Capítulo 1 - Saudade

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- Pode se retirar daqui por favor? - O balconista parou ao meu lado me encarando desconfiado

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- Pode se retirar daqui por favor? - O balconista parou ao meu lado me encarando desconfiado. 

Desde a hora que entrei na lanchonete seus olhos não saíram de cima de mim. 

- Eu tenho dinheiro, só quero comer algo. - Disse me acomodando na poltrona confortável da mesa da lanchonete.

- Olha eu não... - Ele bufou e se aproximou ainda mais de mim. Olhei em volta e alguns clientes da lanchonete nos observavam. - Os clientes estão incomodados, você fede. Porque não faz assim... Toma um banho, se veste melhor e volta. - Por mais que ele estivesse tentando ser discreto algumas pessoas o ouviram me deixando com vergonha. Não era como se realmente eu estivesse fedendo, eu tomava banho todos os dias.

- Eu entendi. - Forcei um sorriso e me levantei da cadeira chique da lanchonete e sai antes que eu pudesse ser humilhado ainda mais. Eu estava com fome, tinha ganhado 20 dólares ajudando um funcionário do seu barriga a descarregar o caminhão de mudança e queria experimentar os cup cakes da lanchonete que eu sempre namorava da vitrine. 


Voltei pra vila o mais rápido que pude, o céu estava bastante nublado indicando uma chuva forte, não podia ficar doente de novo, da última vez eu quase morri.


Assim que cheguei na entrada da vila senti duas mãos me puxar para trás e me arrastar para o beco que ficava ao lado da vila. Tentei gritar e me soltar mas uma mão tampou minha boca com um pedaço de pano encharcado com algo que rapidamente estava me fazendo perder a consciência.


Quando acordei senti todo meu corpo dolorido. Tentei me mexer mas foi inutil, tudo doia, minha cabeça, minhas costas e minha perna. Estava tão frio e eu não conseguia me mexer. Encarei o céu que derramava suavemente algumas gotas de chuva e desejei morrer. Eu não aguentava mais. Porque tudo tinha que ser tão difícil pra mim desde o dia que fui abandonado naquele barril inutil? 


Horas se passaram e eu consegui me levantar e me arrastar até a vila. Eu não sabia o quão machucado eu estava mas assim que o seu madruga bateu os olhos em mim eu percebi que era muito, já que ele arregalou os olhos e até abriu a boca pra falar algo comigo, mas desistiu. Eles não falavam comigo a quase 3 anos. Ninguém na vila. Eu saia cedo pra procurar trabalho e me alimentar e voltava a noite pra dormir no barril, que por mais pequeno que fosse ainda era o lugar que me protegia do frio, da chuva e dos agiotas.


 Fui para o fundo do pátio da vila onde tinha uma mangueira que servia para regar o jardim da vila e era onde eu me limpava. Tentei limpar minhas feridas o máximo que consegui, tirei minha roupa que eu havia passado o dia e vesti uma calça feita de pano de saco de batata uma camiseta velha branca um pouco amarelada que eu havia encontrado no lixo do seu barriga, cabiam cinco de mim dentro dela mas era útil pra dormir. Lavei minhas roupas e deixei secando no varal.

Não encontrei os 20 dólares que eu havia ganhando passando o dia trabalhando. Certamente os agiotas que me encontraram o pegaram. Ja tinham dois dias que eu não comia e eu teria que arrumar algo  amanhã, nem que fosse no lixo.



Passei pelo patio da vila, Dona Florinda, seu Madruga e seu barriga conversavam animadamente na porta da casa da dona Florinda, enquanto montavam uma mesa grande, havia uma churrasqueira sendo estalada pelo professor no canto do pátio e algumas mesas estavam sendo espalhadas pelo pátio pela esposa do seu Barriga.

- Que horas eles chegam? As tortas não chegaram. - Dona Florinda grita para a esposa do Barriga.

- Ainda temos uma hora. - Ela responde.


Será que eles estavam voltando? Passei a mão pelo meu cabelo úmido esquecendo dos meus cortes da cabeça, fazendo cara de dor e gemendo baixo. 


Me sentei no cantinho do pátio observando por alguns minutos todos da vila correndo de um lado pro outro, decorando o pátio com balões, luzes, organizando muitos pratos de comida  em cima das mesas. O cheiro estava tão agradável que meu estômago que nem gritava mais de fome, me lembrou que eu não comia a alguns dias, fazendo minha boca salivar vendo as tortas da lanchonete que eu namorava a vitrine sendo postas, uma ao lado da outra. Logo meus olhos se voltaram pra uma enorme faixa sendo posta na parede. "Bem vindos  ao lar"

Sim eles estavam voltando, eu sentia saudades, mas acho que eles ainda me odiavam tanto quanto seus pais.

Me aconcheguei ainda mais no cantinho atras do coqueiro no escuro, eu não queria atravessar o pátio pra chegar no barril. O barril ficava ao lado onde estava toda decoração, então eu só me sentei no escuro e observei eles terminarem a decoração que eles preparam com tanto carinho. Eu queria vê-los novamente, então só me aconcheguei no escuro e esperei.


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- Desculpe pelos erros.

- Não sera uma leitura longa.

- Contém gatilhos.


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