5 - Dorme Comigo

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CASSANDRA

Hoje eu acordei disposta a falar com Miguel, eu não vou admitir que ele coloque o Rodrigo na gangue sendo que ele prometeu ao meu pai que o caçula iria ter o destino diferente, eu não vou permitir Miguel colocar ele nessa sujeira toda. Não vou!

Adentrei a casa que era ponto de encontro dos profetas, a casa que eu morei a infância toda, todos me olharam, alguns riram e outros me olhavam um tanto surpresos pela minha presença ali.

_Eu não vou admitir! Você não vai colocar ele no meio dessa sujeira! -eu disse gritando e apontando o dedo para o rosto de Miguel assim que parei em sua frente, que me olhou com o olhar calmo de sempre-.

Ele não disse nada, apenas fez um sinal para que todos os profetas saíssem da casa e nos deixassem a sós.

_Você tá maluca? Gritar comigo na frente de todos. -Miguel se pronunciou pela primeira vez-, Você não faz parte disso mais!

_Eu não quero saber, Miguel. Você fez uma promessa! -eu disse ainda com o tom alto-, O Rodrigo não vai fazer parte disso.

_E quem você pensa que é pra tomar uma decisão dessas? Uma decisão que vai contra a minha. -ele perguntou com um leve tom de deboche-, Você resolveu sair, você quis assim.

_Eu sou irmã dele, e sua irmã. Que presenciou você fazendo aquela promessa antes do nosso pai morrer. -eu disse agora com o tom de voz mais baixo-.

_Eu só prometi aquilo porque era o que ele queria ouvir naquele momento, Cassandra. Você não decide mais nada desde o dia que decidiu sair! Você não faz parte disso, não pode decidir por mim. -ele dizia tudo aquilo em um tom calmo e isso me dava nos nervos-, Você sabe que é para a proteção do Rodrigo, e está decidido. E vê se não se intromete mais, você não é mais parte da família. -ele cuspiu as últimas palavras-.

_Isso não vai ficar assim. -Sai dali pisando firme, e só quando estava bem longe daquela casa eu me permitir chorar-.

1 mês depois

Finalmente a data que eu esperava ansiosamente estava perto de chegar, o meu aniversário, o que significa que vou completar a maioridade e tirar o meu carro que foi apreendido pela polícia semanas atrás, eu poderia muito bem comprar outro carro, mas não é tão simples assim quando você tem apego em algo, ainda mais porque foi um presente de alguém que não está mais aqui, aquele carro me lembra o meu pai, me sinto perto dele quando dirijo, por isso não vejo a hora de resgatar ele de vez.

Já haviam se passado um mês desde que Oscar tinha aparecido no meu quarto pela última vez, querendo terminar algo que não deveria nem se quer ter começado, e depois do que eu disse a ele, que não curto caras gângsters ele simplesmente sumiu, nos rachas eu não o via direito e quando ele estava com César, que me cumprimentava tanto nos rachas quanto na escola, ou sempre acompanhado por mulheres diferentes, o que era bom e fazia com que ele nem me olhasse. Um problema a menos.

Neste momento eu estou me arrumando para uma festa que Cássio vai dar em sua oficina. Eu preciso disso para distrair a minha mente, esse mês me deu tanta dor de cabeça, não paro de pensar em Rodrigo. Me arrumei, coloquei um vestido preto, uma jaqueta de couro e meu cabelo estava ondulado, e assim que sai pela porta de casa Cássio já me esperava em seu carro.

_Anda logo Sandra, sou o dono da festa e estou aqui. -Cássio disse me fazendo gargalhar-.

_Logo mais isso acaba, quando eu pegar meu carro você se livra de mim de vez. -Brinquei-.

_Não vejo a hora. -ele disse e por fim riu-.

Eu tinha que admitir, o Cássio era muito bom e fazer festas, era uma festa melhor que a outra, e essa superou minhas expectativas. Eu fui me servir com alguma das várias bebidas que tinha ali e quando me dei conta já estava em um assunto sobre carros a quase uma hora com Rômulo.

