Camila woke up

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Lauren's point of view


Quatro meses, seis dias, 14 horas, 32 minutos e alguns míseros segundos. Todo esse tempo se passou desde que o acidente com Camila aconteceu e ela entrou em coma. Quatro horríveis meses que para mim mais pareciam quatro horríveis séculos.

Durante todos esses dias eu não pensei em outra coisa a não ser na saúde e no estado grave que Camila se encontrava, a minha mente parecia ter voltado aos meus 19 anos, onde eu vivia preocupada com a minha amiga de infância e então namorada por ela ter optado por uma vida que eu não queria participar, por mais que ela fosse a minha vida.

Quando o quadro de saúde da latina melhorou eu não conseguia esconder a minha felicidade dentro de mim. Colin não entendia o motivo da minha preocupação ser tão grande quanto a "garota que bateu no meu carro", como ele a gostava de chamar e honestamente eu preferi manter longe dos pensamentos dele a minha relação anterior com Camila, não estava preparada para ser julgada pelo meu marido por um dia ter sido lésbica.

Minhas visitas ao hospital para ver Camila se cessaram duas semanas depois que ela já estava internada, mas não deixei de manter meu celular sempre ligado para receber dos médicos e enfermeiras qualquer informação necessária, assim como também mantinha contato diário com Sinuhe para saber a quanto as coisas andavam.

10:15 da manhã, fazia muito frio em Chicago e apesar do grosso tecido do sobretudo que eu usava, da toca e das luvas eu ainda sentia correntes de arrepio percorrerem o meu corpo a cada vento que se chocava contra mim. Minha pele alva era um sinal claro de que a neve estava prestes a cair, por que minhas bochechas e o meu nariz estavam com a coloração vermelha. Sai do elevador do prédio onde meu escritório de advocacia ficava e ouvi meu celular tocando dentro da bolsa, comecei a tatear dentro dela em busca do aparelho estridente.

- Jauregui, você vai na audiência do Sr. Smith contra a esposa dele ou devo preparar uma procuração? - Dinah, uma das minhas advogadas me questionou assim que adentrei o local.

- Só um minuto Jane! - deslizei o slide do celular e atendi à ligação de número desconhecido - Alô?

- Lauren Jauregui?

- Sim, quem deseja?

- Bom dia, aqui é do Northwestern Memorial Hospital. Está com tempo para conversar? - a voz da mulher do outro lado da linha, possivelmente uma enfermeira, fez com que os meus batimentos cardíacos se acelerassem. Larguei a minha bolsa em cima da minha mesa e dedilhei minha cadeira até conseguir me sentar ali em segurança.

- Sim, pode dizer - minha voz já estava trêmula temendo o que viesse a seguir, o que chamou a atenção de minha amiga que estava plantada na frente da minha mesa, me fitando com curiosidade no olhar.

- O seu número estava na lista de contatos da paciente Karla Cabello e eu já liguei para a família dela informando. A paciente acordou hoje de madrugada, já passou por uma bateria de exames e já está apta a receber visitas.

- Posso ir que horas?

- O horário de visita é das 10 da manhã às 20 da noite, fique a vontade para vir quando puder.

- Obrigada pela ligação, muito obrigada mesmo!

- De nada Sra. Jauregui, tenha um bom dia.

Desliguei a ligação e virei minha cadeira para ficar de frente para Dinah, minha expressão provavelmente estava petrificada, pois a preocupação nos olhos da minha amiga era crescente, então decidi acalmá-la com minhas palavras, ainda que poucas.

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