10. Um Amor de Guerra

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Clarice mordia nervosamente os lábios enquanto assitia a paisagem passar pela janela da carruagem. A pequena viajem estava em curso a horas e eles provavelmente chegariam em sua antiga casa em pouco tempo.

— Parece nervosa, Imperatriz. — Anne se pronunciou. Estava sentada em frente a Clarice durante a viagem inteira, assistindo sua Imperatriz obviamente surtando por dentro.

A ruiva suspirou enquanto deixava seus olhos caírem para as suas mãos inquietas.

— Tenho medo do que pode estar acontecendo em Sancler, isso tem me incomodado. Não consigo pensar em motivos para a rainha derrubar um reino tão pacífico. — Falou cabisbaixa.

A ficha do casamento caía aos poucos para Clarice, depois de Lea repetir algumas vezes que elas se casaram para terem filhos, sua preocupação se tornou outra.

Tudo bem estar casada com Lea, a mulher pareceu muito empenhada em não mata-la para não ter de casar de novo, mas ter filhos? Dormir com a rainha? Era mais fácil se imaginar montando em touros.

— Vossa majestade sempre fora uma pessoa um tanto quanto... ilegível. — Anne comentou.

— Eu acredito que essa seja uma boa palavra para descrevê-la. — Respondeu se lembrando das vezes que interagiu com a rainha, Lea sempre parece estar pensando, mas o que se passa em sua mente nesses momentos é definitivamente um mistério.

Foram mais alguns minutos até o cocheiro anunciar que haviam chegado. Anne ajudou a Imperatriz a descer e logo a ruiva abriu um pequeno sorriso ao ver sua antiga residência.

O céu no alto já estava escuro e estrelado. Uma viagem da capital até seu antigo vilarejo levava praticamente dois dias.

— Esperem aqui! — A Imperatriz ordenou antes de se direcionar para a pequena casa.

Assim que entrou, para o seu alívio o lugar parecia completamente do mesmo jeito que havia deixado. Sem perder tempo, Clarice se direcionou ao seu antigo quarto, um lugar pequeno com apenas uma cama de solteiro e um armário antigo.

Sem se importar com seu vestido caro, Clarice se agachou até conseguir alcançar o pequeno baú que estava embaixo de sua cama e puxá-lo com cuidado.

— Hey, garoto. — Sussurrou enquanto se sentava no chão e abria o baú.

Um diário antigo que pertencia a sua mãe, uma mulher extraordinária com dons incríveis, a mulher que conseguiu mudar seu físico para o que ela sempre quis, foi sem dúvidas a maior relíquia que ela havia lhe deixado.

O livro tinha detalhes muito interessantes de engrenagens, a capa completamente de couro, muito resistente e duradouro.

Clarice deu uma rápida olhada dentro do baú e concluiu que levaria as outras coisas ali também. Guardando o diário e fechando o baú, a Imperatriz se despediu de sua casa. Pelo visto ninguém entraria ali sem ser ela então estava tudo bem se apenas deixasse as outras coisas sem importância aqui.

— Vamos, precisamos voltar antes da Imperatriz. — Clarice falou assim que saiu pela porta.

— Mas a senhora é a Imperatriz?! — Anne que conversava alegremente com o cocheiro, se virou confusa para a mulher.

— Chamar Lea de Imperatriz é realmente ruim? —

— Considerando que ela ordenou que seu título mudasse para rainha, acredito que ela não goste tanto de "Imperatriz" para representá-la. — Anne explicou com pesar. Na opinião da serva, "Imperatriz" soava tão lindo, mais do que "Rainha".

A Imperatriz de Uma Rainha CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora