Capítulo 3

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Já de noite, estava no meu quarto e do meu irmão, pois nós dividimos o mesmo quarto e a mesma cama porque o outro quarto da casa é o da minha mãe. Mas eu e o Nico não nos importamos.

Nico: Adorei a nossa turma.
Luca: É, eu também. Como foi o teu dia? Quase nem te vi.
Nico: Foi altamente! Adorei a experiência. Não sinto saudades nenhumas do orfanato.
Luca: Ainda bem.
Nico: E o teu dia? Estás meio em baixo.
Luca: Sabes o Eliaz?
Nico: Sim.
Luca: Eu tenho uma crush nele e fui falar com ele...
Nico: Esse é hetero haha parece que até está escrito na testa dele.
Luca: É...ainda teve a lata de me dizer "ai eu sou bem hetero".
Nico: Haha.

Eu ri também e continuei a ver insta stories como estava antes de ele falar comigo.

Nico: Eu fiz montes de amizades novas. Mas não me interessei por nenhum rapaz, até porque são todos hetero.
Luca: O que achas de irmos a um bar gay?
Nico: Não podemos, temos 15 anos.
Luca: E daí? Ficámos à porta.
Nico: Achas que a mãe nos vai deixar sair à noite?
Luca: Eu costumo sair à noite com os meus amigos. Ela deixa sempre.
Nico: Que bom haha.

A semana passou a voar, conheci muita gente nova na escola, não voltei a falar com o Eliaz sobre ele ser hetero, mas estive com ele algumas vezes, sempre com outras pessoas também.

Hoje é sábado e à noite vou sair com o meu irmão, vamos tentar ir a um bar gay. Durante a tarde vamos ficar em casa a estudar, a minha mãe é sempre assim, se eu quero sair à noite tenho que passar o dia agarrado aos livros.

Depois do jantar a nossa mãe fez a palestra do costume, que o Nico estava a ouvir pela primeira vez, sobre termos cuidado e voltarmos antes da meia noite. Ao chegarmos ao bar tivemos que ficar à porta.

Nico: Não acho que tenha sido uma boa ideia termos vindo para aqui. Está tudo muito bêbado.
Luca: Mas também se encontra pessoal fixe.
Nico: Não saias da minha beira. Não confio nas pessoas.
Luca: Não te preocupes. Estás comigo, estás bem.

Sempre quis ter um irmão para poder proteger, mas admito que é uma tarefa bem complicada, tenho que ter muita responsabilidade. Se lhe acontecer algo eu não me perdoo, fui eu que o trouxe para aqui.

Fomos a um café pedir duas coca-colas, uma para cada e retorna-mos para a porta do bar gay. Ao chegar vi que estava lá um grupo de rapazes que aparentavam ter a nossa idade.

Luca: Vamos falar com aqueles rapazes.
Nico: Mas nós nem os conhecemos.
Luca: E como achas que se conhece alguém?

Fomos até eles, eram quatro rapazes, apresentamo-nos e eles ofereceram-nos a cerveja que estavam a beber. Nós recusamos e eu quis saber a idade deles. Dois tinham 15 e os outros dois tinham 16. Ficamos com eles a conversar por vários minutos até que eles foram embora.

Nico: Eu nunca experimentei uma bebida alcoólica. Tu já?
Luca: Vinho. Com uns amigos. Eu gostei, mas não voltei a beber. Sei lá, não ligo muito. Se beber muito fico com dor de cabeça.
Nico: Pois, os efeitos secundários do álcool não são bons.
Luca: Vamos para casa. O ambiente está caótico demais aqui haha.
Nico: Sim. Eu na verdade sou mais de ficar em casa mesmo. Estou habituado ao ambiente sem festas assim lá no orfanato.
Luca: Desculpa por te ter trazido.
Nico: Não tem mal. Eu preciso de me habituar à vida normal.
Luca: Mas não te forces a gostar.

Chegamos a casa meia hora antes da meia noite, a nossa mãe estava na sala a ver televisão. Ela fez-nos um questionário e nós mentimos em tudo como é óbvio e fomos tomar banho. Depois fomos para a cama dormir, estávamos cansados.

...

Já se tinha passado um ano desde aquela noite que foi a última em que saí. Eu e o meu irmão já eramos quase como melhores amigos. Hoje de tarde a nossa mãe veio nos dar uma notícia horrível. A minha avó paterna sempre manteve contacto por telefone connosco, mas sem falar sobre o meu pai, pois nem ela sabia sobre ele. Mas isso mudou hoje...quando ligaram à minha avó para lhe avisar que o seu filho tinha falecido num acidente de carro por causa do álcool. A minha mãe de tarde veio nos contar a notícia. Ela está de rastos, ficou o dia todo no quarto, antes de se fechar lá eu vi ela com duas garrafas de vinho na mão a entrar. Eu estou até agora a chorar, hoje é domingo. O Nico tentou falar comigo, mas eu estou em estado de choque, então ainda nem consegui falar nada. O Nico, apesar de não ter conhecido o meu pai, também chorou pela morte dele e está muito abalado.

