Capítulo 04

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Para tentar os míseros humanos. Corromper deles a maior quantia.

- John Milton, Paraíso Perdido

Alejandro estava sentado na cama, com o rosto cheio de cor e sorrindo. Sua mãe falava com um médico que estava mostrando alguns resultados de laboratório. Tudo parecia tão surreal. Ontem à noite ele estava quieto e pálido como a morte, suas mãos úmidas ao toque e seu peito mal se movendo com respirações superficiais. O homem no hospital diante dela agora estava saudável e de olhos brilhantes. Seu coração ardia com uma onda esmagadora de alegria.

– Oi. – Camila cumprimentou seu pai, beijou-o e abraçou-o. Ele retornou seu abraço e ela ficou surpresa com a força de seu abraço. Nos últimos meses, ele estivera fraco demais para fazer qualquer coisa além de apertar a mão dela.

– Ei, garota. Acho que vou para casa daqui a alguns dias. Você pode acreditar? – Os olhos de seu pai brilhavam com a vida de uma maneira que ela não conseguia lembrar. Ele estava doente há dois anos e ela começara a esquecer o homem que ele havia sido antes do câncer.

– Sim, mamãe me ligou. Eu não posso acreditar nisso. – Ela o abraçou novamente, seu coração apertando no peito.

– Pode ser que os tratamentos realmente funcionaram e agora estamos finalmente vendo os resultados. – explicou o médico. – De qualquer maneira, acho que isso é bom, Sra. Cabello. Continuaremos a realizar testes por mais alguns dias, para ter certeza, mas gostaríamos de mandá-lo para casa na quarta-feira.

Sua mãe sorriu para o médico.

– Quarta-feira?

– Sim. – O médico sorriu. – Eu tento não deixar os pacientes esperarem, mas neste caso, as coisas parecem muito boas.

– Obrigado. – Sua mãe abraçou o médico assustado e, em seguida, voltou para o leito do marido.

– Eu vou deixar vocês para ter algum tempo com ele, mas tenham certeza que ele tenha muito descanso.

Camila puxou uma cadeira para perto da cama do pai e segurou uma das mãos dele entre as suas, apertando-a suavemente.

Ela ficou no hospital por mais duas horas, sua mente se recuperando quando seu pai se levantou com as pernas trêmulas pela primeira vez em semanas. Ela não entendia como era o mesmo homem do dia anterior, o homem que estava deitado na cama, tão perto da morte. Seu estranho sonho poderia ter sido real? Ela estava, por Deus, realmente considerando que tinha feito um verdadeiro acordo com a demônia?

Ela ligou o laptop e pesquisou "acordo com o diabo" logo depois que chegou em casa. Quando o histórico de busca revelou informações, ela prendeu a respiração e continuou a ler.

Ela encontrou vários artigos sobre a mitologia por trás de fazer um acordo com o diabo. Havia até mesmo descrições de rituais para convocar um demônio em uma encruzilhada para fazer o pacto. Seth empoleirou-se na beira de sua mesa, seu rosto alerta na porta da frente, seu rabo balançando para frente e para trás.

– É domingo. Sem correspondência hoje. – Ela lembrou o gato malhado e acariciou a espinha dele. Ele arqueou, encorajando-a a coçar a parte inferior das costas logo acima de sua cauda. De repente, a abertura de correio na porta se abriu e uma carta caiu no chão.

Camila olhou para a carta. Ela não ouviu ninguém subir as escadas.

Ela sempre ouvia passos na escada. As orelhas de Seth se achataram e ele soltou um estranho miado. Ele só fez aquele barulho quando ela usou o aspirador muito perto dele debaixo da cama.

Devil - Lauren IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora