Capítulo 7

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Ao longo destes meses todos que se passaram eu já tentei ligar e enviar mensagens ao Nico, mas sem resultado. A minha mãe deve ter obrigado ele a mudar de número. Infelizmente ele nunca foi de usar redes sociais e continua igual, não o encontro em lado nenhum da internet. A não ser que a minha mãe também o tenha proibido de ter um telemóvel, não me admirava nada. Ela não nos quer ver juntos.

Minutos depois,

O Elio vem aí, finalmente, mas...ele vem com uma cara desanimada. Deixei-me estar dentro do carro, ele entrou e ficou a olhar para a frente.

Elio: Amigo...
Luca: O que foi?
Elio: Eu tenho más notícias para te dar...

Ele supira e olha para mim.

Luca: O que aconteceu?
Elio: Uma semana depois de o Nico ter voltado para o orfanato conseguiu ser adotado, mas no mês passado os pais adotivos dele mudaram-se para a casa que eles têm na alemanha. Foi uma herança para o pai dele.
Luca: Onde fica a casa? Eu vou lá ainda hoje! Vou buscar o meu Nico!
Elio: Eles não me passaram a morada graças à tua mãe...
Luca: Sabia que ela não ia deixar me dizerem onde ele está.
Elio: Lamento imenso por isso. Eu tentei de tudo para saber o máximo de informações sobre o Nico. Mas a senhora disse-me que a tua mãe considera esses assuntos confidenciais, portanto se ela disser algo a alguém é despedida.
Luca: Sim, eu entendo, ela não tem culpa, sei bem a mãe que tenho.
Elio: Queria tanto te ajudar...
Luca: Eu vou para a alemanha na mesma, vou dormir nas ruas, pedir esmolas para comer quando o meu dinheiro acabar, vou percorrer todas as ruas daquele país, passo fome e frio se for preciso, pelo Nico eu faço tudo. Mas eu vou encontrá-lo! Sem ele a minha vida já não tem sentido.
Elio: Ei ei ei! Tem calma Luca! Quer dizer, eu sei o quão teimoso és e que diga o que eu disser tu não me vais dar ouvidos. Mas...por favor, vê se ganhas juízo. Não estás a ver bem o que vais fazer.
Luca: Leva-me para a estação de comboios.
Elio: Primeiro tens que passar em casa para buscar dinheiro.
Luca: Ah sim, já me ia esquecendo.
Elio: Não tens dinheiro para pagar um hotel ou um hostel?
Luca: O dinheiro que fui ganhando ao longo dos anos foi me dado pelos meus familiares e eu sempre fui gastando, portanto só tenho dinheiro para comer por uma semana.
Elio: Tu és louco! Olha, eu não tenho muito, então não tenho como te ajudar. Mas no que eu conseguir, eu ajudo. Combinado?
Luca: Combinado.

Depois de passar por casa e meter algumas coisas básicas na minha mochila da escola despedi-me do meu quarto. O quarto que já foi meu e do Nico. As madrugadas que passamos acordados a falar. As tardes de domingo que passamos a jogar. Todos os momentos bons e menos bons que aqui passamos. Caiu uma lágrima, mas eu limpei e saí de casa. Não há tempo para deprimir, tenho um desafio quase impossível para enfrentar, preciso de ter muita força. Voltei a entrar no carro do Elio que me levou até à estação de comboios. Enquanto esperamos ele ficou a dar-me conselhos e quando finalmente o comboio chegou, ele despediu-se de mim com um abraço e desejou-me boa sorte. Entrei no comboio sem olhar para trás, agora vou iniciar uma nova jornada na minha vida, em que vou deixar o meu eu do passado para trás. Espero conseguir encontrar o Nico.

Horas depois,

Finalmente cheguei à alemanha. Durante a viagem já pensei no meu plano. Escolhi uma foto que tenho do Nico em que se dá para ver bem a cara dele e vou perguntar a todas as pessoas se o viram.

Ao anoitecer,

O sol já se pôs e eu ainda estou a procurar o Nico. Mas nunca irei perder as esperanças. O meu telemóvel ainda tem bateria, por isso tenho me mantido em contacto com o Elio, consigo apanhar wi-fi em alguns sítios e também tem shoppings onde posso carregar o meu telemóvel quando ele for abaixo. Tenho tudo sobre controle. Menos o local onde vou dormir agora...pensei tanto sobre isso no comboio. Seria arriscado eu pedir para morar com alguém de graça, mas na rua deve ser mais perigoso.

Enquanto caminhava pelas ruas encontrei uma senhora sem-abrigo a arranjar o sítio onde ia dormir. Decidi tentar falar com ela.

Luca: Boa noite?
Senhora: Boa noite meu jovem.
Luca: Como se chama?
Senhora: Suyane e tu?
Luca: Chamo-me Luca, prazer. Eu vivo na suíça, mas vim aqui à procura do amor da minha vida que me roubaram.
Suyane: Que tragédia. E tens onde dormir?
Luca: Não...o dinheiro que tenho só chega para comer.
Suyane: Aqui tem espaço para ti, são cobertores e cartões que encontrei no lixo, mas é tudo o que tenho.
Luca: Muito obrigado Suyane, é uma grande ajuda. Irei passar aqui esta noite.
Suyane: Podes dormir aqui quantas noites quiseres, é um local seguro.
Luca: Agradeço imenso mesmo. Quando conseguir dinheiro vou retribuir. A senhora tem um coração enorme.

No dia seguinte,

Ao acordar, Suyane já estava sentada com um chapéu à sua frente a pedir esmolas. Cumprimentei-a e fui procurar o Nico. Pelo caminho parei perto de um café que tinha wi-fi sem palavra-passe para falar com o Elio. Ao me conectar à internet o meu telemóvel é inundado de notificações. Deixei o meu amigo preocupado. Vou aproveitar que está online para lhe ligar.

Ligação:
Elio: Luca! Oh meu deus! Como estás amigo? Fiquei tão preocupado.
Luca: Estou bem haha.
Elio: Que alívio.
Luca: Encontrei uma senhora chamada Suyane, uma sem-abrigo.
Elio: Então tiveste companhia.
Luca: Sim, a rua onde dormi-mos é segura.
Elio: Ainda bem que não te aconteceu nada de mal.
Luca: Sim. Enquanto estiver por perto daquela rua vou dormir lá.
Elio: Novidades sobre o Nico?
Luca: Ainda não.
Elio: Boa sorte com isso amigo. Já agora, hoje a tua mãe ligou-me.
Luca: Até me admira ter dado pela minha falta.
Elio: Ela pode estar muito magoada contigo, mas preocupa-se.
Luca: Disseste-lhe onde estava?
Elio: Disse que naquele dia tinhamos ido passear e que depois te deixei em casa.
Luca: Obrigado.
Elio: E disse que tu paraste de me responder, por isso não sei nada sobre ti.
Luca: Obrigado, fico-te a dever uma.

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