Any Gabrielly Pov
Está nublado e a rua está vazia, avisto a minha mãe passando e vou até ela, mas quanto mais eu chego perto, mais ela se distancia. Estranho aquela atitude, mas continuo andando para alcançá-la, ela começa a correr, e então eu corro junto. Por um instante eu perco ela. Não a vejo em lugar algum.
— Mãe? MÃE? - grito bem alto, mas de nada adianta, um silêncio ensurdecedor invade o local. Onde será que está a minha mãe, e porque ela está fugindo assim de mim - MÃÃÃÃÃÃEEEE - grito mais alto, mas sem sucesso. Olho em volta, e não reconheço aquele local, corro até um supermercado, adentro, mas não tem ninguém ali também. Será que é o fim do mundo, e sobrou só eu, lágrimas escorrem pelo meu rosto. Eu só queria o colo da minha mãe.
Finalmente eu avisto uma pessoa, chego mais perto e percebo ser o homem que me estuprou, corro para longe dele, mas esbarro em alguém, o que me faz cair no chão, e era ele, o homem que me violou denovo. Ele está me olhando fixamente, com um sorriso largo no rosto. Esse sorriso é de dar muito medo. Me levanto rápido, e tento correr, mas sou impedida, ele me segura firme e me vira pra ele, e começa a tirar a minha roupa.
— Me solta, Me solta, ME SOLTAAAAAAAAAAAAAAAA - levanto com tudo, e vejo que aquilo foi só um pesadelo, e então percebo que estou em uma CELA?
Aonde será que eu estou? Aonde foi que me meti? Minha mãe deve estar muito preocupada comigo. Quanto tempo será que passou? Olho ao redor, e sinto uma tristeza tão grande. Esse lugar é tão feio e escuro. Um choro invade forte, um soluço instantâneo tem como forma de tentar acabar com meu sofrimento, mas é impossível. Abraço meu próprio corpo, ainda sentada na cama. Não acredito que está acontecendo isso comigo. Minha vida que era tão perfeita, eu era tão bem sucedida. Sinto tanta falta das minhas coisas. Por que comigo? Por que? Oh Meu Deus!!
Algo me chama atenção. Eu estou com a calça do avesso. Levanto e retiro a mesma, e percebo que alguém mexeu em mim. O choro se aperta. Aquele cara nojento deve ter passado por aqui. Fico estática ao pensar nisso, olho fixo para a parede na minha frente, tentando não pensar nisso. Faço isso por uns minutos, até que uma voz me tira do transe.
— Me solta, me larga, eu não vou a lugar nenhum - a voz é feminina, fico em silêncio, para ouvir melhor.
— Cala a porra da Boca, sua puta - voz feminina denovo, mas essa voz é conhecida, parece a voz da mulher do avião - Da aqui pra mim que eu faço - a segunda voz feminina continua falando.
— Não faz isso, por favor, não, eu coopero, juu... - e um silêncio exala. Parece que fizeram alguma coisa com a moça.
— Agora levem ela pra van, logo, que já estão esperando - a voz feminina do avião interrompe o silêncio - Faz tudo certo dessa vez - ouço uma porta batendo e o silêncio exalar novamente.
O que é esse lugar? Que loucura. Para onde será que levaram aquela mulher. Seco meu rosto que estava todo molhado de lágrimas, vou até a pia e lavo o rosto, secando na minha blusa, que estava nojenta aliás. Percebo que sai algo vermelho da minha cabeça, olho melhor e é sangue. Então lembro que aquele cara nojento me fez bater o rosto no carro. Eu preciso sair daqui. E aí que eu percebo que todos falavam em inglês???? Como eu não prestei atenção? Em que país eu estou?
— Alguém pode me ouvir?? - grito em inglês e fico em silêncio para ver se tinha mais alguém ali.
— Se eu fosse você ficava quietinha, eles escutam a gente, e se ficarmos gritando demais, eles vem aqui e você não vai querer saber qual é o castigo - uma voz soa no ar, e uma sensação de alívio me invade. Pelo menos não estou sozinha - Você está aí ainda?? - eu me desperto e respondo.