_Eu lembro da sua primeira corrida, como poderia esquecer. -ele disse e riu-, Eu apostei na sua adversária e perdi porque você ganhou.

_Ta vendo, desmereceu o meu potencial e saiu no prejuízo. -eu disse rindo e bebendo um pouco da minha cerveja-.

_O papo tá ótimo, mas eu preciso por limites no meu irmão. -Falou apontando para um garoto que estava bebendo várias doses de tequila-, É a primeira festa dele, então você já sabe. -ele disse e eu assenti rindo da cena do garoto se acabando com as bebidas-.

_Eu achei que você não curtia gângsters. -Uma voz rouca se pronunciou atrás de mim, porém um pouco afastada-.

_E não curto. -disse em seguida, olhando para Oscar que escolhia alguma bebida-.

_Você sabe que Rômulo é um, não sabe? -ele perguntou ainda sem me olhar-.

_Sei, eu estava apenas conversando com ele. -disse e por fim Oscar saiu andando-.

Eu não tinha nem me tocado que Oscar estava nessa festa, Cássio não tinha me avisado que ele viria. Observei Oscar caminhar até uma garota ruiva, com certeza a acompanhante dele esta noite.

_Que ótimo amigo você é. -eu disse me aproximando de Cássio-, Não me avisou que Oscar iria vir.

_Eu imaginei que você sabia, ele sempre frequenta nossas festas. -Cássio disse-, Por favor profeta, fique longe daquele santo. -eu ri-.

Eu havia contado a Cássio tudo que aconteceu, e ele sabendo da família que sou sabia da merda em que eu tinha me metido. A gangue da minha família, é bastante odiada em Freeridge e fora de Freeridge também, como por exemplo, Rômulo é de uma gangue chamada Sureños, fora do bairro, são aliados aos Santos, ou seja, odeiam profetas. A única pessoa que sabe sobre o meu passado é o Cássio, então ninguém mais sabe, e eu fico aliviada, por isso e por profetas não participarem dessas coisas, não gosto de ser associada a eles.

Eu havia bebido cerveja e algumas doses de tequila, mas não estava tão bêbada a ponto de cair. Oscar estava um pouco longe de mim, do outro lado da festa mas em alguns momentos eu o via me encarando, esse cara é maluco.

Caminhei para os fundos indo direto ao banheiro, apenas para olhar como estava meu rosto e meu cabelo, já que arrumei na pressa para vir a festa, quando sai do banheiro me dei de cara com Oscar, ele estava encostado na parede com um baseado na mão.

_O que você quer? -perguntei olhando para ele-.

_Talvez eu esteja aqui para usar o banheiro também. -ele disse em tom de deboche-.

_Sinta-se a vontade. -eu disse e sai andando, sendo segurada pelo braço por ele-.

_Dorme comigo hoje, Niña. -sussurrou a última palavra cheirando meu pescoço-.

Eu não tive tempo de responder, Oscar colou nossos lábios em um beijo nada suave, mas bom, muito bom. Ele apertava a minha cintura com firmeza. Só paramos aquele beijo porque o ar faltou.

_Eu não vou dormir com você. -eu disse pegando o baseado de sua mão e tragando, devolvendo para o mesmo logo em seguida-, Você está acompanhando, daqui a pouco ela se dá conta que você sumiu.

_Se eu não estivesse acompanhando, você dormiria? -perguntou em tom malicioso-.

_Não, eu não dormiria. E você sabe o porque. -eu disse fazendo ele respirar fundo-.

_Qual é, Cassandra. Esse papo não cola. -ele disse colocando a mão na minha cintura-, Nós dois queremos isso, simples. Eu tô louco pra te levar pra cama.

_Vai sonhando! -eu disse e sai dali logo em seguida, Oscar me tira do sério com esses joguinhos dele, e a bebida que eu ingeri estava começando a ficar com gosto de "e se eu cometer esse erro" e isso não era nada bom!-.

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⏰ Última atualização: Sep 04 ⏰

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Uma Profeta | Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora