2 - Festa

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CASSANDRA

Assim que entrei na sala de aula atrasada, pedi licença ao professor e me sentei para acompanhar a aula mesmo morrendo de sono. Eu estudo na parte da manhã e na parte da tarde trabalho na lanchonete, depois que prenderam o meu carro estou me atrasando sempre, pois tinha um horário certo para acordar e ir para a escola de carro e depois para o trabalho, agora sem carro tenho que acordar mais cedo e ir andando, por mais que a escola e meu trabalho sejam no mesmo bairro eu ainda tenho que caminhar bastante.

Na hora do almoço eu me sentei na mesa de sempre, e como sempre sozinha, pois desde que Cássio se formou eu fico sozinha.

A aula finalmente acabou e fui caminhando até a lanchonete que ficava mais ou menos quinze minutos da escola, dei passos mais apressados pois o tempo em Freeridge estava fechando e tenho certeza que já já chove. Assim que entrei pela porta da lanchonete, o meu chefe Dwayne já me entregou o uniforme, hoje a lanchonete estava cheia, principalmente de alunos famintos que acabaram de sair da escola.

Fui me trocar no banheiro de funcionários e guardei minhas coisas no meu armário que havia ali, hoje a tarde seria longa e eu ainda precisava passar no mercado antes de ir pra casa.

Comecei a servir os pedidos para os clientes na mesa, inclusive a mesa em que Jamal, filho do meu chefe estava sentando junto de mais três amigos que conheço de vista, pois sempre vejo eles na escola.

_Cadê o meu pedido? -Jamal perguntou me olhando confuso quando me viu servindo apenas os lanches de seus amigos-.

_O seu pai deu ordens de não servir lanches a você. -Eu disse sem graça enquanto Jamal estava com a feição nervosa-.

_E por quê? -perguntou Jamal-.

_Ele disse que você não terá mais privilégios, porque não quer saber do futebol e não quer trabalhar na lanchonete. -eu disse-.

_Quem o meu pai pensa que é? -ele perguntou a si mesmo quase gritando-.

_O dono? -eu disse como se fosse óbvio e seus amigos gargalharam-.

_Isso não vai ficar assim! -Jamal disse em voz alta indo até o escritório de seu pai pisando firme-.

Eu voltei para o caixa e alguns minutos depois Jamal saiu do escritório com o uniforme da lanchonete e com a cara super fechada, conversou algo com seus amigos e foi pra a cozinha trabalhar. Enquanto o meu chefe fazia um gesto para seu filho como se dissesse "estou de olho". Eu ri da cena, esses dois são uma comédia.

(...)

Entrei no mercado que ficava a alguns quarteirões da minha casa, estava pegando alguns biscoitos, salgadinhos e refrigerante, uma das vantagens de morar sozinha é isso, poder comer besteiras o tempo todo sem a sua mãe falando na sua cabeça que você não se alimenta bem.

A porta do mercado fez um barulho de sino quando foi aberta, eu estava nos fundos do estabelecimento, dessa vez pegando leite. Ouvi uma voz masculina e grossa pedindo ao senhor Fernando cigarro. Olhei para a pessoa e ela estava de capuz com uma blusa de frio preta.

_Pode ficar com o troco. -o homem disse e em seguida saiu do local-.

Olhei pela janela e o mesmo entrou no Impala vermelho, e tenho certeza que era o mesmo Impala que correu contra mim a alguns dias. Corri até porta tentando ver nem que seja o rosto do indivíduo.

_Hei, Hei! -o senhor Fernando gritou-, Você tem que pagar por isso! -ele disse se levantando de sua cadeira-.

_Eu não ia sair sem pagar. -eu disse caminhando até o caixa-, A propósito, você conhece o homem que acabou de sair daqui? -perguntei ao senhor Fernando enquanto o mesmo passava minhas compras no caixa-.

Uma Profeta | Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora