You All Over Me - Flagui

POV Guilherme

Guilherme chegou mais cedo na clínica no dia seguinte. Emanava felicidade e animação. Reuniu sua equipe, como tinha prometido à Flávia, e propôs a ala infantil. A sugestão foi um sucesso e todos embarcaram nesse novo projeto.

Ele aproveitou para adiantar seus compromissos do dia e limpar sua agenda o mais rápido possível. Isto é, se as lembranças da noite anterior permitissem. Sempre se pegava sonhando acordado com os trechos do jantar.

Ninguém nunca reparou nele antes. Tirando a sua alma gêmea que gravou pequenas informações de anos atrás. Mas isso ele também fazia, logo, imaginava que fosse algo comum. Até com Rose, foi ele que reparou nela.

Agora, alguém montar uma mini operação só para fazê-lo sorrir? Isso era novidade, uma que esquentava o seu coração. Pensou no cuidado semelhante que sua alma gêmea também teve com seu novo companheiro. Homem de sorte. Podia ter sido ele...

Balançou a cabeça para afugentar tais pensamentos antes que começasse a gastura no estômago. Levantou-se e dirigiu-se até o piano. Dedilhou as notas da música que Flávia cantou ontem. Fascinação. Riu baixinho, pois era assim que se sentia por ela: completamente fascinado e entregue.

Tudo nela era viciante. Sua voz, seu cheiro, seu toque, seu carinho, seu gosto. Guilherme apertou as mãos para conter a onda forte de desejo que perpassou seu corpo naquele momento. Precisava resolver a questão do novo apartamento o mais rápido possível.

Decidido, ele voltou para sua mesa e pegou o telefone da corretora de imóveis. Pretendia marcar algumas visitas para este final de semana ainda. No meio da discagem, sentiu a familiar sensação da mensagem de sua cara metade. Largou o telefone e subiu a manga da camisa.

'Quão estranho seria um encontro para plantar árvores?'

Ela tinha cada ideia.

'Por que plantar uma árvore em um encontro?'

'Pode ser só uma mudinha.'

'...'

'Bom karma, ok?'

'Andou chutando alguma velhinha esses dias?'

'Não? Por que? Você andou?'

'E eu tenho cara que chuta velhinhas?'

'Vai saber, você que começou com esses papos.'

'Terminou?'

'Sim. Obrigada.'

Ele se perguntava o que dizia dele por ter uma alma gêmea louca. Balançou a cabeça mais uma vez e retornou a discagem.

***

Era um pouco antes do horário do almoço quando Guilherme chegou na cafeteria. Foi recebido pelo usual sininho na porta e o seu sorriso favorito no mundo.

- Bom dia, doutor!

Queria beijá-la ali mesmo mas se conteve.

- Belíssimo dia!

Por algum motivo, os funcionários do local e os clientes começaram a encará-lo depois dessa saudação calorosa. Flávia gargalhou e fez um gesto com a mão para que deixasse para lá.

- O café puro de sempre ou deseja tentar uma versão mais doce?

Ele se aproximou dela inclinando-se por cima do balcão.

- Só tem um sabor doce que estou louco para provar novamente.

Ela abriu um sorriso malicioso para combinar com o dele.

- Nesse caso, fico feliz em informar que meu horário de almoço é maior hoje.

- Então, o que ainda estamos fazendo aqui?