Dante
— Você não precisa ficar com medo de mim, Any.
Ela me olha intrigada.
— Como você sabe meu nome? Não lembro de ter te falado.
Eu sorrio com a pergunta. - Tenho meus meios de descobrir o que quero.
Ela me olha de cima abaixo franzindo a testa. Se soubesse como me deixa com tesão fazendo essa cara de má.
— É sério, o que você está fazendo aqui, Dante?
— Já disse, quero saber sobre você e sua tara de gravar pessoas.
Ela revira os olhos suspirando profundamente. Acho que se não tivesse tanto medo de mim me daria um tapa agora.
— Não é tara.
— Você é muito cara de pau, garota. Invade a privacidade dos outros e acha que não tem nada de errado nisso? - Não resisto em provocá-la.
— Não dá pra resumir meus atos a isso. Eu sou fotógrafa, eu gosto de observar pessoas no seu cotidiano. Não tenho culpa que você e seus vizinhos gostam de transar com a janela aberta.
Gargalho genuinamente. A tarada agora culpa a gente pelas gravações que ela fez. Chega a ser cômico.
Olho para o tripé à minha frente me recompondo da crise de risos e pego a câmera presa a ele. - Posso ver?
A garota me olha por uns instantes. - Eu disse que apaguei os vídeos. Agora só tem fotos de pessoas no dia-a-dia, nada demais, mas se quiser, vá em frente. - Any se levanta. - Vou fazer um café.
Observo-a andando até a cozinha. Não consigo me concentrar no que vim fazer de fato aqui. Corro os olhos pelo seu corpo inteiro enquanto Any prepara o café pra gente. Ela é linda demais. Os olhos amendoados e a boca pequena, bem desenhada... que vontade de beijar esses lábios, passar minha língua neles e sentir o seu gosto. Os seios também chamam minha atenção. Eles são na medida certa, nem grandes nem pequenos. Ficariam perfeitos nas minhas mãos. Cintura fina e quadril largo. Parece até o corpo de mulheres latinas. Deve ter alguma descendência. Me pego imaginando como seria comê-la agora em pé ali na cozinha.
Puta merda, Dante, se concentra!
Volto minha atenção às fotos na câmera. Vasculho, mas não acho nada de diferente. De fato, como ela disse, são pessoas em seu cotidiano, nada de erótico.
Mais a frente dou de cara com uma foto que arranca um leve sorriso dos meus lábios.
— Achei uma foto minha. - Digo para ver sua reação.
Ela me olha e levanta a sobrancelha.
— Você está fumando na janela do seu apartamento, se não me engano.
Impressionante como ela responde firme, sem titubear. É justamente isso.
— Achei que fosse encontrar uma foto minha pelado.
Any caminha até mim em silêncio e retira a câmera da minha mão. Analisa a foto por uns segundos e depois me diz que foi a primeira vez que me viu. Tirou a foto porque viu nas minhas feições que eu estava preocupado.
— E sim, já te vi pelado inúmeras vezes. Você parece desconhecer a função da cortina na janela da sua sala. - Diz ela enquanto retorna para a cozinha após me entregar a câmera novamente.
— Realmente eu não uso muito as cortinas. Nem roupas.
Mexo no aparelho em minhas mãos e coloco em modo de gravação. Não sou profissional como a dona do objeto, mas sei manusear uma dessas. Aponto para meu prédio e Any me adverte para ter cuidado, pois a câmera custou caro.
— Não precisa se preocupar. - Digo tentando tranquilizá-la. - Se quebrar te dou uma melhor.
Posso escutá-la esbravejando algo na cozinha. Acho que me xingou, mas continuou olhando meu apartamento com a câmera. Nenhum movimento. Espero que tenham mordido a isca. Já era para estarem aqui.
— O que está fazendo?
Ela chega sem que eu perceba, trazendo uma xícara com café pra mim. Deixa no parapeito da janela junto com o pote de açúcar e se senta novamente ao meu lado. Me surpreendo, pois não pedi dessa vez.
Posiciono a câmera de forma que continue gravando meu apartamento. Fico observando-a enquanto bebo o café amargo e quente, do jeito que ela trouxe. Noto que a deixo meio desconcertada, mas não consigo tirar os olhos dela.
— Eu disse que você não precisa ter medo de mim. Não vou fazer nada pra te machucar.
— Você apontou uma arma pra minha cabeça, como quer que eu fique à vontade? Sem contar que você está impondo sua presença aqui na minha casa. Eu não te convidei, mas você veio mesmo assim.
— Não precisa ser tão hostil. - Gosto do jeito que ela me enfrenta.
Deixo o café no parapeito e chego mais perto dela, fazendo-a encostar na parede. Ergo a mão até seu rosto, acariciando as maçãs de sua bochecha com o polegar. A respiração dela está acelerada.
— O que você quer, Dante? Vai me forçar a transar com você?
Any fala com um misto de raiva e medo. Isso me tira do meu transe, não quero que ela tenha medo de mim, de fato preciso ir mais devagar. Retiro minha mão do seu rosto e me afasto.
— Claro que não vou obrigá-la a nada. Eu não preciso forçar uma mulher a fazer sexo comigo.
— Então vai embora, por favor.
Respiro fundo frustrado. Eu sei que mexo com ela, mas vou lhe dar esse espaço.
Levanto calmamente e vou até a bancada da cozinha, onde vejo uma caneta. Escrevo meu número em um papel que encontro por ali e entrego para ela.
— Me liga quando quiser me conhecer de verdade.
Desculpa a demora em postar os capítulos, gente, mas a vida de mãe, esposa, dona de casa e empresária é corrida demais! Conciliar isso tudo com a paixão pela escrita é desafiador!
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Através da Minha Lente
RomanceAny é uma talentosa fotógrafa em ascensão com um hobby inusitado e provocante. De seu apartamento, ela espia a vida dos moradores do prédio em frente, registrando com sua câmera cada detalhe, especialmente as cenas de paixão ardente que ocorrem sem...