Chapter Eight: Care and Affection

305 41 1
                                    

— Mamãe! — Henry contorceu o rosto numa feição confusa, enquanto observava a cena em sua frente. — Mamãe?

Enquanto isso, Josh revirava uma caixinha azul, cheia de papéis, parecendo procurar por algo importante. Normalmente isso não acontecia. Josh era tão tremendamente organizado com suas coisas particulares que sabia onde estavam seus pertences antes mesmo de pensar em procurar. Apesar de sua vida ter sido uma bagunça por muito tempo, e às vezes ainda parecer um navio desgovernado navegando por um mar revolto, ele gostava de certas coisas em ordem, prezando por pelo menos um pouco de controle. Mesmo que ele e Henry ainda não tivessem tudo o que queriam ter, tinham tudo o que precisavam, e Josh gostava de cuidar para que tudo ficasse no lugar.

O fato é que nem tudo está sob seu controle, e certas coisas na vida não se pode prever ou atrasar, às vezes, o controle nos escapa, e as coisas simplesmente acontecem. É assim que Josh passou a enxergar a volta de Noah em sua vida. Algo que ele não pôde prever, que não podia atrasar, e que estava fora de seu controle. A permanência de Urrea na vida de Henry o deixava confuso, perdido e incerto, sem saber para onde ir e o que fazer.

— O que foi, querido? — Josh olhou para o mais novo, meio perdido.

— Viu meu paninho? — O garotinho perguntou, cheio de esperanças, seus olhinhos brilhando como se fosse chorar a qualquer momento. — Deixei na cama, mas não está lá.

— Oh, desculpa, meu amor — Josh suspirou, deixando sua caixa de lado por alguns instantes. — O coloquei na área de serviço, precisava lavar.

— Cheirinho? — Henry pareceu desesperado, apertando seus dedinhos uns nos outros com mais força do que deveria. — Vai tirar meu cheirinho, mamãe!

O paninho de Henry tinha um cheiro especial para ele. Desde que aprendera a se aconchegar no tecido simples, o pequeno Beauchamp considerava aquele pedaço de pano como um amuleto de proteção, e acreditava que havia um aroma único, que podia levá-lo de volta para casa, se ele ficasse perdido. Apesar disso, Josh precisava lavar o pano, para que não tivesse que um dia jogar no lixo. Costumeiramente, Josh o lavava quando Henry estava fora ou dormindo, pois assim teria alguma distração e não se importaria imediatamente com seu amuleto. Dessa vez, ele se esqueceu, e acabou colocando o paninho para lavar sem que pudesse esconder de Henry.

Esta é apenas uma das diversas coisas que estão fugindo de seu controle ultimamente.

— Não, querido — Josh decidiu deixar a caixa para depois, preocupado em pegar seu filho no colo e o embalar em carinho. — O cheirinho ainda estará lá quando o pegar de volta.

Um cheirinho melhor e muito mais agradável, Josh queria acrescentar, mas preferiu manter aquilo apenas para si mesmo.

— Tudo bem — Henry fungou, abraçando sua mãe com força. — Mamãe nervosa?

— Oh, não, não, meu amor — Josh sorriu, devolvendo o filho ao chão. — São apenas algumas cartas da adolescência, que são muito importantes para mim, sabe?

— Cartas do papai? — Curioso, Henry perguntou.

Josh sorriu para a esperteza do filho, sabendo que nunca conseguiria esconder algo dele por muito tempo.

— Cartas do papai — Josh concordou, sustentando um sorriso leve. — Hmm... Eu vi algo na internet que me lembrou uma das cartas. Gostaria de vê-la, entende?

— Papai fez cartas para mim também? — Inocentemente, Henry perguntou, esperança brilhando em seus olhinhos.

A pergunta pegou Josh desprevenido, sequer sabendo como dizer ao pequeno que não haviam muitas coisas para ele deixadas por seu pai, porque seu pai não sabia de sua existência até alguns dias atrás.

One Million Reasons To Stay || N.B  Onde histórias criam vida. Descubra agora