Um lugar onde exista nós dois

Capítulo 17

- Para onde estamos indo? - Hoseok perguntou ao entrar no carro de Namjoon.

Por alguma coincidência ou, quem sabe, nem tanto, Hoseok usava uma blusa branca dos Beatles e uma bermuda jeans. Dessa vez, optou por uma sandália ao invés de um tênis. Parecia com o Hoseok que Namjoon se acostumou a ver durante anos.

- Na verdade, eu não pensei muito sobre o assunto - era mentira. Passou a noite inteira pensando naquele encontro, mas não decidiu para onde deveriam ir.

- Jungkookie disse que você gosta de exposições.

- É, mas você não gosta de exposições - argumentou.

- Você tem um ponto - disse. - O que costumávamos fazer antes?

- Você não leu o livro? - perguntou. - Você sabe o que costumávamos fazer. A gente só ficava no meu quarto durante horas seguidas.

- Eu poderia entrar lá hoje? - questionou. - Seria legal conhecer o lugar que eu vivi por tanto tempo.

Namjoon não planejou aquilo, mas não conseguia negar nenhum pedido de Hoseok.

- Pode, sim. Mas meus pais estão em casa.

- Eu gostaria de conhecê-los - respondeu, de uma forma tão simples que fez Namjoon se contrair para evitar sua felicidade extrema.

Os pais sabiam o que tinha acontecido. Depois de quase um ano desde que Hoseok acordou, eles começaram a acreditar que talvez o filho visse mesmo seu espírito. Seokjin tinha se tornado muito próximo de Jae, o que significava que os dois passavam muito tempo discutindo assuntos espirituais. Então seu pai meio que entendia ou, pelo menos, fingia entender - o que já era algo.

As mãos de Namjoon tremiam quando ele colocou a chave na porta de casa. Ele demorou mais segundos do que o normal para fazer uma ação tão simples, mas era impossível ignorar que Hoseok estava logo atrás dele.

- Namjoon! Você está em casa cedo - Jae saiu da cozinha para a sala, mas parou de repente ao olhar para o homem ao lado de Namjoon.

- Pai, esse é, hm, Hoseok? - era para ser uma afirmação, mas saiu com uma entonação de dúvida.

Jae abriu a boca e fechou algumas vezes antes de falar.

- Hoseok? - ele se aproximou dos dois. - Hoseok? Meu Deus, Hoseok, como você cresceu!

Ele puxou o jovem para um abraço.

- Todo mundo diz isso - Hoseok riu. - Acho que é porque eu cresci mesmo. Estou tomando todas as minhas proteínas e vitaminas. Aparentemente tenho que manter uma vida super saudável. Como salada todos os dias, acredita?

- Estou tão feliz que você está bem - Jae estava sendo sincero.

- Onde está mamãe? - Namjoon perguntou.

- Ela está dormindo, hoje ela está muito cansada - ele queria falar alguma outra coisa, mas percebeu que o filho estava ansioso. - Não vou atrapalhar vocês. Caso vocês queiram comer, posso fazer uma lasanha.

- Muito obrigado, senhor Kim - Hoseok agradeceu.

- Pode me chamar de Jae.

- Tudo bem, senhor... Jae - riu.

Hoseok continuava o homem dos sonhos de Namjoon.

Era aterrorizante pensar nisso, porque significava que, se Hoseok nunca quisesse nada além de uma amizade, Namjoon teria que encontrar alguma maneira de superá-lo de novo.

Os dois subiram as escadas. Namjoon queria controlar suas reações. Estava lutando consigo mesmo o tempo inteiro.

Seu quarto não tinha mudado muito. Ainda estava tudo no lugar (na medida do possível, porque bastava que Seokjin entrasse ali para ele arrumar tudo). E, mesmo depois de dois anos, não permitia que as pessoas sentassem no lado esquerdo da cama.