F o u r t e e n

7.4K 784 753
                                    

— Geto. — a voz do Satoru me chamava — Por que ela nos separou?

Estava em um lugar azul e branco, parecia até o céu em formato de cubo. Eu estava correndo, procurando alguma coisa; e a voz dele não parava de dizer:

— Ela.. ela. Ela! Cuidado com ela..

Eu girava e corria, gritava pedindo para que aquilo parasse, só que não parava de jeito nenhum, até que eu cheguei a uma trilha de sangue e quando olhei para frente… o Satoru estava lá em forma de zumbi, com três tiros no peito.

Acordei procurando o ar que havia sumido dos meus pulmões. Procurava de um jeito desesperador como se estivesse perto da morte.

Me sentei na cama e mesmo com o ar condicionado ligado, eu estava todo suado, trêmulo e com um pouco de medo.

Amarrei meu cabelo em um coque baixo,e sentei na beirada da cama, olhando para o teto por alguns minutos.

Tentei lembrar do meu sonho, mas como um passo de mágica ele desapareceu.

Nada.

Foi como se eu não tivesse sonhado com nada, mas isso não é possível, eu sei que algo de errado aconteceu.

Um raio de sol chegou em meu rosto,então soube que estava em torno das 4 ou 5 horas.

Merda. Não tenho dormido muito esses dias. Vou acabar morrendo desse jeito. Não como e não durmo direito a muito tempo,e não faço ideia do porquê.

Deve ser aquele pen drive. Estudar aquilo está me tirando do sério,mas eu ainda não cheguei nem na metade.

Tsc… quando foi que tudo se transformou em uma terrível bagunça?

Quando foi que eu me transformei nisso?

Bella.

Maldito seja Toji Fushiguro! Graças a ele eu não consigo mais acordar tarde, coisa que eu amava fazer.

Por Deus! Quem é a trouxa que acorda às 5 da manhã para correr no jardim de casa? Isso mesmo; EU!

Fecho a porta daquela mansão, resmungando e dando um bom dia, seco, para os peões que ficam de guarda e me seguem enquanto eu faço minha corridinha matinal.

Falando assim eu me sinto aquelas mães fitness de 34 anos, que o marido é bem sucedido e a única coisa que elas fazem é malhar, levar os filhos para a escola, yôga, e fofocar com as amigas.

As mesmas mulheres que me repudiavam com o olhar quando eu passava do lado delas. Falavam do meu cabelo, — que só andava bagunçado — do meu mau cheiro, e das minhas roupas.

"Cadê sua mãe, ela não te ensinou modos?"

Me divirto até hoje com a resposta que eu disse para aquele grupo de dondocas.

"Não, ela tá muito ocupada dando pro seu marido"

Nunca conheci minha mãe. Nem sei se ela está viva. Na verdade, eu não sei nada sobre ela; só que ela me vendeu, e isso já é o suficiente para que eu não queira saber de mais nada.

A caminhada é super tranquila. Eu passo pelo canteiro de rosas brancas e vermelhas, pelas tulipas e por flores que eu nunca ouvi falar,mas são lindas; todas são lindas, e com o nascer do sol e as borboletas voando, fica com uma visão esplendorosa.

— Ai ai, pelo menos eu tenho o privilégio dessa vista. — ponho a minha mão contra o sol, para que ele não faça meus olhos arderem e fico observando tudo enquanto giro meu corpo devagar.

É um dos jardins mais lindos da américa, e eu não preciso de nenhum site de notícias para ter certeza disso.

Enquanto ainda estou olhando, me deparo com uma visão…um tanto que embaraçosa, mas um pouco…estonteante.

𝑁𝑒𝑒𝑑𝑒𝑑 𝑚𝑒 - 𝐺𝑒𝑡𝑜 𝑆𝑢𝑔𝑢𝑟𝑢Onde histórias criam vida. Descubra agora