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midnight memories

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midnight memories

— Papai, me conta a lenda das constelações? — A garotinha de seis anos pediu, enrolada na grande coberta com desenhos de fadas. — O senhor nunca me contou a de Quíron.

— Tudo bem, mas é a última de hoje. — O mais velho indicou com o dedo, vendo os cabelos castanhos se agitarem quando a mais nova concordou. — "Quíron era um centauro diferente dos demais. Conhecido por sua inteligência e sabedoria, destacando-se de seus semelhantes. Era dedicado, estudioso, responsável e talentoso. Além de exímio conhecedor da medicina, sendo mestre de Hércules e Asclépio, o deus da saúde. Em consideração aos ilustres serviços prestados aos deuses, foi colocado no céu como a constelação de Sagitário."

Faith sempre foi uma criança apaixonada pelo céu, gostava de roubar o binóculo do pai para tentar vê-las de perto e ouvir suas histórias sobre como o universo e as estrelas eram formadas. Uma de suas lendas favoritas era aquela criada pelos índios da Amazônia, sobre as crianças que subiram aos céus atrás de um beija-flor. Por muitos anos, a pequena garotinha ansiou viver uma aventura como aquela, tamanha era sua paixão. Todas as noites, Dale entrava em seu quarto com um copo de leite quente e uma bala de morango, ele lhe palavra sobre quão vasto o universo era e quão raro e belo era o fato de eles existirem. Com ele, Faith desvendou o infinito e se tornou tão corajosa quanto as estrelas.

— Mas nada disso importa, minha menininha. — Ele sorriu, fazendo um cafuné rápido na filha. — O universo foi feito apenas para que seus olhos pudessem o apreciar. E ele brilha muita mais quando refletido em seus olhos.

— Acha que um dia eu posso me tornar uma estrela? — Ela sussurrou, como se aquilo não pudesse ser dito.

— Mas é claro, será tão brilhante quanto Sirius. — Os olhinhos verdes duplicaram de tamanho, brilhando com a ansiedade. — Gosta de Sirius?

— Sim, papai essa não é apenas a estrela mais brilhante de sua constelação, é a mais brilhante de todo o céu noturno! —  Faith pulou, se ajoelhando na cama bem ao lado do velho. — Mas eu não posso, Sirius é muito importante na história. O senhor devia ser.

— E pro que eu deveria? —  O homem riu, vendo a menina revirar os olhos como se fosse uma pergunta muito óbvia. —  O que?

—  O senhor é brilhante e guia as pessoas, papai. —  Ela sorriu, voltando a deitar. —  Eu te amo. — Piscou, bocejando em seguida.

Faith era muito nova e apesar de conhecer muito sobre as lendas envolvendo a criação do céu e as estrelas, não compreendia o significado da morte e a apreciava com ingenuidade. Ela era o tipo de criança que iluminava cada cantinho por onde passava, com o sorriso grande nos lábios enquanto ajudava a vizinha a cuidar dos seus milhares de gatos ou até dando bom dia para o carteiro. A morena era amável e em seu aniversário de doze anos, pós juntar algumas economias e roupar a carteira do pai para pegar os trocados da padaria, Faith comprou ao pai uma bela estrela que ficava perto de Sirius. "Eu não consegui comprar ela, não estava no catálogo, então peguei a mais próxima para o senhor não ficar só." Ela dizia, entregando o cartão com os dados da estrela, Dale costumava caçar a localização e admirar o presente eternizado de sua filha no céu.

The Guineα Pig (editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora