Dança macabra

Cubo mágico

E enfim chegamos ao final de tudo,era só eu e ela,um encarando o outro na sala de estar,seu olhar penetrava no meu,meu medo havia acabado,meus punhos estavam cerrados enquanto a fúria se expandia dentro de mim,seria ela?,a ultima das irmãs?,usava um vestido azul longo,seus cabelos eram negros como a noite,parecia a mais nova das três,tinha um andar quase rastejante,ao seu lado estava aquela criatura,tinha sangue saindo de sua boca e rosnava para mim.

-Você tirou tudo de mim,minhas irmãs eram tudo que tinha,e agora,estou sozinha

Falou ela quase gritando,ela estava muito irritada,eu podia sentir sua ira emanar de seu corpo,seus olhos não piscavam,e em sua boca tinha uma feição macabra com dentes de um tubarão.

-Você sabe que eu nunca machucaria ninguêm se não houvesse necessidade

-Claro

-Disse ela e logo depois riu baixo,uma risada que foi ficando bizarra e histérica.

-Você...acha mesmo que nessa história você é o mocinho?

-Perguntou ela me olhando com desdém.

-Não,não mesmo,aqui não a os certos e os errados Davi,não a anjos e demônios,cada um nesse mundo é algo ruim,matando para sobreviver,se banhando no sangue daqueles que mataram,sua mã...

-Não

-Gritei antes que ela completasse a frase.

-Minha mãe é uma mulher boa,sempre foi.

-É?,bom,se ela é tão boa,por que meu reino e o de minhas irmãs foram destruidos?

-Fiquei perplexo com o que ouvi,mas não podia acreditar nela,não passava pela cabeça que ela havia feito aquilo.

-Não acredito em você

-Pois bem,veja então

-Falou ela,então foi quando vi em uma espécie de globo que ela projetou flutuando ao redor da sala uma imagem,havia fogo e o céu estava escuro,gritos e mais gritos,sangue sobre a grama queimada,e em cima de uma montanha estava o que parecia ser,minha mãe,com os braços erguidos ao céu,não parecia a mesma que eu havia visto antes,havia raiva,muita raiva nela,então a esfera sumiu.

-Não somos perfeitas Davi,mas,tenha certeza que sua mãe tambêm não foi

-Falou ela me olhando com os olhos marejados

-Não pode ser

-Essa casa se tornou o refúgio para essas pessoas,só aparecemos quando eles pedem,quando clamam por nós,não interferimos se não somos convocadas.

-Falou ela indo até a janela,as pessoas continuavam lá,olhando em direção a casa

-Mas,isso não pode continuar,são vidas inocentes que vão para continuar isso.

-Falei a olhando ainda de costas

-Eu posso ajudar,posso tentar algo para parar esses sacrifícios

-Ela se virou me olhando com dúvida

-Pode?

-Posso tentar

-Ofereci minha mão a ela que segurou,olhei para o teto,fechei os olhos e senti meu corpo desligar,parecia que não estava mais ali,abri meus olhos e vi a casa,eu estava em outro plano,via as pessoas lá em baixo,então movimentei minhas mãos criando assim uma espécie de cubo,comecei a mexer as peças e ouvi o som de trombetas,era a casa,a casa girava conforme eu ia movimentando o cubo,continuei,e assim os sons foram aumentando,foi quando senti um barulho alto de gritos de agônia e desespero que me fez sair do transe rapidamente,cai no chão de joelhos tampando os ouvidos,era um som desagrável,parecia mil pessoas gritando de dor,mesmo assim continuei até que o cubo estivesse resolvido,e assim quando conclui ouvi o som de trombetas soarem e voltei para a realidade,abrindo meus olhos senti a casa balançar,em seguida todos os comodos foram mudando de lugar,as coisas retornando,o que havia sido quebrado se reconstruia,depois de tudo aquilo ouvimos o som de chuva que vinha do lado de fora,nos olhamos e fomos até a janela onde finalmente o dia nascia com a chuva caindo sobre a terra.

-Acabou!

-Falei

-Sim

-Falou ela num tom baixo e calmo,depois daquilo nos despedimos,em um abraço falei em seu ouvido.

-Sinto muito por suas irmãs,sei o que é perder alguêm importante,e lamento muito por tudo que minha mãe fez.

-Ela agradeceu e então caminhou até sumir ao longe,tudo estava mais calmo agora,a chamada dança macabra virou uma história naquele lugar,as pessoas ainda lembravam,mas no fim,para eles era tudo uma história de terror contada muitas e muitas vezes.