Eu só preciso de duas coisas: você e uma cama.

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Sempre soube ao entrar naquele ônibus que seria a última vez que pegaria ele com destino à faculdade. No dia seguinte, eu compraria meu próprio carro. Ao entrar, escolhi um lugar estratégico  em um assento que provavelmente ficaria ao lado dela ou muito próximo – para que pudesse puxar assunto com aquela moça enigmática.

No mesmo ponto de sempre, ela entrou. Para minha surpresa e alegria, sentou-se ao meu lado. Mexeu nos cabelos e ajeitou um colar em seu pescoço. Notei que o pingente era uma letra "P". Após cerca de um minuto – que pareceu uma eternidade – disse a ela:

– Hoje estou com sorte

Ela respondeu imediatamente, com um sorriso curioso:

– O quê? (risos)

Respondi, tentando manter a confiança:

– Sim, sorte no jogo e sorte no amor

Ela me olhou por um momento e, em seguida, desviou o olhar para frente. Pensei que havia perdido a chance – que minhas análises corporais haviam falhado e que eu estava sendo um bobo. Mas, após alguns segundos, ela disse:

– Me conta melhor essa história. Como assim, sorte no amor e no jogo? (risos)

Expliquei:

– Faço algumas apostas em cassinos e, acredite se quiser, hoje ganhei uma grana que levaria a vida toda para ganhar. Essa foi minha sorte no jogo

Ela respondeu com interesse:

– Bacana, mas e o lance do amor?

Imediatamente, sem hesitar, disse:

– Você – você é minha sorte no amor

Ela deu uma risadinha e perguntou:

– Sorte ou azar?

Respondi, com um sorriso:

– Sorte, é claro. Ou você já tem alguém?

Ironicamente, ela disse:

– Alguém? Amores? Acredito muito nisso, viu (risos)

Curioso, perguntei:

– Essa letra "P" em seu colar é de alguém especial?

Ela respondeu, com um sorriso misterioso:

– Sim, meu nome é Pérola (risos)

Quando ela me disse seu nome, percebi que estávamos chegando ao meu ponto de descida. Pensei comigo mesmo: tenho que ser mais direto. Disse:

– Pérola, me dê sua mão

Ela estendeu a mão e, sem que ela imaginasse, escrevi meu número em sua palma, junto com meu nome – Thelonius. Acrescentei, com um sorriso confiante:

– Hoje eu só preciso de duas coisas: você e uma cama

Ao dizer isso, percebi que ela ficou sem palavras, mas para mim não importava. Era tudo ou nada. Quando meu ponto chegou, desci e notei que ela me olhou de canto de olho, dando uma leve risada. Não sabia se aquilo era positivo ou negativo. A noite passou e não recebi nenhuma mensagem de Pérola, mas estava com a consciência tranquila. Fiz o que deveria ter feito.

THELONIUSOnde histórias criam vida. Descubra agora