6 | vinho, clichê e reencontro

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Lily estava com a taça de vinho na mão em meio as milhares de caixas da mudança. Não havia tido tempo de organizar tudo. Não havia tido Dorcas para organizar tudo. Dorcas havia entrado para o grupo após se casar com Emme e era uma organizadora por profissão. Perfeita, mas sincera e honesta demais e Lily não podia ouvir verdades nenhuma no momento.

Seja como fosse, lá estava ela com a taça de vinho na mão e da forma mais clichê do mundo olhando para a bancada com os lírios e o porta retrato. Ambos do evento que havia acontecido naquela manhã. A única parte organizada de sua casa, aquela bancada de mármore branco, que tinha as taças de vinho de cristal e agora, seu passado, presente e futuro. Como se fosse combinado seu telefone tocou.

Na tela estava o nome dele, uma chamada de vídeo. Lily apenas atendeu sem pensar muito.

James apareceu na tela, parecia que tinha acabado de correr uma maratona e devia ter corrido, estava no parque.

- Ei, Lily, recebi uma mensagem da minha prima me destruindo pelas flores, então, achei melhor ligar para me desculpar.

- Ah sim, não importa! - Lily respondeu tentando fazer parecer que não importava. Só que importava e até demais.

- Certo. Não vou mais fazer isso. Eu prometo.

- Não prometa coisas que você não vai cumprir, Golden Boy.

A expressão que Lily usou para chamá-lo fez James se arrepiar e ele viu ela sorrir ao perceber. Por que eles faziam isso? Por que não conseguiam se afastar de vez? Talvez os laços que construíram ao longo do tempo, independente da dor que causaram um ao outro fosse mais forte que qualquer coisa.

- Por que fazemos isso? - James perguntou sem olhar para a câmera.

- Não sei. - Lily respondeu bebendo outro gole de vinho. - Talvez fosse os clichês que perseguem as histórias mal contadas.

- Não somos uma história mal contada. Somos idiotas, mas contamos uma história. - James respondeu e ela apenas o encarou. - Enfim, Remus chega amanhã com Tonks e Ted. Queria saber se quer almoça conosco?

- Não sei se isso vai pegar bem, né? Com a sua esposa, com a mídia e os paparazzis.

- Ah, pare, sabe que eu deixei de me importar a muitos anos sobre o que escrevem de mim. - James respondeu sério.

- Ok. Me manda o endereço depois. - Lily disse finalizando a conversa.

- Lily, eu sinto muito. - James disse olhando para ela.

- Você vai ter que parar de dizer isso um dia.

- Eu sei, mas não vai ser hoje.

Após desligar, Lily encheu mais uma taça e começou a organizar seu closet.

Na manhã seguinte, James trocou de roupa algumas vezes, terminando com uma camiseta branca e uma jaqueta de couro preta e uma calça jeans com um tênis. Os óculos aviador e o boné escondiam a identidade de forma bem precária.

Ao chegar no aeroporto James os viu desembarcando, Tonks e seu cabelo roxo vibrante, Teddy era a cópia idêntica de Remus aos 10 anos, mas ao ver o amigo de cabelos castanhos e olhos verdes que as lágrimas rolaram através da face de James .

James e Remus se abraçaram. Remus apenas sussurou.

- Desculpe por demorar voltar para a casa, Pontas, você precisou de mim.

- Obrigada por voltar agora, Aluado.

Depois de todos os abraços realizados e de Remus e Tonks deixarem a bagagem na casa deles no mesmo condomínio dos amigos. Foram almoçar.

Teddy abraçou Lily imediatamente, ao lado de James, ela a madrinha dele. Lily estava com um vestido vermelho de cetim coberto por uma jaqueta preta até a cintura e botas.

- Então, vocês se falam ainda? - Tonks que era a que menos sabia de toda a história perguntou para a Lily sem maldade.

Lily sorriu sem graça. Não tinha como explicar isso, era uma completa loucura para qualquer um que não tivesse acompanhado casa passo ou que não os conhecesse desde 11 anos como Remus.

- Sim, nunca deixamos de nos falar na realidade. - Ela respondeu sorrindo.

- Os laços de vocês são incrivelmente fortes. É como mágica. Não conheço ninguém que ainda tivesse essa ligação depois de tudo que vocês passaram. - Tonks percebeu o rosto de Lily mudar, ela tinha esse problema, ela falava demais. - Eu não queria te magoar, mas vocês são como mágica.

- Ou como uma maldição.

Lily respondeu olhando para James rir para Remus. Aquele sorriso era uma maldição.

Para alguns era mágica.

Para ela uma maldição.

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