Minha vontade é o destino.
– John Milton
O nome dela em seus lábios a impediu de correr.
– Como você sabe quem eu sou? – Terror apertou sua garganta com tanta força que as palavras mal escapam de sua boca.
A mulher se virou para ela. Sua cabeça inclinou-se para Camila, seu corpo se movendo com uma graça lenta, seus olhos fixando-a no lugar quando ela se aproximou.
– Você enviou uma oração por seu pai.
Atordoada, ela assentiu.
– Estou aqui para responder sua oração.
Seus olhos verdes parecem engolir tudo quando suas palavras lhe deram um soco. Isso era algum tipo de piada cruel? Ela era uma médica jogando um jogo? Ou pior, apenas alguma idiota que espreitava nas capelas do hospital para atacar mulheres emocionais?
– Eu não sou uma babaca à espreita esperando para atacar mulheres emocionais.
Ela riu de novo, a escuridão diminuindo o som dando-lhe arrepios. Ela ouviu seus pensamentos.
– Mas como? Você não é médica. Você disse que não salva vidas. Eu não entendo...
Ela levantou uma mão, o dedo indicador apontando para o silêncio. Camila fechou a boca. A mulher se aproximou passo a passo, e Camila ainda não conseguia se mexer. Elas estavam agora a apenas um metro de distância, e ela podia sentir aquela escuridão terrível e esmagadora rolando dela em ondas.
– Eu não sou médica e só salvo vidas quando há algo para mim.
Camila colocou, os braços ao redor de si mesma.
– Eu ainda não entendo.
– Claro que você não entende. Você é uma mortal inocente e doce. Não precisa se preocupar. Estou feliz em soletrar para você. – Ela estendeu a mão para tocar sua bochecha.
De repente, a capela desapareceu ao redor delas e elas estavam na frente do quarto de seu pai, olhando para ele e sua mãe da porta. Seu pai estava quieto, seu rosto encerado com a morte se aproximando, e a visão rasgou seu coração tão ferozmente que ela quase gritou. A mulher da capela estava bem atrás dela, seu hálito quente soprando contra o pescoço dela. Camila estremeceu.
– Eu faço negócios que mudam vidas.
– Negócios? – Camila não entendia como elas tinham ido da capela para o quarto de seu pai.
Estou sonhando. Tem que ser isso. Ninguém ao redor delas se mexeu. As enfermeiras do saguão estavam congeladas, seus pais também. Os vários monitores conectados ao pai dela estavam imóveis e silenciosos. Era assim que todos os seus pesadelos foram. Ela não conseguia se mexer, não conseguia gritar, só precisava encarar o que estava acontecendo. Este definitivamente era um sonho.
– Sim. – A voz da mulher era baixa, sedutora, como uma amante. – Você quer que seu pai esteja bem de novo, não é?
– Claro que sim. – Camila olhou para o pai, seu rosto uma máscara de dor e exaustão.
– O que você daria para ele ser curado?
Ela girou para encarar a mulher de olhos verdes e ficou cara a cara com os seios dela. Ela estava se elevando sobre Camila; ela tinha que ter pelo menos dois metros e meio. Ela mal chegou aos ombros dela.
– EU...
– Pense agora, pense bem. – Os olhos verdes da mulher baixaram para os lábios como se ela estivesse pensando em beijá-la. Um rubor selvagem a percorreu.
![](https://img.wattpad.com/cover/308133404-288-k253877.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Devil - Lauren Intersexual
FanfictionAté onde você iria para conseguir o que quer? O que você faria para salvar a vida de um ente querido? Em defesa de Camila, ela só estava alucinando. Sim, um completo sonho. Porque não poderia ser possível que ela tenha se vendido a uma estranha para...