Capítulo 4

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Capítulo 4

Eva

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Nunca beijei alguém antes. Quer dizer teve uma vezinha no ensino médio... Mas foi algo tão rápido, que parando para pensar agora se enquadraria mais em um "juntar de lábios", que em um beijo em si. De toda forma o que fiz quando tinha 13 anos não se compara a nada que meu corpo todo quis fazer no momento em que senti seus lábios no canto dos meus. Em tese não era para ter feito isso, não deveria ter montado em cima de Thomas como uma jovem imprudente, não era para minha imaginação estar montando nós dois se beijando como se não houvesse ninguém ao nosso redor, nem era para sentir todos os cantos do meu corpo se arrepiarem no segundo em que as mãos de Thomas cobriram minha bunda e a apertaram como se ele estivesse deixando gravado as palavras "isso é meu" utilizando apenas um gesto. Em minha total defesa a tudo isso... No segundo em que a voz do meu pai surgiu; sabia que ele uma hora olharia para os Uepplen's Hares e não podia correr o risco dele me ver justamente no colo de uma das pessoas que me mandou ficar longe. Seria quase que como o fazendeiro pegar sua única ovelha no meio dos lobos... E acabar descobrindo que por mais que ele tivesse a criado desde pequena, pela fome da ovelha, talvez, ela na verdade fosse um lobo fantasiado, que esse tempo todo se contentou apenas com grama, mas que agora que ela está se permitindo sentir o cheiro surreal da carne bronzeada; a fantasia não a sirva mais. Eu sei que é bobagem, mas é a verdade e na hora a única coisa que meu cérebro totalmente influenciado por tudo em Thomas foi capaz de fazer, foi justamente algo que não deveria; mentir. Porque sei que enganar pessoas está dentre uma das piores coisas que podemos fazer, também não deveria ter ultrapassado a quase que invisível barreira que ainda existia entre nós no segundo em que me permiti ficar aqui no seu colo, mas acima de tudo; não deveria gostar de ter feito essas coisas. Entretanto ou era isso, ou era meu pai achar — talvez descobrir — que estou deixando com que a faculdade afete meu lado racional, que todas essas pessoas estão me influenciando a... Fazer justamente o que estou fazendo agora. Droga, talvez papai esteja coberto de razão, talvez o mais certo para mim deveria mesmo se manter afastada o máximo possível de Thomas e tudo que ele representa, porém não parece tão errado quando estou no olho do furacão, na verdade aqui e agora, com seus lábios tão próximos dos meus; parece que esse tempo todo a normalidade na verdade era a errada.

Ainda que eu estivesse totalmente mergulhada em Thomas, escuto a voz de papai ao longe pronunciando um; "Ok, ok, vamos retornar ao assunto desse encontro..." como se ela não estivesse escorrendo no volume máximo de cada caixinha de som presentes e espalhadas pelo auditório, porquê de alguma forma, o mundo parece abafado enquanto sinto as mãos de Thomas me apertarem mais uma vez, puxando meu corpo ainda mais para perto do seu e tudo isso só toma um quê de realidade mais sólido quando sinto um... Volume, entre minhas pernas. Já totalmente ofegante afasto pouca coisa nossos rostos, só o suficiente para que eu consiga olhar pra qualquer outra coisa além dos seus olhos e abaixo minha atenção para o nosso meio, o identificando. E ter a certeza de que deixei Thomas Müller excitado me faz puxar o ar como nunca havia feito antes, principalmente porque no instante em que retorno com meus olhos para os seus; percebo que suas íris azuis agora se resumem a apenas um contorno fino, já que suas pupilas estão totalmente dilatadas. Sustentamos um o olhar do outro e por mais que seja nítido como o sol, tento de todas as formas ignorar o que está vibrando no seu olhar, o desejo direto que vai muito mais que apenas fingir que estamos nos beijando, um desejo de querer concretizar isso, um desejo que ultrapassaria fácil fácil apenas isso também, o mesmo desejo que não serei capaz de realizar.

— Eu preciso ir embora — consigo encontrar minha voz em algum lugar e sussurro, não tendo coragem de afastar nem meus olhos, nem meu corpo de si.

— Você não é a única — no instante em que a voz de Thomas em um timbre totalmente rouco surge; sinto meus órgãos virarem geleia novamente e o fato das suas mãos ainda estarem na minha bunda não ajuda em nada — Gibson? — seus olhos abandonam os meus e ele vira seu rosto para o lebre sentado ao nosso lado — Tá contigo agora o discurso, boa sorte — mesmo que eu não estivesse mais olhando diretamente em seus olhos, afinal eles estão viradas para o seu amigo; não consigo ficar menos que fascinada conforme observo o contorno do seu maxilar marcado... Céus ele é "muito" em todas as formas, muito lindo, muito perfeito, muito surreal.

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