II

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Quando eu abro meus olhos, vejo que estou no chão do meu quarto com a coberta sobre minhas pernas.

- Foi um sonho? Parecia tudo tão real.- sussuro para mim mesma, coçando meus olhos.

Esse sonho foi tão realista que eu achei que fosse verdade, apesar do fato de não saber como seria possível eu ter dormido no meu quarto e acordado em outro. Eu acreditava fielmente que era verdade, acreditava que eu estava prestes a morrer. Mas no fim de tudo não passou de um simples sonho.

- Eu estou exausta. - digo para mim mesma olhando o relógio no criado mudo, ao lado da cama, mostrando que são 6 horas da manhã.

Tenho que levantar para me arrumar, afinal hoje é uma sexta-feira, tenho que estar no trabalho às 7.
Enfim a vida de uma garota que acabou de fazer 18 anos e não passou no vestibular da faculdade, eu poderia ser como os protagonistas dos livros de fantasias que leio. Mas não sou como eles, sou apenas uma pessoa com uma vida entediante, que tem sonhos estranhos que parecem realidade.

Eu não descansei nada na noite passada, minha cabeça está doendo muito.

- Será o sonho foi real? Mas se realmente fosse, eu teria morrido, certo? Certo.

Tudo aquilo não passou de um sonho. Pelo menos é nisso que eu quero acreditar.

***

Na hora do almoço, vou para casa e me deito para descansar um pouco enquanto espero minha mãe fazer a comida, só me dou conta que dormi, quando acordo novamente naquele mesmo quarto, do sonho da noite anterior.

- Certo, isso é um sonho. Pelo menos dessa vez eu sei disso. - digo enquanto olho pela janela e vejo que está de dia, está muito nublado e garoando.

Saio andando do quarto, e dessa vez o corredor está iluminado, as paredes tem quadros lindos. Alguns deles tem a pintura de uma mulher muito linda, que possuía cabelos e olhos negros. A pintura retrata a mulher com uma feição levemente maligna, mas seus olhos me transmitiam bondade, amor, e carinho. Ela usava uma coroa prateada com pedras pretas, pelo visto ela é a rainha e o lugar onde estou deve ser seu castelo. Os outro quadros retratavam o que parecia ser um jardim com flores pretas.
Conforme vou andando adiante no corredor, me aproximo da janela onde o garoto estava parado no outro sonho, chegando diante dela, olho para fora e vejo o enorme jardim das pinturas que eu havia acabado de ver, ele realmente tinha flores pretas, e também tinha uma linda macieira carregada de maçãs. Ando mais um pouco pelo corredor e começo a ouvir uma voz vindo de uma porta.

- Aniya! Eu preciso da sua ajuda! Vem aqui! - a voz parecia ser do mesmo jovem do outro sonho, ele parecia estar sentindo muita dor.

- Dessa vez eu vou abrir e olhar antes de me jogar, como uma louca.- digo para mim mesma enquanto rodo a maçaneta.

A porta se abre e eu consigo ver um pequeno corredor e logo após ele uma pequena escadaria em espiral, depois de descer a mesma encontro o garoto com seus braços e pernas acorrentados na escuridão, ainda não consigo ver o seu rosto.

- Finalmente! Você demorou, hein? Vem até aqui me ajudar.- ele parecia está sentindo dor, porém, ainda mantinha um tom ríspido em sua voz.

Ainda não entendo, por que ele é tão grosseiro comigo, sou a única pessoa aqui para ajudá-lo, mereço no mínimo um pouco de respeito.

- Por que está me tratando desse jeito? Você sabe que eu sou a única pessoa aqui para te ajudar, não sabe? - digo ainda parada onde estou.

- Você pode me ajudar, por favor? Melhor assim? - ele diz com um tom levemente irônico.

- Na verdade não, por que eu senti a sua ironia. Não custa nada ser um pouco educado as vezes. - digo me aproximando.

- Me tire logo daqui. Isso dói. - ele diz ríspido novamente.

Não entendo o por que do garoto estar sentindo tanta dor. Ele só estava acorrentado, bastava eu achar algo para solta-lo e estaria tudo bem. Porém, quando ele mexe as correntes, elas ficam num tom alaranjado incandescente como se estivessem em chamas, eu conseguia ouvir o chiado do sangue em contato com o metal quente. Ele grita de dor e o meu coração aperta, eu não imaginava que as correntes poderiam se esquentar sem mais nem menos.

- Como eu posso te ajudar, me diga? Por favor. - eu imploro sentindo as lágrimas surgindo nos meus olhos, não sei por que estou chorando, nem por que vê-lo daquela maneira me dói tanto, eu não sabia quem ele era, não sabia nem mesmo seu nome, nunca havia visto o seu rosto e tudo aquilo não passava de um sonho.

Mas por algum motivo eu sinto como se quem estivesse sendo ferida fosse eu, por mais que nada disso seja realidade.

- Você sabe como escapar dessas correntes. Lembre-se do que lemos quando éramos pequenos! Por favor me ajude! - ele implora agonizando pela dor das queimaduras.

- Eu não sei como fazer isso! Não sei do que você está falando. Eu nunca vi nada parecido com isso! - estou desesperada, não sei como ajudá-lo, não sei como libertar ele daquela dor.

- Eu sei que você sabe, pode não se lembrar agora, mas lá no fundo você sabe como me libertar delas. - ele diz com convicção, porém ainda sinto a dor em sua voz.

Tento pegar nas correntes para ver se tem alguma entrada para chave ou algo do tipo, mas quando mexo a corrente, ela arde em chamas de novo queimando a minha mão e o pulso do rapaz.

- Mas que merda! Iisso dói, sabia?! - ele grita pela dor insuportável que o fiz sentir.

Seus pulsos estavam pingando sangue, por causa das novas queimaduras. Me sinto culpada por tê-lo feito se queimar novamente. Eu não devia ter mexido nas correntes, analiso as correntes sem encostar nelas para não queimar ele novamente, enquanto olho percebo que as queimaduras de suas pernas estavam cicatrizadas, pelo visto ele não mexia elas a um bom tempo, já que bastava apenas um simples movimento para as correntes acenderem.
Olho em volta para ver se encontro uma chave ou algo que eu possa quebrar as correntes, mas quando olho para a janela uma luz quase cegante me faz fechar os olhos por alguns minutos, percebo que ela não vai sumir e resolvo abrir os olhos, quando abro vejo que estou no meu quarto deitada e a luz do sol batia em meu rosto.

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Notas da autora

Olá!
Desde já peço desculpas pelos erros de escrita. Esse capítulo não foi revisado.
Se gostou, não esqueça de curtir e comentar.
Nos vemos no próximo capítulo.

O Castelo NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora