Capítulo I

239 24 29
                                    

A cabeça de Will latejava. Eram oito da manhã e sua irmã já estava tagarelando pela casa. Jane era completamente barulhenta e animada quando se tratava de um assunto: Marssand. Uma bandinha de rock indie que Wil, ironicamente, detestava. A garota estava tentando convencer Hopper e Joyce a levarem a família até Califórnia para que ela pudesse conhecer o vocalista da banda, era seu sonho, Jane queria muito poder conhecê-lo. Will levantou da cama lentamente, escovou os dentes, tomou um banho, e então, se vestiu, ajeitando os cabelos com os dígitos conforme seguia à cozinha.

— Mãe, por favor! Estamos de férias, podemos aproveitar e ficar na casa da vovó, visitá-la. Tudo no pacote.

— Hum… — Hopper murmurou tomando um gole do café, abaixando o jornal. — Isso realmente soa convincente, Joyce, podemos ter uns dias de férias também. O que acha, Will?

William ergueu uma sobrancelha conforme terminava de por o café na xícara, levando-a até a boca para tomar um gole breve.

— Não, obrigado. Prefiro ficar em casa.

— Will! Por favor. A gente sempre faz as coisas que você gosta. Vamos ao teatro, vamos a museus, vamos a jardins e tudo quanto é coisa. Podemos fazer algo que eu gosto uma vez na vida?

Will suspirou silenciosamente, ainda ponderando sobre conforme batia os dois indicadores já caneca. Por fim, revirou os olhos e resmungou. Sentando-se à mesa ao lado de Hopper, qual carinhosamente dei-lhe o apelido de pai.

— Me convenceu, sua peste. Vamos à droga da Califórnia.

Jane pulou de alegria, bateu palmas e abraçou o irmão enchendo-lhe de beijos sobre a bochecha. Will riu baixo e negou com a cabeça, repousando a xícara sobre a mesa ao que comia uma torrada com creme de avelã.

— Não adianta dizer que sou o melhor irmão do mundo, está me devendo uma, Jane.

— Sim, sim, sim! O que você quiser. Quando nós vamos, mãe?

— Podemos ir esse final de semana, não é isso que você queria? Podemos passar o mês de férias na vovó, se o Will não achar tempo de mais, é claro.

— Não, vão em frente! Eu concordei, não seria nada cavalheiro eu voltar atrás.

— Cavalheiro, você é tudo, menos isso, William.

— Diz isso porque nunca viu como encanto todos os meninos do colégio com meu charme.

— Eles rirem da sua cara não é charme.

— Okay, okay! Vamos esse final de semana. Se adiantei para arrumar as malas. Amanhã já é sexta feira.

— Ótimo!

Jane terminou de beber seu achocolatado e seguiu caminho até seu quarto para se arrumar. Estava sentindo-se bonita hoje e não deixaria ninguém tirar isso de si. Will riu baixo e também terminou de comer suas torradas e tomar seu café. Estava pronto para sair, mas Hopper o chamou, Will olhou-o brevemente, e então, ergueu o rosto, dizendo:

— Oi, pai!

— Está tudo bem mesmo ficarmos todo esse tempo lá na Califórnia na casa da sua avó, Will?

— Sim! Jane tem razão, seria injusto com ela, já que sempre fazemos o que eu gosto, não é como se eu fosse morrer. Eu posso fazer isso…

— Sei que pode! Obrigado por ser um bom irmão e filho. A gente ama você, sabe disso, não?

— Nada disso, pai. E mãe também. Eu vou querer um favor de vocês também. — William riu baixo e travesso. — Amo vocês também.

Deixou um beijo no topo da cabeça da mãe, e então, seguiu para terminar de se arrumar. Organizou a mochila, ajeitou os fios escorridos e escovou os dentes mais uma vez. Estava pronto. Estranhamente, estava passando na TV um comercial sobre a banda idiota que sua irmã gostava, falando sobre o vocalista idiota que ela amava. Como Jane gostava dele? Ele era tão feio… sabe aqueles frangos que você aperta e faz barulho!? Isso era ele, só que com óculos e um chapéu de pescador idiota também. Tudo nele é idiota. Aquele sorriso forçado e superficial, as expressões e falas ensaiadas, tudo extremamente irritante. Will desligou a TV do quarto, apagou as luzes, pegou a mochila e o celular, saindo do quarto. Jane já estava no conversível, esperando o irmão para irem à escola. Will adentrou o carro em silêncio, nunca foi bom com as palavras… mesmo que gostasse de conversar com Jane.

StartruckOnde histórias criam vida. Descubra agora