— Estou, estou. É, é... como é seu nome? - me aproximo da grade.
— Me chamo Beatriz, e você? Como se chama? - me encosto mais na grade.
— Me chamo Any. A quanto tempo você está presa aqui? - tento ver se consigo enchegar alguma coisa, mais sem sucesso.
— Eu não sei, perdi totalmente a noção de tempo. Acho que mais ou menos 1 ano - me afasto da grade incrédula, e fico tentando assimilar aquilo que acabo de ouvir - Você está aí ainda? Me responde.
— E ... Estou aqui. É muito tempo Bea, posso te chamar assim? - sento no chão, e abraço o meu joelho.
— Pode sim Any. É muito tempo mesmo. As meninas que chegaram depois de mim, já foram embora, e eu ainda estou aqui. - levanto o rosto ao ouvir. Isso seria bom ou ruim? O que ela quer dizer? Eles devem ter matado as outras, ou pegados seus órgãos. - Any? - saio dos meus devaneios.
— Oi.. é muito estranho. Você sabe o que aconteceu com as outras meninas?
— Eu tenho teorias. Uma delas é que foram vendidas. Essa é mais sensata. Até porque meu sangue é tipo O positivo, que é o sangue universal, então se fosse tráfico de órgão, eu já tinha ido para o saco a muito tempo - levanto e me aproximo da grade.
— Faz sentido a sua teoria, Bea. Só que o porque você não foi vendida ainda? - ela dá uma pausa, e demora a me responder.
— Talvez seja porque eu estou grávida? - escuto sua risada nervosa - Talvez não queiram uma grávida enorme. - Grávida, meu Deus.
— Você veio para cá grávida? - falo em espanto, me levanto me encostando na grade.
— Não, eu engravidei aqui mesmo, de um nojento, argh. Ele me estuprou, várias vezes, e acabou me engravidando. Na verdade, parece que ele estuprou mais algumas mulheres, porém a única azarada aqui engravidou.
— Poxa, sinto muito por você - abaixo minha cabeça, encostando na grade e escuto ela suspirar.
— Tudo bem, Any, eu já aceitei meu destino - escuto ela pegar na grade - e já estou conformada que esse bebê não vai ser meu, não quero ele.
— Como consegue? É seu sangue. Eu não suportaria - uma lágrima já ameaça cair.
— Any, esse bebê não é meu. Eu quero mesmo que ele seja feliz, comigo ele não será, eu não o amo - essas palavras me cortam o coração. Escuto ela tossir - Mas vamos mudar de assunto. Seu inglês tem um sotaque diferente, de onde você é? Do México? Da Espanha? - tagarela.
— Eu sou do Brasil, sou brasileira. E você? De onde você é?
— Oh, legal, meu sonho era conhecer o Rio de Janeiro sabia - escuto seus passos - eu sou do Reino Unido. Eu era modelo. Uma ótima modelo. Fui capa de várias revistas - sinto sua voz enbargada, mas logo ela pigarreia e continua - então Any, e você? Qual era sua profissão?
— Minha profissão É Enfermeira, eu ainda sou enfermeira - digo essa última frase para mim mesma - Você já tentou sair daqui? - olho para o nada procurando resposta, mas tudo o que eu ouço é um silêncio, e logo em seguida a porta se abrindo, vejo um gás se espalhando, e um sono me invade, tento abrir os olhos, mais é impossível, ele fecha instantaneamente, chego perto da cama e deito, dormindo logo em seguida.
Demorei pra postar, mas está aí, espero que gostem 🤟🏼
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Prisioneira
ФанфикAny Gabrielly é uma mulher com 28 anos, que trabalha em um hospital, e tem sua vida rotineira, de casa para o trabalho e do trabalho para a casa. Porém em um dia isso muda totalmente! Ela é sequestrada, e ela se vê em perigo, com medo do que pode ac...