Algo novo

03. Aprendendo

Seria razoável pensar que Ohm deveria estar se sentindo cansado desde que precisava lidar com o trabalho na empresa e as aulas de inglês depois do horário de trabalho, mas a verdade é que ele não se sentia tão estimulado há muito tempo.  Ele se dava bem com a equipe que viajaria com ele para a nova filial em Nova York, e as reuniões transcorriam em um ritmo tranquilo e produtivo.

Ohm sempre fora do tipo que trabalha horas extras só porque não tinha mais nada para fazer. Na verdade, não era incomum para ele acordar no meio da noite e fazer algum trabalho só porque sua mente não tinha nada melhor para se concentrar. No entanto, desde que conhecera Fluke, ele ansiava por uma boa noite de sono porque encontrava o menino lá, e embora o conteúdo de seus sonhos fosse o mais puro possível, na maioria das vezes concentrava-se no tom sedoso de sua voz ou em seu sorriso lindo, ele também não podia deixar de se deixar levar em alguns deles. Afinal, desde que viu as pernas esguias de Fluke à vista de todos, ele ficou meio enfeitiçado por elas.

Mas antes mesmo de chegar em casa para sonhar com Fluke, Ohm tinha outra atividade ainda melhor: encontrar pessoalmente o protagonista de seus sonhos.

O homem havia se acostumado a trazer roupas casuais para o escritório depois do fiasco da primeira aula. Ele havia parado em uma loja de roupas e a pessoa que o atendeu disse que era normal os alunos usarem roupas confortáveis ​​e simples para frequentar um curso de idiomas. Foi por isso que Ohm seguiu o conselho e comprou uma camisa branca simples e calça de moletom, mas se arrependeu amargamente ao ver seu professor vestido como uma modelo de capa de revista. Desde então, ele acordava ainda mais cedo e vasculhava seu próprio armário e com a ajuda do Google, roupas que não o fariam parecer desleixado na frente de sua paixão.

"Professor! Ele é meu professor!", Ohm se repreendeu enquanto tentava decidir se deveria usar um cinto marrom ou preto com a calça xadrez. "Por que isso é tão difícil?", ele reclamou para si mesmo.

Mas a verdade é que Ohm se sentia um pouco confuso com tudo isso. Ele queria fazer algo sobre sua paixão por Fluke, mas, ao mesmo tempo, sua mente continuava funcionando como um relógio barulhento.

"Não adianta, já que vou me mudar daqui a alguns meses, né?", perguntou ao reflexo no espelho que parecia zombar de si mesmo.

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Em sua pressa de chegar logo à escola de idiomas, Ohm chegou cedo para suas aulas e Fluke ainda estava ocupado ensinando sua classe regular. Para sua infelicidade, os pais das crianças já esperavam no hall de entrada que as crianças saíssem e fofocavam entre si. Infelizmente, não discretamente.

"Ele é tão bonito, você não acha?", uma senhora de vestido preto perguntou a outra sentada ao lado dela.

"Eu me pergunto se ele é o pai de alguma das crianças matriculadas aqui...", respondeu a mulher.

"Ouvi dizer que ele está esperando pelo Sr. Fluke!", uma terceira entrou na conversa, fazendo com que as outras duas abrissem a boca surpresas e olhassem para Ohm de maneira nada sutil.

Por sua vez, Ohm estava prestes a encontrar uma saída dali, mesmo que tivesse que se trancar no banheiro, até que Fluke estivesse disponível, mas logo o próprio homem saiu da sala de aula acompanhado das crianças que se agarravam a ele, exigindo um pouco mais de sua atenção antes de se despedirem, o sorriso estampado no rosto do professor.

"Oh, Ohm! Você está aqui!", Fluke disse surpreso enquanto o outro se levantava de sua cadeira de forma envergonhada, sem saber se estenderia a mão para cumprimentá-lo ou apenas dizer "oi", preferindo coçar o parte de trás da cabeça e sorrir o mais espontaneamente possível.