Nico: Amanhã ficas em casa.
Luca: É melhor.
Nico: Deve estar a ser tão horrível para ti.
Luca: Muito...eu já não vejo o meu pai à 3 anos. A última vez que o vi foi a sair com as malas. Ainda me lembro da nossa despedida como se fosse ontem. Ele pousou as malas na porta, eu estava à frente dele a chorar. Ele abraçou-me, depois olhou-me nos olhos e disse que me amava. Eu disse de volta.
Nico: Tu vais conseguir ultrapassar essa dor.
Luca: Está tão difícil. Saber que ele morreu sendo que a última vez que o vi foi à 3 anos atrás.

...

Passou-se mais um ano, no meu aniversário e no do meu irmão festejamos muito pois era o nosso aniversário de 17 anos, mas nada tinha voltado ao normal depois da morte do meu pai. Agora eu já consegui superar isso, já fiz o luto todo, mas a minha mãe desde aquele dia começou a beber muito e a sair à noite nos fins-de-semana. Ela tem andado a viver à base de álcool, estou muito preocupado com a minha mãe. O Nico também está, ele ama muito a nossa mãe.

Hoje, quarta-feira, fizemos outra vez a nossa rotina escolar e fomos para as aulas. No primeiro intervalo fiquei com o Elio, o Nico tem estado muito com os seus amigos.

Luca: Fico feliz por estares a namorar com ela. Vocês fazem um belo casal. Ainda bem que finalmente a pediste em namoro.
Elio: Eu amo-a tanto! Ela é tão linda.
Luca: Vocês combinam.
Elio: Mas então e tu?
Luca: Eu fiz um amigo bissexual de outra turma, mas não me interessei por ele.
Elio: Já tens 17 anos e nunca namoraste. De caminho até o teu irmão arranja um namorado primeiro que tu.
Luca: Ele arranjar um namorado? Iria-me abandonar tal como o teu irmão te fez.
Elio: No meu caso é pela diferença de idade. Mas sim, o Nico começando a namorar ia se desligar mais de ti.
Luca: Ele nunca está comigo na escola, mas sempre que me vê fica a olhar para mim. Não o entendo.
Elio: Assim...a partir do próximo intervalo vou começar a andar com a minha princesa e gostava de ter privacidade.
Luca: Eu entendo-te. Vou andar com o meu irmão então.
Elio: Mas tens outros amigos.
Luca: Quero aproveitar a companhia do meu irmão enquanto ainda a tenho. Acho que me apeguei demais.
Elio: Cuidado para não te tornares um encosto do rapaz haha.
Luca: Claro que não, credo haha coitado. Apenas o quero proteger e eu amo estar com ele.
Elio: Nossa...tem calma aí haha. Ele é teu irmão, dá-lhe espaço. Ele tem vida própria. Eu posso ser assim com a minha princesa, mas isso é porque namoramos.
Luca: Estás a insinuar que quero namorar com o meu irmão?
Elio: Não...que horror. Se bem que não é de sangue. Mas não, cruzes credo! Haha.
Luca: Haha hoje não tomei os comprimidos.

A campainha tocou então fomos para a sala. Quando a aula finalmente terminou eu fiquei a terminar de passar do quadro o que a professora tinha escrito, eu escrevo bem devagar. Então acabei por ser o último a sair da sala, mas antes de poder procurar pelo meu irmão fui parado pelo Eliaz à porta da sala. Mesmo já me tendo passado a crush, o meu coração continua a acelerar sempre que os nossos olhares se cruzam. Mas é nesse momento que eu lembro ao meu coração que o Eliaz é hetero.

Eliaz: Hey, tens um tempinho?
Luca: Sim, diz.
Eliaz: Assim, eu não sou gay, mas que achas de ficares comigo no sigilo? Ninguém pode saber!

No ano letivo em que o conheci a escola toda acabou por ficar a saber que sou homossexual, porque eu dava muito nas vistas que tinha uma queda pelo Eliaz. Ele chegou a falar comigo na altura sobre isso, não me quis magoar mas deixou bem claro que era melhor eu o esquecer.

Luca: Sai do armário haha.

Saí da frente dele mas ele veio de novo para a minha frente.

Eliaz: Eu não posso estragar a minha reputação de macho alfa. Sou o mais popular da escola, já fiquei com todas as raparigas, as bonitas claro.
Luca: Eliaz, tu não fazes o meu tipo. Apenas és bonito. Mas isso não é o suficiente para eu te querer beijar. Além do mais, eu não tenho vergonha nenhuma em ser homossexual, portanto não faço nada no sigilo.
Eliaz: Ai que chato! Está bem!

Ele foi embora apressadamente, pareceu bem revoltado. Que rapaz doido, diz-se ser hetero mas quer me beijar. Tenho que contar para o Elio haha...ah pera...o Elio agora namora. Vou procurar o Nico.

Um tempo depois,

Luca: Nico! Finalmente te encontrei. Podemos ir caminhar só nós os dois?
Nico: Claro.

Ele despediu-se das pessoas com que estava e veio comigo.

Nico: Aconteceu alguma coisa?
Luca: Não. Porque perguntas?
Nico: Eu sou teu irmão, sei bem quando estás mal.
Luca: Foi o Eliaz...queria ficar comigo no sigilo. Que doido.
Nico: Nossa haha doido mesmo. Caga nele.
Luca: Foi o que fiz.
Nico: E o Elio?
Luca: Agora ele namora...
Nico: Ah entendi. Nós é que somos os solteiros haha que chunga.
Luca: Um dia vamos ter sorte haha.
Nico: Sim haha.

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