.
—É mesmo, carioca? - ela diz em um tom brincalhão e irônico.
—É sim. - ergo minha mão pra que ela agarrasse. - Deixa eu fazer a bebida típica daqui pra gente. Assim nós fazemos companhia um pro outro. - ela me olha por alguns segundo e sinto um frio percorrer minha barriga. Não importa quanto tempo eu passe do lado dela, esse nervosismo nunca passa.
—Vambora. - ela agarra minha mão, entrelaçando nossos dedos.
—Tá pronta pra quebrar algumas regras? - ela me olha confusa. - A essa hora, o bar da pousada tá fechado, mas isso não significa que a gente não pode usar. - significava sim.
—Então, não vamos deixar que ninguém saiba. - sorrio com sua resposta e a puxo em direção ao bar.
Acho que a sorte estava do nosso lado, porque a porta do lugar estava destrancada. Olhei pra todos os lados procurando algum segurança que pudesse nos barrar, mas não tinha ninguém. Puxo a loira pra dentro do bar junto comigo.
Diferente de toda a instalação que era rústica, ali não era assim. Era bem moderno, tendo um estilo parecido com a de uma boate.
—Quer ajuda? - ela me pergunta quando me ponho atrás do balcão de bebidas.
—Se você conseguir achar o interruptor daqui... - falo olhando em volta. A única coisa que iluminava era a luz que vinha do lado de fora, através da janela.
Lila vai até a parede e liga o interruptor e nada acende, mas um tablet que estava encima da mesa perto da parede liga. Ela pega o mesmo nas mãos e mexe fazendo uma luz azul acender no teto envolta do bar, uma vermelha no resto do lugar e uma música começa a tocar baixinho. Ela atravessa o balcão sentando em cima do mesmo, ficando ao meu lado.
—Então a bebida daqui é caipirinha? - ela pergunta quando me vê começar a preparar a caipirinha.
—Exatamente, não é cerveja. - tento focar em bater a cachaça e terminar de fazer a bebida, mas sinto o olhar dela em mim, a mais simples ação me deixa nervoso se vem dela. - O quê? - pergunto quando não consigo mais me concentrar.
—Sei lá, é que parece que esse não é teu tipo de bebida. - sorrio e derramo o líquido em dois copos.
—E qual parece ser meu tipo de bebida? - corto alguns limões pra colocar nos copos.
—Whisky, vodka, cerveja... - ela pensa um pouco. - gim? - balanço a cabeça positivamente.
—Todas elas, cê sabe que eu não sou fã de repetir dose. - Marília pega o limão que eu havia cortado e me encara.
—Então você não repete nenhuma dose? - seu tom soa inocente, mas seu olhar é totalmente o oposto disso.
—Depende. - falo observando ela chupar o limão de forma sensual, como se aquilo nem fosse azedo. Ela pega um dos copos, dando um gole na bebida sem tirar os olhos dos meus.
—Do quê? - foi ela que disse que devíamos fazer tudo o que a gente quisesse sem medo e eu com certeza quero repetir essa dose.
Em questão de segundos estávamos nos beijando louca e intensamente. Suas mãos estavam enrascadas em meus cabelos, e as minhas trassavam uma linha imaginaria por seu corpo e a outra colocava uma leve pressão na coxa dela.
O ar se faz nescessário entre nós e nos separamos. Ela pega o copo que havia deixado de lado e da outro gole, como se nada tivesse acontecido.
—Não mexe com coração que tá quieto, Marília. - ela sorri de lado e segura meu queixo aproximando nossos rostos.
—Se não o que? - decido parar de esconder e confessar o que eu sentia.
—Se não eu me apaixono mais do que eu já estou. - ela me olha surpresa e se afasta um pouco de mim, me deixando nervoso de novo, achando que eu não deveria ter dito isso.
—Por que não me disse antes?
—Eu não queria te perder. - ela sorri e coloca as mãos em minha nuca fazendo um carinho em meu rosto com os polegares.
—E você não ia e nem vai. - ela desce uma das mãos e brinca com minha barba. - Eu também tô apaixonada por você, Ricelly.
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Aconteceu finalmente!!!! Tudo bem que já tinha "acontecido" a um tempo atrás, mas acho que agora é diferente, né?
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Fantasma
FanfictionDepois de um simples reencontro, as relações de "amizade" que Marília Mendonça acreditava ter mudam. Até porque, ela acreditava, mas não queria que continuasse daquele jeito. Mas quando os sentimentos começam a entrar em conflito entre si, e novos c...