Capítulo 4

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Já se passou uma semana depois daquele dia confuso. Eu fiquei muito incomodado com a conversa que tive com o Elio, não consegui tirar a ideia da cabeça de eu querer namorar com o meu irmão. Eu sei que não foi o que ele quis dizer, mas eu desde que fui buscar o Nico ao orfanato que sinto uma grande atração por ele. Talvez eu esteja a confundir o tipo de amor. O Elio tem razão, o Nico pode ser meu irmão mas não é de sangue. É como se eu tivesse conhecido alguém na rua, só que essa pessoa passou a fazer parte da minha família. Realmente poderia acontecer de eu me apaixonar por ele, mas seria estranho demais, mesmo ele não sendo do meu sangue. Estou até agora com esses pensamentos, preciso de ter uma conversa com o Nico.

Tinhamos acabado de jantar e fomos para o quarto.

Luca: Nico...preciso de falar contigo sobre algo sério que me tem incomodado.

Nem sei como começar a falar sobre isto, mas eu e ele temos intimidade para isso, portanto não preciso de ter medo.

Nico: Fala.

Ele sentou-se na cama ao meu lado.

Luca: É sobre nós. Imagina que nós tivéssemos sentimentos um pelo outro...assim, algo mais do que irmãos.
Nico: Percebi.

O Nico ficou a olhar para mim chocado. Eu fiquei mais nervoso ainda.

Luca: Desculpa. Não estou a dizer que gosto de ti dessa forma.
Nico: Olha Luca, nós somos irmãos, mas eu sou adotado, seria algo muito estranho mas eu entendo.
Luca: Nós não mandámos no coração. A minha mãe fez de ti meu irmão, mas nós não somos família de verdade. Isso é muito confuso.
Nico: Nós já nos conhecemos há 2 anos e...eu sempre te achei muito bonito, desde que te conheci. Eu senti-me muito mal por isso.
Luca: Então e se...
Nico: A nossa mãe já está doente que chegue.
Luca: Ela tem bebido menos desde que na semana passada a obrigamos a ir à psicóloga.
Nico: É verdade. Mas mesmo assim...
Luca: Eu sei, ia ser um choque enorme.
Nico: Estás a dizer que queres namorar comigo?
Luca: Tu também...
Nico: Infelizmente sim...
Luca: Nós somos de famílias diferentes.
Nico: Sim, a minha família abandonou-me e a tua acolheu-me.
Luca: Exato! Mas ninguém nos iria compreender.
Nico: No próximo ano fazemos 18 anos. Podemos dar o fora daqui.
Luca: Sim.

Ficamos a conversar mais um pouco e depois fomos dormir. No dia seguinte, quinta-feira, passamos o dia todo juntos na escola. Quando chegamos a casa a nossa mãe estava mais animada do que o normal, ela tinha convidado uma amiga. Eu e o Nico fomos para o quarto, mas elas falavam tão alto que dava para ouvir a conversa.

Amiga da mãe: Eu sei que a tua psicóloga te tem ajudado muito, mas já sabes que podes contar sempre comigo. Sou tua amiga, também te quero ajudar.
Mãe: Obrigado querida. Passar a tarde contigo está a ser uma terapia.
Amiga da mãe: Tens que seguir em frente, já se passou um ano e vocês estavam divorciados. Nunca passei por violência doméstica, mas consigo imaginar os traumas que ele te deixou.
Mãe: Viver com ele era um inferno, ele deu cabo do meu psicológico todo. Mesmo eu o amando tive que me separar dele, doeu tanto. E dois anos depois saber que ele morreu...sendo que fiquei esse tempo todo sem o ver e sem receber notícias dele, isso doi muito.
Amiga da mãe: Eu entendo que isso te tenha magoado assim tanto. Além disso ele foi o teu primeiro e grande amor. Mas agora está na hora de seguir em frente, ou queres acabar sozinha?
Mãe: Não...os meus filhos já vão fazer 18 anos no próximo ano. Eles vão seguir a vida deles e eu tenho que deixar. Mas eu não quero terminar o resto dos meus dias sozinha nesta casa.
Amiga da mãe: Então põe um sorriso nessa tua cara linda e conhece pessoas novas! Quero te ver bem.

Eu e o Nico estávamos encostados na porta para ouvir melhor. Eu sei que não é correto fazer isso, mas o tema da conversa chamou-nos à atenção.

Luca: Que bom que a nossa mãe finalmente está a superar.
Nico: Sim.

Fomos nos sentar na cama.

Luca: Mas o que ela falou sobre nós a abandonar-mos...isso magoou.
Nico: Sim. Eu não a quero deixar triste.
Luca: Mas nós vamos ter que viver a nossa vida sem ela.
Nico: Sim...

Passado um mês nós voltamos a tocar no assunto dos nossos sentimentos. Mas desta vez foi na escola com o Elio, a namorada dele tinha ido ao médico então pude ter o meu amigo de volta. Estávamos os três sentados num banco, eu e o Nico contamos ao Elio que sempre rolou a espécie de uma química entre nós desde que nos conhecemos.

Elio: Estou sem palavras. Mas, eu consigo compreender. Se do nada a minha mãe adota-se uma pessoa da minha idade que eu acha-se muito bonita e essas coisas...ia ser estranho, mas...
Nico: Eu e o Luca sempre fomos mais do que irmãos, mais do que melhores amigos. Entendemo-nos tão bem que às vezes até falamos por telepatia.
Luca: Sim. Nós estamos sempre juntos e divertimo-nos imenso.
Elio: Vocês sentem vontade de se beijarem?
Nico: Eu sinto-me tão mal por isso...
Luca: Eu também...
Elio: Não fiquem tristes, eu apoio. Vocês conheceram-se com 15, nessa idade eu tinha crush em todo o mundo haha. Mas se agora com 17 anos esse sentimento não foi embora, é porque é algo real e não um efeito secundário das hormonas haha.
Luca: O meu inconsciente sempre soube do que eu sinto pelo Nico. Bem lá no fundo eu já pensei várias vezes na possibilidade de o beijar e de andar de mãos dadas com ele.
Nico: É, eu também. E o sentimento só cresceu. Tu fazes o meu tipo, já conheci muitas pessoas, mas nenhuma que combina-se tanto comigo quanto tu.
Luca: E eu só conheci heteros haha. Tu és uma pessoa muito especial.
Elio: E se vocês fossem a um psicólogo?
Luca: Ia nos chamar de loucos.
Nico: Com certeza. E ainda contava à nossa mãe.
Elio: Tentem. Pode ajudar. Sei lá.

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