Capítulo 12

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- Pode me prometer uma coisa? - Taehyung perguntou assim que colocou o cinto de segurança no banco de trás. Durante aquela manhã, Namjoon que dirigiria até chegar ao hospital. - Da próxima vez, vocês podem transar mais cedo? Ou, sei lá, em uma cama que não faça tanto barulho? Eu dormi muito pouco.

- Deixa os coitados - repreendeu Seokjin, que estava no banco do passageiro. - Eles nunca transaram na vida.

- É mesmo, fiquei até com um pouco de pena - ironizou. - Mas, por favor, não transem quando eu estiver no quarto ao lado.

- Vocês provavelmente também transaram - Namjoon pontuou.

- Sim... mas você ouviu alguma coisa? Tenha respeito! - brincou.

Era bom que Seokjin e Taehyung falassem besteira enquanto estavam no carro. Namjoon sabia o que os dois estavam fazendo: tentavam distrai-lo da realidade. Mas era impossível. Continuava pensando no que faria quando chegasse no hospital. Teria coragem de ver Hoseok internado? Tinha outra opção? Namjoon também entendia que Seokjin estava tão no escuro quanto ele, mas o amigo tentava fingir para não preocupá-lo.

Os três não demorariam para chegar. Provavelmente estariam no hospital antes do meio dia.

Namjoon estava em pânico, apesar de evitar falar sobre aquilo com os outros. Se Hoseok não acordasse ou se ele não sobrevivesse, nunca mais se perdoaria. Ele era o culpado de tudo aquilo. Se Namjoon não existisse, Hoseok estaria vivo e saudável naquele exato momento. Provavelmente teria se formado e estaria fazendo alguma faculdade. Hoseok parecia o tipo de pessoa que faria algo relacionado às ciências exatas, não porque era algo que amava, mas porque era extraordinário naquilo. Ou Hoseok teria seguido uma carreira bastante diferente do que as pessoas ao seu redor esperavam, como moda.

- Como você está se sentindo? - Seokjin perguntou, genuinamente preocupado.

- Estou... indo.

- É uma resposta mais sincera do que dizer que está bem.

- Tenho medo de tudo dar errado.

Seokjin suspirou, quase como se não conseguisse puxar o ar, antes de dizer:

- Eu também tenho medo que tudo dê errado, meu querido.

- O que vai acontecer depois? Se tudo der errado? O que vou fazer com minha vida?

- A vida continua - ele disse, de uma maneira simples.

- Isso não é muito agradável.

- Mesmo que todos nós morramos amanhã, a vida de todas as pessoas ao nosso redor continuaria. Seus pais precisariam seguir em frente, os pais de Taehyung precisariam seguir em frente. É uma dor que eles nunca poderiam imaginar que sentiriam. Se alguém lhes falasse sobre a tragédia um dia antes, eles acreditariam que seria impossível superar aquilo. Mas, de alguma forma, superariam. Superariam a dor porque é a única coisa que podemos fazer, senão é impossível existir nesse planeta.

- Você é muito inteligente, sabia, meu amor? - Taehyung disse, e Namjoon notou pelo espelho retrovisor do parabrisa que ele também estava mais triste do que alegre.

Os três ficaram em silêncio pelas próximas horas.

Até que chegaram.

Estacionaram na frente do hospital.

Nenhum deles ousou sair do carro primeiro.

Em algum lugar naquele hospital, Hoseok estava internado. O Hoseok de verdade. Não que tudo que tinha vivido com ele fosse uma ilusão, mas era estranho imaginar que ali, naquele local, seu namorado devia estar respirando por aparelhos.

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