Crossed Lives

É uma sentença

Lauren's point of view

Meu Deus que barulho infernal é esse?

Minha cabeça estava rodando um pouco por conta do sono que praticamente dominava o meu corpo e com extrema dificuldade eu abri meus olhos, tentando adaptar minha visão enquanto a sensibilidade natural deles os impedia que fossem abertos de maneira correta. Cobri os olhos com a mão e procurei pelo meu celular que tocava insistentemente.

- Alô? – falei com dificuldade e Camila se mexeu ao meu lado, ainda estava dormindo por ser muito cedo da manhã.

- Doutora Jauregui? – confirmei com um som nasal – Me chamo William Howard. Será que pode vir no oitavo distrito?

- Está na sala de interrogatório? – o cliente em potencial me respondeu com um simples sim – Qual é a acusação?

O homem me respondeu brevemente que se tratava de um atropelamento onde ele fugiu do local por medo de retaliação e quando o respondi que estaria na delegacia em mais ou menos uma hora, eu já estava recolhendo minha toalha para tomar banho. Desliguei a chamada e vi de soslaio Camila se sentar na cama.

- Onde vai?

- Na delegacia, mas é coisa simples então não devo passar muito do horário de almoço – entrei no banheiro e escutei os passos da Camila atrás de mim, ela reclamava de algo que eu não consegui identificar devido ao barulho do chuveiro – O que disse? – perguntei quando ela chegou no mesmo ambiente que eu estava.

- Mas hoje é sábado.

- Pois é, as pessoas não tiram folga de cometer crimes nem aos finais de semana – respondi de forma debochada e Camila se afastou bufando, me fazendo rir.

Terminei de tomar banho e fui direto para o closet escolher o que eu usaria. Acabei optando pela simplicidade, escolhendo uma calça flare social na cor preta e uma regata social branca. Nos pés, coloquei um salto fino também preto e completei toda a simplicidade com acessórios básicos, como um colar delicado, algumas pulseiras e brinco de argola. Fiz uma maquiagem rápida apenas para corrigir as olheiras, passei perfume e mantive meu cabelo em seu formato naturalmente ondulado sem nem me dar ao trabalho de pentear. Peguei minha bolsa e tudo o que seria necessário para o trabalho e voltei para o quarto.

- Estou brava com você, mas está tão linda que eu perdi o foco – Camila confessou, me fazendo sorrir pelo elogio agradável.

- Se eu me atrasar demais para o almoço, te ligo avisando – ela balançou a cabeça positivamente e eu selei nossos lábios antes de me despedir em definitivo e sair para encontrar meu cliente na delegacia.

Cheguei na delegacia um pouco além do limite de uma hora que eu tinha dito ao senhor Howard e assim que adentrei o ambiente cercado por policiais da cidade de Chicago, solicitei a presença da autoridade responsável para que pudéssemos conversar e tomar ciência dos autos do inquérito policial. A conversa com o delegado foi breve e um dos policiais que estiveram na ocorrência me encaminhou para a sala de interrogatório onde o meu cliente estava para conversar de maneira reservada com ele.

- Bom dia! – cumprimentei quando fechei a porta atrás de mim e o rapaz que tinha seu rosto escondido pelas mãos me olhou. Seus olhos estavam vermelhos, assim como o seu nariz, indicando que ele estava chorando – Me conta o que aconteceu.

- Eu não o vi atravessar a rua. Estava escuro e o sinal estava verde, eu só continuei acelerando e não sei de onde ele surgiu, simplesmente apareceu na frente do meu carro e foi jogado para o alto – mais uma vez ele tampou o rosto, porém respirou fundo e voltou a me olhar – Sei que eu errei em não ter ficado, mas eu só sai do local e liguei para a emergência e para a polícia.