Capítulo 8: Gatilho

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"Você está adiantada."

"Você não me deu um tempo específico."

"Não," Severus disse, admitindo o ponto. "Acho que não."

Ele acenou para Hermione em seu escritório, fechando a porta com um movimento de sua varinha. Esvaziando o resto de seu chá, ele se levantou de sua mesa, gesticulando para o retrato solitário que estava pendurado na parede.

"Arte sublime, você não concorda?"

Ela levou um minuto para localizá-lo, meio escondido entre prateleiras altas. Era uma gravura pequena e tosca, ocupada por um bruxo de rosto azedo com nariz bulboso.

"Hum, sim, é muito bom."

"Cinco pontos da Grifinória."

"O que?!"

"Cinco pontos", ele repetiu. "Agora me diga o que você realmente pensa."

"Seu..."

"Sim?"

"É o retrato mais feio que eu já vi."

"Uma avaliação justa. Cinco pontos para a Grifinória."

Ele a ouviu murmurar baixinho, certo de que ela tinha acabado de chamá-lo de idiota. Isso só aumentou sua diversão, seus lábios se contraindo enquanto a pintura bufava em protesto.

"Feia? Como você se atreve..."

"Não apenas feio", disse ele ao retrato. "Positivamente horrível."

"Se você não gosta disso," Hermione disse, "por que você o mantém aqui?"

"Não por apelo estético, eu lhe asseguro. Revelio ."

"Desapareça."

"Revelio," ele repetiu, brandindo sua varinha para dar mais ênfase. Murmurando uma enxurrada de obscenidades, o retrato deslizou para o lado, revelando uma escada em espiral.

"O que é isso?"

"Meu laboratório pessoal. Venha."

Eles desceram as escadas, seguidos por uma forte inspiração de Hermione. Claro, ele não ficou surpreso com a reação dela. Ao contrário da sala de Poções, seu laboratório apresentava uma impressionante variedade de equipamentos, caldeirões de estanho brilhando sob as velas flutuantes. Era o único luxo que ele se permitira ao longo dos anos, um santuário escondido para o qual poderia escapar sempre que as circunstâncias permitissem.

"Sente-se", disse ele, arrancando vários potes das prateleiras. "Isso não vai demorar muito."

A fabricação de cerveja era intimamente familiar, embora nunca tivesse deixado de ser hipnótica. Toda a sua consciência estava reduzida à tarefa em mãos, cortando e mexendo, medindo a quantidade exata de ingredientes. Só quando ele colocou os caldeirões para ferver ele se lembrou de Hermione, intrigado com seu silêncio incomum.

"Senhorita Granger?"

"Sim, professor?"

"Você está... estranhamente quieta esta noite."

Ele olhou para cima, franzindo a testa ao notar sua expressão. Seus olhos estavam examinando um pedaço de pergaminho, seu lábio inferior tremendo.

"O que é aquilo?" ele disse, dando um passo mais perto. "Outra ameaça?"

"Eu não chamaria isso de ameaça. É..."

Ela parou, hesitando antes de entregar para ele. Ele caiu no banco ao lado dela, seu estômago apertando quando viu as linhas familiares do roteiro.

Non Omnis Moriar | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora