Foi uma verdade difícil de engolir, saber de tudo o que a Karin fez para a nossa família pesou demais em meu coração, e por um momento cogitei a ideia de não a perdoar e manda-la embora, seria tão simples. Eu não precisaria encarar a verdade dolorosa que estava na minha frente: de que a mulher que eu considero minha irmã tentou ferrar com a família inteira. Mas não o fiz, continuei ouvindo até a última palavra que tinha para falar.
E no fim, só pude abraça-la, afinal, faz anos desde que isso aconteceu, nós já tínhamos superado a situação, a única coisa que poderia me impedir de perdoá-la seria ódio, mas que tipo de rancor eu poderia ter de uma pessoa que só queria voltar para a família?
Suspiro.
— Karin... — Ela estava visivelmente nervosa, com medo de ser rejeitada e, todos os seus planos de ter a família presente no casamento ir por água abaixo. — Não tem motivo nenhum para não te perdoar.
Seus olhos se encheram de lágrimas e, ao ser abraçada, todo o esforço que fez para evitar chorar foram em vão.
Mas ao contrário do que certamente imaginava inicialmente, chorava de felicidade.
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Quando cheguei em casa foi mais fácil do que pensei convencer meus pais a aceitar o convite para o casamento de Karin, o único comentário foi: "demorou para ela tomar vergonha e volta a falar com a família dela". Apesar dos comentários um pouco ácidos, minha mãe estava visivelmente feliz de poder participar desse momento da vida de Karin.
Acredito que todos nós estamos felizes de ter, depois de tanto tempo, a oportunidade de voltar a conviver como uma família, como fazíamos antes que eu fosse embora para o intercâmbio.
Daqui vinte dias teria o oficial reencontro dos Uzumakis, somente um evento desses para colocarem todos no mesmo lugar.
Até mesmo Nagato que nunca está parado no mesmo lugar confirmou presença na cerimônia, coisa que me pegou de surpresa.
Esse seria um grande dia. A ansiedade já tomava mesmo ainda estando razoavelmente distante.
E no momento tendo um "evento" mais urgente e importante da qual eu preciso me preocupar: a reunião com Sasuke, que vai decidir o futuro da minha empresa.
Dependendo do rumo da conversa eu posso sair daquela sala sem absolutamente nada e, conhecendo seu histórico, é possível que ao fim do dia não tenha nem a reputação intocável que construí com o passar dos anos.
Isso está sendo um problema que veem assombrando meus sonhos, tirando o meu sossego, afinal, mesmo que a transa casual com Sasuke não tenha nada a ver com as negociações, o medo de usa-las como arma ao fim do dia me assusta muito.
Mesmo acreditando que Sasuke não seria tão baixo e vil ao ponto de usar coisas como essa, porque para todos existe um limite, até mesmo para ele.
Passei a noite toda pensado nisso, nele, em como tudo mudaria depois de amanhã, para a relação estranha que existe entre nós e, em maior parte, para mim. Se eu perder tudo, o que farei? Passei a trabalhar para ele? Pegarei minhas coisas e iriei embora? Como vou recomeçar?
Não tenho resposta para nenhuma dessas perguntas, porque todas elas implicam em perder para Sasuke e não posso deixar que isso aconteça.
Quando amanheceu, minha cabeça doía.
A noite foi péssima, a pressão do acontecia hoje à tarde está claramente me matando, talvez não só a noite, mas a persona de Sasuke, ele todo é como um veneno que eu tomo um pouco a cada dia, mas ao invés de criar resistência está me matando lentamente.
Mas hoje é o único dia que não posso deixar isso transparecer no meu rosto, cansaço, a derrota. Então eu levantei, tomei um banho gelado, tomei um analgésico e me arrumei como não faço a tempos.
Depois de quase uma eternidade usei uma roupa azul. Minha mãe vive choramingando que eu deveria deixar o preto e o marrom de lado e usar mais roupas azuis, laranjas e vermelhas, disse que me destaco mais com elas. E, posso dizer que ela está certa.
Ao entrar no carro, eu senti pela primeira vez em tempos prazer em ir trabalhar, talvez o tom de competição que não existia desde a época que eu fazia estágio tenha me animado, o que é estranho já que no meu ramo estamos sempre competindo, tentando puxar o tapete uns dos outros a fim de ser o único no topo. Não aguentava mais isso, ter que estar atento a todo tempo, prestar atenção aos mínimos movimentos dos adversários.
Tenho 30 anos, mas o trabalho me fez sentir um idoso.
Porém essa ida até a empresa de Sasuke, a preparação, toda essa adrenalina correndo acelerada pelo meu corpo, me fez voltar a ter 20 anos, quando a única coisa que importava era superá-lo e depois zombá-lo por não ter conseguido me alcançar.
Eram tempos diferentes que, mesmo que tenham sido estressantes ao seu modo, me deixam saudades.
Enquanto dirigia não conseguia pensar em muita coisa. Sasuke me deixava ansioso, a reunião fazia minhas mãos tremerem, eu simplesmente não conseguia relaxar. Adrenalina, ansiedade, medo, excitação.
Todos esses sentimentos estavam misturados causando algo estranho do meu corpo.
Sentia que se eu vacilasse um passo poderia desmaiar de estresse.
Nada que eu não pudesse lidar.
Quando cheguei na sua empresa, me senti intimidado.
O local não era grandioso nem exalava uma aura pesada e poderosa, não era nada diferente do que eu já conhecia das empresas que eu visitava ou da minha mesmo. Mas acho que o fato de estar muito nervoso mudou toda a situação.
Porém não importa, de qualquer forma eu teria que estar ali uma hora ou outra, estou a dias me preparando para esse momento e simplesmente me recuso a falhar.
O único jeito de perder esse jogo é se Sasuke se revelar uma víbora. Não tenho nenhuma defesa armada para suportar seu bote.
Ao entrar na sala dele, nenhuma das inseguranças me acompanhavam.
— Ainda dá tempo de desistir. — É a primeira coisa que digo do entrar. Mantinha minhas mãos nos bolsos para que ele não as visse tremer e um sorriso sínico para que ele não notasse meu nervosismo.
— Prometi que te destruiria. — "Não sou do tipo de volta atrás nas minhas promessas". — Não sou do tipo de volta atrás nas minhas promessas.
Tive vontade de revirar os olhos. Quando éramos mais novos, fazendo aquele bendito estágio juntos, Sasuke vivia repetindo essa frase, como se fosse uma homem honrado e se orgulhasse disso. Ele era tão insuportável quanto os homens que falavam que o cavalheirismo não está morto, porque eles ainda existem, depois de tratar uma pessoa com o mínimo de respeito.
Eu achava ridículo e cômico, porque todos os outros aspectos dele provam que ele não é o homem honrado que essa frase pinta.
Há muito tempo Sasuke havia enterrado todos os seus valores, por isso que está onde está, por isso é manchete em tantas revistas de fofoca e talvez, por ser tão idiota, inconsequente e arrogante, que eu gostasse tanto dele.
Por isso, no fundo da minha mente, eu peço que ele prove que eu e todas aquelas notícias com seu nome estampado, estejam erradas.
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Homens de Negócio [em revisão]
FanfictionSasuke tem uma péssima fama na cidade inteira, no estado inteiro e talvez o país todo o deteste. Mas fez dessa péssima reputação a escada que o levou ao sucesso, ergueu um império desejado por milhões e se orgulhava disso. Ele foi o único Uchiha a t...