O dia está um verdadeiro caos.

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Any Gabrielly Pov

Escuto o despertador tocar, mas não me movo, o sono é tão grande que me mantenho deitada por uns minutos, porém o despertador toca pela segunda vez, o que me impulsiona a levantar. Faço minhas higienes, me arrumo, e desço para tomar meu café.

É um dia ensolarado em Curitiba, e está muito frio. Termino de tomar meu café, e visto meu casaco, pego minha bolsa, as chaves de casa, saindo e trancando a porta logo em seguida. E por fim estou a caminho do hospital.

Eu atuo como enfermeira nesse hospital, e eu amo muito minha profissão. Amo muito cuidar de pessoas. Desde pequena sempre foi esse meu sonho. Ser enfermeira. E hoje com 28 anos, sou formada, domino a minha área, tenho uma casa própria e sou dona da minha própria vida. Sou exatamente o que sempre sonhei. Mas tive que batalhar muito para chegar até aqui.

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O plantão hoje está um caos instalado. Todo tipo de intercorrência que imaginar, aconteceu hoje. Já estava quase pra acabar o plantão recebo uma ligação da minha mãe.

Ligação on:

— Oii Mãe, tudo bem?

— Oii Any, eu preciso que você venha aqui em casa hoje.

— Porquê? Aconteceu alguma coisa? - ouço um pigarreio

— Não aconteceu nada, é que - ouço ela suspirar — Eu quero... — ela pausa, e logo continuou — Eu só quero te ver. — se eu não conhecesse bem a minha mãe, acharia isso normal, porém sinto um tom de preocupação.

— Está bem mãe, assim que encerrar o plantão, vou aí — Ela suspira, eu enrrugo a testa achando aquela atitude muito estranha, mas decidi deixar pra lá e continuo — Você faz lasanha, por favor?

— Faço sim filha, até mais tarde, te amo.

Ligação off

Ela desliga, eu não consigo assimilar aquela ligação pois um médico me chama para outra intercorrência naquele pronto atendimento.

Eu estou acostumada a ter vários perrengues no plantão, porém, hoje está fora do normal. Atendi uma criança engasgada, que evoluiu para uma parada cardiorrespiratória, e que infelizmente não conseguimos salvar.

Um senhor que teve uma queda, e fraturou o fêmur, que evoluiu para um TEP (Tromboembolismo Pulmonar) e teve que ser entubado, subimos às pressas com ele pra UTI.

Hoje estava literalmente um caos. Mas finalmente o plantão acabou. Eu estou no vestiário me trocando, quando me deparo com o Dr Gabriel me olhando.

— Precisa de alguma coisa Doutor? — falo já terminando de me arrumar e pegando minha bolsa.

— É, eu, queria — ele faz uma pausa e seu rosto tem uma feição de desespero, o que me causa uma vontade de rir, mas me contenho e ele dá uma tossida e continua — Eu quero te convidar pra Jantar.

Dou um sorriso sem mostrar os dentes, ele parece tão nervoso, que a impressão que dá, é que ele queria fazer esse pedido a muito tempo, chego mais perto dele.

— Eu aceito, Gabriel. Mas hoje eu não posso, podemos marcar pra outro dia? — ele abre um sorriso, e que sorriso lindo.

— Está bem, Any. Me avise quando estiver disponível!

Gabriel pisca pra mim, saindo do vestiário logo em seguida.
Gabriel é doutor cardíaco, e Emergencista aqui no Pronto Atendimento. Peguei um carinho muito grande por ele. E acho até que sinto algo a mais. Ele me causa arrepios que nunca senti com ninguém, e parece que ele sente o mesmo por mim. E isso é muito bom, o sentimento ser recíproco.

Já estou na saída do hospital, esperando o Uber, quando recebo mais uma ligação da minha mãe, mas quando eu ia atender, o carro para na minha frente, verifico a placa, e vejo que está tudo certo, e entro no carro, recusando a chamada e fechando a porta logo em seguida.

— Boa noite - um homem que aparenta ter seus 40 e poucos anos fala, tentando ser simpático.

— Boa noite, tudo bem? - falo e olho pra tela do celular, mandando uma msg pra minha mãe explicando do porque que eu não atendi o celular.

— Tudo ótimo menina, e você? Estava trabalhando? - tiro o olho da tela do celular e olho pro senhor na minha frente, e percebo que ele olha pelo retrovisor quando paramos no farol.

— Estou ótima também, obrigada por perguntar. Estava trabalhando sim. Hoje foi cansativo, teve muitas intercorrências - falo empolgada em desabafar, o farol abre - Eu estou precisando muito de um descanso - guardo o celular na bolsa após enviar a msg pra minha mãe.

— Então está indo pra casa? - essa pergunta me deixa estranha, mas deixo passar esse sentimento.

— Não. Vou pra casa da minha mãe. E o senhor, vai trabalhar até que horas? - pergunto mas no automático.

— Até agora - o seu tom é um pouco assustador - A sua viagem é minha última do dia - ele vira o pescoço pra olhar pra mim, e vejo um sorriso estranho. Mas tento ignorar esses meus pensamentos. Às vezes eu penso demais.

— Que legal, você também vai descansar então.

Falo tentando ser simpática, mas eu não conseguia evitar o frio na barriga que estava me causando aquela conversa. Percebo que ele fica calado por uns minutos, e então pego meu celular para mandar minha localização para minha mãe, mas o carro balança muito que meu celular cai no chão.

— Desculpa, acho que não vi o buraco.

Seu olhar nem se move ao falar comigo, parece estar olhando tão fixo. Abaixo pra pegar meu celular, mas percebo um vidro subindo pelo chão, que separa o banco da frente com o banco de trás. Por fim consigo alcançar o celular. O vidro está totalmente grudado no teto agora, e o senhor está muito estranho, com uma cara tão séria, e com aquele olhar fixo à sua frente.

Começo a sentir uma tontura, e com dificuldade deslizo para desbloquear meu celular, aquela tontura parece aumentar cada vez mais, abro a msg da minha mãe, aperto pra mandar minha localização, e em seguida sinto minha vista ficando escura, parecia um sono muito forte, e vai se apagando tudo em minha volta, minha cabeça se choca com o banco, e eu apago totalmente.

O que acharam do primeiro Capítulo?
Eu ainda estou aprendendo a mexer aqui, então me desculpem por algum erro 😚

PrisioneiraOnde histórias criam vida. Descubra agora