Uma Profeta | Oscar Diaz

3 - Racha

CASSANDRA

Eu servia mesas enquanto ouvia Jamal e seu pai conversando no caixa. Ele tentava a todo custo convencer o pai que quer voltar para o futebol.

_Mas pai, a Cassandra estará lá, ela me verá jogando. -ele disse e eu o olhei-.

_Você só quer voltar para o futebol para não trabalhar aqui. Agora você vai fazer os dois. -Dwayne disse e eu ri da careta que Jamal fez-.

O sino da porta se abrindo fez barulho, entrando nela o mesmo cara que eu vi na festa aquele dia, o cara que eu tenho certeza que correu comigo no racha, ele estava de moletom preto, o clima em Freeridge estava chuvoso esses dias. Ele pediu um lanche e enquanto não ficava pronto eu o observava mexer no celular, seu pedido ficou pronto e eu fui na mesa servir.

_Você correu comigo no racha, não foi? -eu perguntei fazendo ele me olhar confuso-.

_Não. -ele respondeu apenas e mordeu seu sanduíche-, Eu não corro. -ele disse e eu sabia que estava mentindo-.

_Você vende o Impala? -eu perguntei fazendo-o rir-.

_Eu não vou te vender o meu carro. -ele disse me olhando nos olhos agora, eu não disse nada apenas saí dali, cara grosso-.

OSCAR

Eu saí da cadeia a algumas semanas, fiquei preso quatro anos, mas comandando tudo lá de dentro, antes de eu ir preso as gangues entraram em uma trégua, e desde então sem guerras. Eu fiquei quatro anos recluso, nesses quatro anos eu não pude cuidar do meu irmão de perto, mas sempre tentei cuidar de longe, nunca esteve nos meus pensamentos o meu irmão mais novo na gangue, mas essa era a única maneira de tornar a vida do César mais segura.

No dia em que eu saí da prisão eu vi o Latrel rodeando a nossa área, os profetas querem acabar com a trégua a qualquer custo e tomar a minha área, e isso não vai ser fácil pra eles!

Eu sentia falta disso, da liberdade, das festas, das mulheres e dos rachas. No mesmo dia que sai da prisão eu fui correr, senti falta do meu carro. E em outro racha eu corri com uma garota novinha, perguntei dela pros caras do racha e me disseram que ela sempre morou aqui, eu nunca a vi, e também de quatro anos atras para hoje muitas pessoas se mudaram pra cá, depois vi que ela trabalha da lanchonete do Dwayne, ela até me perguntou se eu corri com ela e eu neguei.

Estava sentado na sala tomando meu uísque quando Karina entra na minha casa, sem ao menos bater, quando fui preso já me envolvi com ela e agora que eu saí eu procurei por ela, porém ela está levando as coisas para outro lado, eu não quero relacionamento, não quero gente pegando no meu pé, eu e ela transamos e depois falei que ia resolver coisas da gangue, se eu falasse que ia pro racha ela ia querer vim atrás e eu não tô afim.

Fui para o racha que eu ia participar hoje, não é pelo dinheiro, é pela adrenalina de correr, eu ia correr com um amigo mas vi aquela garota chegando e fiz mudarem para eu correr com ela, de novo.

(...)

CASSANDRA

Eu me preparava para mais um racha, agora em um Opala SS 1976, azul com preto, que Cássio havia acabado de reformar. Eu achei que ia correr com outra garota mas o carro que parou ao meu lado foi aquele Impala 67 vermelho, o cara que ganhou a última ia correr comigo de novo.