VII

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- Acabei de chegar, você consegue vir aqui abrir a porta pra mim? Ela está trancada. - Alex diz do outro lado da linha.

- Consigo sim, espera só um pouquinho, já tô descendo. - digo desligando a ligação.

Me levanto ainda com muito medo de ainda ter alguém aqui dentro.

- Ai! Caramba! Isso dói. - Vou até o quarto, tomando cuidado para não pisar novamente nos cacos.

- Droga, eu vou acabar sujando a casa toda de sangue, preciso de algo para parar o sangramento.

Pego uma camiseta que uso para dormir e amarro no meu pé.

- Isso deve resolver por enquanto.

Desço até a porta da sala e abro vendo Alex com um olhar preocupado em seu rosto, me analisando dos pés a cabeça.

- O que aconteceu com seu pé?! - ele pergunta num tom preocupado.

- Isso não é nada, eu dou jeito depois, não foi exatamente por isso que eu te chamei aqui. Na verdade eu queria te pedir pra você olhar os cômodos da casa, por que eu acho que alguém entrou aqui dentro. - eu estava tremendo, ansiosa e com muito medo pra me preocupar com o ferimento.

- Como assim alguém entrou aqui? Você viu alguém aqui dentro? - ele pergunta me ajudando a andar até o sofá, ainda mais preocupado do que antes.

- Eu fui na cozinha pegar café e quando ia voltar para o quarto, eu ouvi um barulho e quando eu cheguei lá meu abajur estava quebrado e tinha uma rosa na minha cama. - eu estava prestes a chorar e parecia que tudo em minha volta estava começando a girar.

- Ok calma, calma, eu estou aqui agora com você, ok? Agora respira. - ele diz me abraçando e fazendo carinho. - Vai ficar tudo bem, princesa. - ele sussurra em meu ouvido.

Quando eu era mais nova me sentia observada e isso me causava crises de pânico constantes, com o passar dos anos e com muita terapia, consegui superar tudo isso e perceber que era só coisa da minha imaginação. Mas agora era real, alguém tinha sim me seguido na biblioteca e alguém havia acabado de invadir a minha casa, o meu quarto.

- Você viu alguém ou ouviu alguma voz? - ele diz com uma voz baixa, me abraçando.

- Não, mas quando eu vi tudo isso me assustei muito, por que alguém já tinha me seguido essa manhã. E como eu já te contei eu já tive problemas com esse lance de me sentir perseguida, mas agora é real, entende? Eu sinto como se minha cabeça fosse explodir. - eu já não conseguia mais conter minhas lágrimas e sentia uma pressão enorme em minha cabeça, minha respiração já estava longe de estar compassada.

- Ei, ei, se acalma, ok? O que eu vou fazer se você ter um treco aqui? Então olha aqui pra mim e respira comigo. - ele me olha segurando meu rosto e respirando fundo e soltando lentamente. Eu acompanho sua respiração e após alguns minutos me acalmo um pouco. - Isso muito bem. - ele diz limpando meu rosto e beijando minha testa.

- Agora que você está mais calma, quero que você me conte exatamente aconteceu.

- Minha janela já estava aberta quando eu saí pra buscar o café, eu sempre deixo ela assim quando estou no meu quarto. E quando eu voltei havia uma rosa preta em cima da minha cama e o abajur que ficava no criado mudo em frente a janela estava no chão todo despedaçado. E aí eu fiquei assustada e fui procurar meu celular pra te ligar, e eu acabei não olhando para o chão e pisei nos cacos. Agora eu acho que tem alguém aqui em casa e tenho certeza de que tem um caco de vidro dentro do meu pé. - digo novamente ansiosa.

- Ok, fica calma, eu tô aqui pra te ajudar agora.- ele me abraça novamente e beija minha testa. - Eu já volto com o kit de primeiros socorros e uma pinça para tirar esse caco, espero que ele não esteja muito fundo se não vamos ter que ir ao hospital. Não saia daí, eu já volto.- ele me solta e anda em direção a cozinha para buscar o kit.

