Manhattan, NY, 09 de janeiro de 2022
Dom Giovanni Moretti
Eu estou velho, não tenho mais idade pra isso. Mas não adianta, se eu afrouxar, os carcamanos montam em cima, então eu mesmo tenho que dar uma lição no traidor.
— Dimitri, como você pôde me trair assim?
Ele me olha com dificuldade, revelando o olho inchado e o rosto ensanguentado. Sei que não vai conseguir falar agora, está quase desacordado depois da surra, mas é o suficiente para pensar enquanto eu descanso.
Vou até o banheiro do escritório e lavo as mãos. Tem sangue do Dimitri nelas.
— E a porra do meu sobrinho que não chega. Está dez minutos atrasado o filho da puta.
Esbravejo enquanto me lavo. Do lado de fora, um dos meus homens de confiança avisa que Dante está chegando. Já não era sem tempo.
— Cacete, que estrago!
Ouço meu sobrinho falando em tom de escárnio sobre o estado de Dimitri.
— Porra, até que enfim, Dante!
— Foi mal, tio, tive um contratempo.
— Conheço os seus contratempos, garoto. Certeza que passou a noite comendo alguma puta.
— Não viaja, tio.
O safado ri na minha cara, claro que ele estava com alguém, mas isso não me interessa agora. Dante é o melhor em fazer alguém falar e ele vai conseguir que Dimitri abra o bico.
Dante
Meu tio fez um estrago. O cara está desmaiado, mas nada que um balde de água fria não resolva. Peço ao Levy que traga um pra mim.
Analiso bem o filho da puta traidor. Ele vai abrir o bico, vai dizer quem armou pra mim, nem que eu fique aqui o dia inteiro.
— O que ele falou até agora? - Pergunto para meu tio, que chega do banheiro enxugando as mãos e os braços.
— Nada demais. Só repetia que estava protegendo a família dele.
— Protegendo a família?
— isso
Talvez minha abordagem deva ser outra.
Levy chega com o balde de água fria e eu aceno com a cabeça pra que ele jogue em Dimitri. O cara leva um susto fodido assim que é atingido pelo líquido gelado. Ele me olha e eu praticamente vejo sua alma sair do corpo. Ele me conhece. Ele sabe o que estou fazendo ali.
— Descansou?
— Dante, por favor… A Rose… as crianças… eu fui obrigado.
Pego uma cadeira e me sento bem na frente do Dimitri. Acendo um cigarro e ofereço a ele, mas o traidor recusa. Então dou um trago e solto a fumaça devagar, em sua direção.
— O que houve com a Rose e as crianças?
Ele gagueja algo inaudível e eu peço para repetir. Escuto um "não posso" muito baixo, quase como uma súplica.
— Alguém está ameaçando sua família?
Ele se mantém calado.
— Eu vou protegê-los pessoalmente, Dimitri. Só que preciso que você diga quem mandou vocês para o meu apartamento e quem armou pra mim no encontro com os sicilianos.
— Você não pode…
— Não posso o quê?
Ele me olha e diz que não pode dizer nada senão a família vai morrer. Eu digo que mando alguém para buscá-los e Dimitri se desespera. Pede que eu não faça isso, pois podem estar vigiando e se alguém aparecer perto de sua família, eles serão mortos.
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Através da Minha Lente
RomanceAny é uma talentosa fotógrafa em ascensão com um hobby inusitado e provocante. De seu apartamento, ela espia a vida dos moradores do prédio em frente, registrando com sua câmera cada detalhe, especialmente as cenas de paixão ardente que ocorrem sem...