XII - Traição

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Naquela noite, Heitor revirava as gavetas da mesa de Luna. Percebeu que ela havia esquecido o notebook pessoal, mas para acessar ele precisaria da ajuda de alguém especializado e demorariam horas que ele não tinha. Aproveitou que todos haviam ido embora para mexer no computador do laboratório, no qual a jovem trabalhava na pesquisa. De posse da senha mestra, ligou o aparelho e colocou um dispositivo para fazer a cópia dos dados sobre o Eternal.

Por alguns segundos, ficou hipnotizado olhando as moléculas da substância ativa girando na tela. Pensou em tudo o que aquela invenção representava para ele. Sacou o pendrive e o pôs no bolso.

De repente, ouviu o som de uma porta abrindo. Ele virou-se assustado.

— Heitor, o que faz com a minha máquina ligada?

— Luna?

Ele, rapidamente, desligou o computador.

— Eu estava conferindo se os computadores estavam desligados para eu fechar o laboratório. Sempre fico aqui até mais tarde. E quanto a você? O que faz aqui a essa hora?

Ela esmiuçou desconfiada a sua mesa; olhou para o seu computador.

— Esqueci do meu notebook na gaveta. Preciso dele para pegar alguns dados que tenho de enviar para a nuvem.

Heitor ficou estático na frente dela e alguns segundos de silêncio reinaram no ambiente. Luna revirou os olhos estranhando a inércia dele.

— Poderia me dar licença? Você está encostado justamente na gaveta que preciso abrir.

— Ah! Sim... Me desculpe.

Heitor olhou para a mesa e saiu da frente dela.

— Mas você havia me dito que a fórmula estava pronta. Não foi isso?

— Está! Mas gosto de conferir meus dados quando alguma dúvida aparece. Nada melhor do que ter tudo à mão. Não vivo sem meu notebook. Aos poucos, estou passando todos os meus aplicativos para o smartphone. Fica mais prático. Mas você sabe... Alguns programas funcionam melhor no computador e outros mais pesados precisam ser guardados na nuvem.

— Acho que faz muito bem — ele disse meio sem graça.

Despediram-se e ela desceu pelo elevador. Lá embaixo, Fábio a esperava para levá-la para casa. Furiosa com o que tinha visto, ela resolveu desabafar com o noivo.

— Você acredita que o Heitor estava fuçando de novo no meu programa do computador?

— Será que não estava tirando alguma dúvida sobre o trabalho de vocês?

— Mas, quando saímos, tudo já estava desligado e ele pode me perguntar sobre qualquer dúvida que tenha, inclusive, se for urgente, pelo aplicativo de mensagens.

— Nesse caso, também acho esquisito.

— Fico nervosa quando desconfio de alguém. Às vezes, penso que há outros interesses por trás desta pesquisa. Comerciais, entende?

— Opa! Agora me interessei também — ele sorriu ao comentar.

— Pare de bobeira, amor. Estou falando sério.

Fábio também fechou o semblante e continuaram até o caminho de casa em silêncio. Luna estava com raiva e tentava descobrir o que se passava. Pensava em Paulo, sua colega Roberta e Heitor, todos filmando o trabalho dela com os olhos, o dia inteiro.

Quando chegaram em casa, ela o convidou para subir e, como ele também queria cumprimentar Solange, aceitou.

Logo no hall de entrada, a jovem ouviu uma voz grossa.

Luna e o Elemento EternalOnde histórias criam vida. Descubra agora