- Ok.

Após alguns minutos vejo ele vindo com um copo de suco de laranja que havia na geladeira e a caixinha de primeiros socorros.

***

- Não tem ninguém aqui, além de nós dois. Seu pé está doendo menos agora? - ele diz sentando no sofá e deitando minha cabeça em seu colo.

- Sim está bem melhor, sorte que o caco não estava tão fundo nem era tão grande.

- Você realmente é uma garota sortuda até no azar. - ele diz rindo enquanto faz cafuné em meu cabelo.

- O que você quer dizer com isso? Pra sua informação fique sabendo que eu sou uma garota de muita sorte. - digo dando um leve tapa em seu braço.

- Eu quero dizer que mesmo com o azar de pisar nos cacos, você teve a sorte de apenas um ter perfurado e não ter sido nem muito fundo, nem muito grande. Sortuda até no azar. - ele dá de ombros.

- É, pensando desse jeito realmente faz sentido. Posso te falar algo que talvez pareça loucura pra você?

- Claro que pode, você sempre pode me falar tudo o que passa por essa sua cabecinha, por mais louca que você seja, as vezes as coisas que vc diz fazem sentido. - ele diz sério como se estivesse dizendo a mais pura verdade.

- Vai catar coquinho, Alex. - digo sentando e jogando a almofada em sua cara. - Eu tô falando sério.

- Eu também, pode falar sou todo ouvidos pra você.

- Ótimo. Enfim, eu tenho tido sonhos estranhos, eles são bem realistas, tipo muito realistas, eles se passam em um castelo e tem sempre um garoto que nunca consigo ver o rosto dele, mas não vem ao caso agora, o que me deixou mais assustada é que em um desses sonhos, nesse castelo, havia um jardim com flores idênticas a essa. - aponto para a flor que agora estava sob a mesa de centro da sala.

- Ok... Você enlouqueceu de vez, tem certeza que não bateu a cabeça?

- Alex!! É sério, ok?

- Certo, certo. Mas como alguém saberia o que você sonhou? Entende? Isso é loucura talvez seja só uma coincidência, veja você veste muita roupa preta, a pessoa que invadiu sua casa, eu suponho que seja a mesma que te seguiu hoje pela manhã, ela pode ter só deduzido que seria sua cor favorita, então pintou uma rosa dessa cor e deixou em sua cama, é só uma coincidência, minha princesa, não precisa enlouquecer por algo que tem uma explicação lógica.

- Mas... Você não acha que é muita coincidência?

- É sim, mas nós sabemos que não tem seres humanos com poderes para ler seus sonhos, entende? Não se deixe levar pelas paranóias.

- Você tem razão, poderia não contar nada aos meus pais? Não quero que eles se preocupem atoa, até por que nós nem sabemos se isso tudo de stalker e etc é verdade ou só minha imaginação de novo.

- Certo, mas você tem que me prometer que vai contar se isso for verdade. Não quero que você corra perigo, você é muito importante pra mim. - ele diz segurando minhas mãos juntas e as beija.

- Eu sei, você também é muito importante pra mim. - digo sorrindo, levemente corada pelo seu ato.

***

Alex foi embora a mais ou menos meia hora, e desde que ele saiu já chequei se todas as portas e janelas estão fechadas pelo menos umas cinco vezes. Não consigo parar de pensar no fato de que alguém invadiu a minha casa, a mais ou menos uma hora atrás, mas por que não levaram nada? Entraram aqui só pra deixar uma flor pra mim? Quanto mais eu penso mais eu percebo o quão bizarro isso tudo é. Talvez seja melhor eu dormir um pouco para acalmar a minha mente.

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Notas da autora

Olá!
Desde já peço desculpas pelos erros de escrita. Esse capítulo não foi revisado.
Se gostou, não esqueça de curtir e comentar.
Nos vemos no próximo capítulo.

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⏰ Última atualização: May 08 ⏰

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