A Garota do Arco e Flecha •Camren•

Capítulo 18 - Contato

POV Lauren

O sol já estava se pondo e eu ainda brincava com as chaves de Madonna que Zendaya conseguiu pegar pra mim. Eu era a única no gramado ali, ao lado de fora da escola, porque todas as meninas já tinham adentrado o colégio após o treino para tomar banho. Suspirei inúmeras vezes enquanto olhava pra torre. A verdade é que eu tinha medo do que encontraria lá dentro. Tudo bem que era provável que eu não encontrasse nada além das coisas que as meninas faziam na noite das vadias, mas ainda assim eu sentia medo.

Eu resolvi sentar na cadeira de balanço assim que cheguei, há meia hora atrás. Eu precisava agir logo, e caso Zendaya me visse ali, me mataria na hora. Eu precisava tomar cuidado pra que Madonna não percebesse a falta da sua chave. Enchi meus pulmões de ar e levantei tomando coragem pra ir até a torre. A cada passo que eu dava eu sentia meu ser derretendo pelo chão, deixando rastros do misto de sentimentos que eu carregava naquele momento. O que sobraria quando eu chegasse na porta? Essa era uma pergunta fixa na minha mente.

Aquele final de tarde estava lindo e enquanto caminhava me permiti admirar a coloração do céu, um laranja intenso acompanhado de um azul e rosa em contraste bem fraquinho. Não tinha uma nuvem no céu. Olhei pra frente de novo em direção a torre e faltando quatro passos pra eu finalmente abrir a porta um turbilhão de coisas passaram na minha cabeça: meus pais, o internato, casos estranhos, a morte de Taylor, Camila, as evidências e a garota do arco e flecha. Enfim, cheguei.

Por um momento eu não soube ao certo o que fazer. Talvez agir por automático fosse uma boa ideia. Enquanto eu abria a porta, dei uma olhada pra trás pra ver se ninguém estava me olhando. Depois disso entrei no local e fechei a porta.

O silêncio veio na mesma hora e eu podia escutar a minha própria respiração ofegante. Eu ainda estava encostada na porta quase desistindo de tudo e saindo dali. Aquele lugar era escuro e me dava medo, não era mais tão agradável como na vez da noite das vadias. Como ainda não tinha anoitecido, o local estava meio iluminado por buracos pequenos das paredes e por algumas janelas que permaneciam fechadas. Ameacei dar um passo a frente e nada aconteceu. Dei outro e nada aconteceu também. Quando percebi já estava andando pelo local, vasculhando pistas.

Tinha alguns caixotes espalhados pelo chão, muita poeira e algumas garrafas de bebida já usadas - provavelmente da noite das vadias.

Meu deus! Ninguém entra aqui, pelo visto.

Tirei essa conclusão porque o lugar era sujo e muito mal cuidado, e fiquei pensando como alguém poderia se esconder ali. O lugar era até grande, porém não tinha esconderijo nenhum por ali. O início da noite estava começando a dificultar minha busca porque o ambiente ficava cada vez mais escuro. Eu sabia que não tinha muito tempo.

Mais caixas. Mais garrafas. Uma lanterna e um abajur colorido. Poeira. Nada de suspeito.

Avistei a escada que dava acesso ao topo da torre e me questionei se valia a pena subir todos aqueles degraus pra não encontrar nada. Minha mente não iria sossegar até eu ver com meus próprios olhos, então se fosse pra subir eu deveria fazer isso o mais rápido possível.

Como era uma escada única, não precisei me preocupar se haveria alguma entrada que eu precisasse vasculhar. No entanto a escada era enorme, tinha muito degrau. Eu sei que eu estava em treinamento, mas puta merda, eu estava sem fôlego e não estava nem na metade ainda.

Agora eu sei de onde vem o condicionamento físico da garota misteriosa.

Depois do que parecia ser uma eternidade, consegui finalmente chegar no topo da torre. E confesso que meu queixo caiu quando cheguei até lá.

Era uma sala pequena com três janelas grandes que tinha uma vista incrível que ia muito além da escola. Eu podia ver as estradas, as árvores, a floresta, um pouco da cidade, o campo, o céu em sua extensão completa, tudo. Eu podia ver tudo e mais um pouco. E o que mais me deixou espantada é que essa mesma sala estava devidamente limpa. Muito limpa, por sinal. Havia uma mesa não muito grande e duas poltronas posicionadas no canto da sala. Tinha também algumas madeiras atravessadas no teto, mas não consegui ver direito pela escuridão. Na verdade todo lugar estava escuro, mas não senti medo, afinal a luz da lua iluminava um pouco a sala dando um ar muito agradável de harmonia. Notei também que o local tinha um aroma muito bom. Era um cheiro que nunca senti antes.