O vento cortante de uma tarde de verão

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San Francisco, Califórnia, sábado

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San Francisco, Califórnia, sábado.

Aquela era uma tarde de verão, não sabia em média quantos graus fazia, apenas sabia que o tempo estava nublado e carregava um vento extremamente gelado consigo. Apesar de inacreditável, San Francisco uma das cidades californianas mais requisitadas quando o quesito é praia, apresentava dias assim em pleno verão.

Estava sentada na varanda de seu quarto, recebendo em seu peito o vento cortante. Ainda que amasse a sensação maravilhosa que o calor lhe proporcionava, esse clima estava totalmente propício para representar a angústia que estava estampada em sua alma.

Não sabia se tinha feito ou falado algo, apenas sabia que Ele estava diferente com você. Na escola o garoto nem olhou na sua cara direito e suas mensagens eram respondidas apenas com um "tá" ou "blz" isso quando ele respondia.

Seu coração ficou inquieto logo na sexta-feira da semana passada, quando Ele não passou na sua casa para irem juntos pra escola, como era de costume, também não o viu no começo da aula, tomou a decisão de se acalmar e tentar encontrá-lo na hora do intervalo. Passou o intervalo todo tentando o encontrar, mas nada. Os últimos três horários passaram tão lentamente que parecia que cada minuto duravam uma hora. Quando a aula acabou saiu em disparate para o encontrar ainda na porta da escola.

De longe viu a figura alta de cabelos esbranquiçados.
— Bokuto! - disse você, correndo em direção ao garoto.

O rapaz, ao ouvir sua voz parece que levou um susto, travou ali mesmo.

— Oi (nome) - disse ele com a voz um pouco trêmula.

— Porque não passou lá em casa hoje?

— Ah foi mal, eu estava atrasado daí vim direto pra cá - ele disse não olhando nem de relance nos seus olhos.

— Entendi, podia ter me avisado, fiquei te esperando... Mas e o recreio? Porque não saiu pro pátio? - você questionou.

— Eu... Eu tava ocupado estudando pra prova com os meninos.

— Entendi... entã-

— Olha, me desculpa mas eu preciso ir. - disse apressado.

— Mas...

— Eu realmente preciso ir! - exclamou já se retirando.

Aquilo. Aquelas palavras tão ríspidas. Te feriam como arame farpado. Como se fizesse com que cada célula do seu corpo se partisse ao meio por tamanha tristeza e rejeição.

A semana inteira foi a mesma coisa, não se falavam. Depois daquele fatídico dia não trocaram uma palavra sequer. Apenas olhares que eram rapidamente cortados por ele.

Então aquela tarde de sábado representava apenas um pouco do seu coração nublado e alma angustiada.

— Meu Deus! Que depressão é essa minha filha?

Estava tão focada em seu sofrimento que nem percebeu sua mãe abrir a porta do seu quarto e entrar. E até mesmo não havia notado que seus pelos se arrepiavam da cabeça aos pés pelo frio que estava a invadindo seu corpo.

— Tava apenas pensando na vida mãe, nada demais - disse você, saindo da varanda e puxando um moletom azul marinho que estava em cima de uma cadeira qualquer.

— Que vida triste.

— A senhora veio apenas me ajudar na minha autodepreciação? - disse se sentando na sua cama.

— Claro que não! Vim te trazer um chá pra aquecer seu coraçãozinho - disse ela te entregando o chá e te dando um beijo no topo da testa.

— Muito obrigada mãe - disse com um sorrisinho.

— De nada meu amor. Mas... Você quer falar sobre o motivo de você estar tão pra baixo? - disse ela se sentando ao seu lado.

— Nada não mãe, vai ficar tudo bem eu prometo. Mas muito obrigada pela preocupação.

— Se você diz, então vou confiar. Vou ir no mercado agora, você quer alguma coisa?

— Não não, obrigada.

— Então tchauzinho - disse te lançando um beijinho no ar.

— Tchauzinho - você fez o mesmo.

Após a saída dela, o quarto estava novamente vazio, um local perfeito para pensar em mil motivos de tudo ter mudado tão drasticamente em tão pouco tempo. Ele era seu melhor amigo, a pessoa na qual você mais confiava, por quem daria sua vida se fosse preciso. Então porquê?
Não entendia também o porquê de ter ficado tão sensível com esse assunto, apesar de ele ser seu melhor amigo sabia que tal reação podia ser até considerada exagerada.

Mergulhada em seus pensamentos, ouviu seu celular chegando algumas notificações, saiu apressada pois poderia ser ele dando quaisquer explicações. Ao olhar a barra de notificações seu coração acelerou.

Era ele.

Corujinha Ambulante 🦉💕

Oi, podemos conversar?

Claro que simmm

Respondeu a mensagem rapidamente, para não perder um segundo sequer.

Então amanhã vamos nos encontrar na praça, no lugar de sempre.

Seu coração parecia que ia sair pela boca, só não sabia se era de ansiedade ou de medo, ou talvez ou dois.

𝙍𝙚𝙛𝙡𝙚𝙘𝙩𝙞𝙤𝙣𝙨  |  Bokuto KoutaroOnde histórias criam vida. Descubra agora