Capítulo 34: Revelação

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A dor se foi.

Nenhuma sensação terrível de queimadura, nenhuma queimadura maçante e persistente, nem mesmo a menor pontada...

Nos primeiros segundos, Severus não conseguiu encontrar forças para levantar a cabeça, seu corpo flácido de alívio. Respirar. Ele só queria respirar.

Gradualmente, ele tornou-se consciente de seus arredores, sentindo o cheiro de musgo úmido e vegetação em decomposição. Uma floresta? Sim, ele podia ouvir as folhas farfalhando no alto, a escuridão pontuada pela luz do sol manchada. O barulho de galhos por perto, talvez algum animal...

Não, não um animal. Aqueles eram ruídos humanos, o som distinto de alguém se aproximando com passos lentos e medidos.

Ele amaldiçoou baixinho, atingido pela enormidade do que tinha feito. Ele deliberadamente entrou em uma armadilha, deitado lá congelado quando ouviu um segundo conjunto de passos, seguido por um terceiro.

Ele nunca se sentiu mais tolo, embora, estranhamente, houvesse alívio ali também. Todos aqueles meses de medo, frustração e incerteza...

Se nada mais, pelo menos ele finalmente saberia a verdade.

"Cuidado", disse uma voz familiar. "Ele ainda está armado."

Armado? Com isso, Severus voltou a si, movendo-se imperceptivelmente enquanto localizava sua varinha. Ele nunca esteve mais grato pelas dobras volumosas de sua capa, ocultando seus movimentos enquanto ele enfiava o comprimento de madeira sob uma camada de folhas caídas.

Não seria suficiente. Ele sabia disso, murmurando vários encantamentos enquanto os passos se aproximavam.

"Accio, a varinha de Snape."

"Acho que ele não trouxe."

"Claro que ele trouxe. Accio, a varinha de Snape!"

"Talvez devêssemos revistá-lo."

Severus se encolheu, obrigando-se a permanecer imóvel enquanto mãos ásperas saqueavam suas roupas. Ele não levantou a cabeça até que o exame terminou, seu sangue gelando quando viu o caldeirão enorme.

"Bom dia, Professor. Estamos tão felizes que você possa se juntar a nós."

Ashwood? Isso não foi uma surpresa. Severus olhou para ele brevemente, os olhos se deslocando para seus companheiros.

Não, não companheiros. Seguidores.

Ele não sabia seus nomes, embora os reconhecesse pelo que eram. Ele mesmo foi um deles uma vez, jovem e mal-humorado, mas ansioso por orientação. Eles estavam procurando uma saída fácil, assim como ele, convencidos de que o líder certo resolveria todos os seus problemas.

Tolos.

"Hocrux?" ele resmungou, odiando como sua voz soava fraca. Os gritos da noite passada certamente não lhe fizeram nenhum favor.

"Claro", disse Ashwood.

"Onde você achou isso?"

"Escritório de Filch."

"Contrabando?"

Ashwood assentiu, segurando um pequeno objeto. Era algum tipo de broche, incrustado de joias de cores vivas que obviamente eram falsas.

"Entendo. E o que isso faz?"

Sorrindo, Ashwood pressionou a maior joia. Uma voz estridente encheu a clareira, gritando insultos tão profanos que nem mesmo Severus os teria repetido.

"Encantador."

Ele entendeu por que Filch pegou a coisa. O que não ficou tão claro foi como ela se tornou uma Horcrux. Voldemort tinha sido meticuloso ao extremo, escolhendo objetos valiosos e significativos. Por que ele teria se incomodado com um pedaço de lixo tão brega?

Non Omnis Moriar | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora