20 | Visitando Thomas

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Lily começou a ir ali todos os anos desde que voltou dos Estados Unidos. Levava flores, presentes. O filho havia sido enterrado ali após a cremação. Era um jardim lindo. Reservado. Ela sempre deixava rosas brancas para Thomas e contava como estava a sua vida. Também observava que nos aniversário dele sempre havia lírios na lápide branca que estava gravada:

Thomas Sirius Potter
Blackbird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
All your life
You were only waiting for this moment to be free

Blackbird, dos Beatles. Lily sabia que era a banda favorita de James e que ele havia cantado essa música no funeral. Mas ela jamais o encontrava ali. Nunca se esbarraram exatamente ali.

Quando voltou para a Inglaterra, ela o via nas machetes. Sempre bêbado, sempre com mulheres. Um verdadeiro badboy. As vezes ela ficava com vergonha, mas na maioria das vezes, ela estava preocupada.

O único momento em que ela o via completamente sóbrio era nos palcos. Isso era a vida dele realmente. Aquilo que ele mais levava a sério. Lily desconfiava que James fez da vida uma grande obra de ficção e única coisa que era ainda real eram as músicas.

Foi quando os pais dele morreram que ela o viu novamente. No funeral imenso. Lily o viu. Ele estava de óculos escuros e acompanhado por Sirius. Remus já não estava mais lá. Já tinha partido.

Lily se aproximou e ele tirou os óculos. As olheiras, o rosto magro. Na televisão e na realidade foram anos de autodestruição. A barba sem fazer, o olhar triste.

- Eu sinto muito, James. - Lily disse olhando para ele.

Ele apenas a encarou. Magoado e ressentido. Lily entendeu, não achava justo, mas entendeu. Então, não prosseguiu com o assunto.

As cinzas dos pais dele foram jogadas no mesmo jardim de Thomas e James a viu de longe. Não podia ir até ela e sequer tinha forças para isso. Nunca pode ser um pai e agora nem era mais um filho.

Não era nada para ninguém. Ele pensou, mas quando Sirius o abraçou pelo ombro ele respirou.

Ainda era um irmão.

Pelo menos isso.

Lily ficou ali conversando com Thomas quando Marlene se aproximou.

- Eu sempre trago os lírios que ele pede. - Ela disse observando Lily.

- Ele não vem? - Lily perguntou sem encara-la.

- Ele vinha. Mas um dia viu você ao longe e decidiu que você era melhor para o Thomas. Ele quase nunca estava sóbrio. - Marlene disse séria.

- Acho que ele nunca está sóbrio a alguns anos. - Lily disse sem pensar. Marlene era sua amiga, mas ela da família de James.

- Hoje ele está. Mas está com dois comprimidos de calmante no bolso. - Ela respondeu a Lily. - Quem pode julgá-lo afinal? - Lily compreendeu o que ela queria dizer. A vida foi cruel com todos eles.

- Parabéns pelo bebê. - Lily se lembrou de dizer.

- Victoria. - Marlene disse sorrindo. - Obrigada, Lily. Eu te chamaria para ser a madrinha dela, mas não sei se gostaria de saber que James é o padrinho dela.

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