━━ ℍ𝕚𝕣𝕒𝕖𝕥𝕙 ❈ 𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞 𝐀𝐧𝐢𝐦𝐞𝐬

𝟘𝟜: 𝑂𝑏𝑖𝑡𝑜 𝑈𝑐ℎ𝑖ℎ𝑎

Aviso: menções a conteúdo sexual, violência consensual.

Esse imagine tem mais o pique de um conto.
É um tanto diferente do que eu costumo escrever, mas ele tem um lugar especial no meu coração e espero que gostem. 💜

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Ao voltar o olhar para cima em mais uma manhã, Obito sentiu um pingo d'água cair em seu rosto. O céu estava escuro em mesclas de cinza e ao virar-se para o horizonte viu os flashes e ouviu os rangidos altos dos trovões ao longe. A tempestade não demoraria a chegar onde estavam, mas mesmo assim continuou com seu afazer.

Cuidar do campo árido junto de seu pai não era uma tarefa fácil, ainda mais naqueles tempos sombrios em que o povo vivia. O rei estava cada vez mais velho e insano, descontando sua tirania desmedida na população daquele pequeno vilarejo ao norte, que parecia ter sido esquecido pelos deuses. Nos tempos dourados do rei, Konoha prosperava como o mesmo; mas agora, a Vila definhava junto de seu Senhor.

Assim que o som dos trovões ficou mais intenso, seu pai mandou que o seguisse no rumo de casa, mesmo que esta não ficasse muito longe, enquanto o moreno praguejava internamente; detestava o tempo chuvoso e úmido.

Há semanas a seca intensa vinha prejudicando e maltratando a plantação de hortaliças – mas quando finalmente a chuva chegou, ao invés de trazer consigo uma nova esperança trouxe pânico: parecia mais um dilúvio, um castigo.

Na manhã seguinte, antes mesmo de levantar, Obito ouvia a discussão de seus pais lá fora. Quando criou a coragem necessária para sair da cama e andar até o campo, os viu em completo desespero, principalmente sua mãe.

Eles catavam algumas das poucas hortaliças que restaram; a maioria havia sido levada pela chuva, e o que restou estava em poças d'água. Nabos, alfaces, cenouras, beterrabas e repolhos, todos espalhados fora de seus lugares, destruídos pelo temporal da noite que se passou.

A mãe dele, Baru, levou a mão à cabeça em um gesto de descrença e desespero; estavam perdidos, pensava ela. Enquanto seu pai foi para o centro do Vilarejo em busca de algum auxílio para sua situação, Obito e Baru permaneceram em casa, contabilizando os prejuízos.

Como a distância era um tanto longa, o homem deixou avisado que era possível que não retornasse no mesmo dia. E assim foi.

Naquela fria noite após a tempestade, Obito deitou-se para dormir, mas sua mente não permitiu que relaxasse o suficiente para descansar. A preocupação o dominava, não sabia o que esperar dos próximos meses, do próximo ano.

Quando fechou os olhos, não saberia dizer em que momento dormiu, ou se estava realmente dormindo. Só sentiu-se sendo guiado para outro lugar através de uma luz pálida. Ao abrir os olhos, viu a imensidão branca ao seu redor. Tudo o que conseguia ver era neve. Mesmo que ainda não estivessem no período do inverno.

Tal fato o deixou confuso, mas não mais do que não reconhecer o lugar onde se encontrava. Olhou para os lados, não havia nada além de algumas árvores cobertas de gelo. Conseguia sentir o frio penetrando seus sapatos e gelando as extremidades de seus pés, assim como o sentia na ponta de seus dedos das mãos e nariz. Aos poucos seu corpo todo foi começando a tremer.

Ele deu alguns passos em direção às árvores, mas viu que não conseguiria chegar até lá pois seus pés afundavam na neve. Quando virou seu corpo para tentar voltar à posição inicial, deu de cara com uma mulher. Ela era alta e trajava um vestido de seda com mangas longas, todo florido de miúdas pétalas. Um arrepio percorreu toda a extensão da pele de Obito, e ele sabia que não era por causa do ar gelado.