T w e n t y o n e

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Quando era criança meu passatempo favorito era recortar revistas. Vogue, Elle, Harper's Bazaar. Eram as que eu mais gostava, pois eram as mais elaboradas, e as que me faziam arder de inveja.
Graças a essas revistas hoje sei ler perfeitamente, então sei que não foi um desperdício me ocupar roubando elas. Se não tivesse feito isso, também não teria sequer descoberto Paris.

A cidade do amor, e onde a moda se localiza. Lembro-me que em noites de frio, o que me ajudava a dormir era me imaginar estando lá em um inverno não tão cruel,e com um casaco de pele bem chique.
Era muito divertido imaginar tudo aquilo, era um escape do meu mundo;mas agora que estou aqui, olhando da janela da minha suíte, a neve começando a cair, não consigo sair do lugar.

O Geto estava conversando com funcionário que veio entregar nossa comida, em uma mesinha cheia de bandejas, enquanto eu observava cada floco branco cair na sacada. Encolhida em uma poltrona, e aquecida por um cobertor. Nunca estive tão confortável em toda minha vida, e minha expressão confirmava isso.

Toda vez que meus olhos cruzavam com a do Suguru, um sorriso apontava no rosto de ambos, e eu sentia uma certa...tranquilidade,uma paz imensurável; e me perguntava do por quê,e,como um homem tão violento me deixava dessa maneira.

- Seus quitutes chegaram, raposinha. - empurrou o carrinho até onde eu estava, e foi tirando as bandejas uma por uma.

Eram comidas tão bonitas. Comidas que davam até pena de comer,porém davam uma vontade enorme de saber qual era o sabor.

- Por onde quer começar? - continuou.

Meu querido acompanhante pegou uma das cadeiras da mesinha do canto do quarto e pós próximo a mim,para se juntar ao chá da tarde.

- Pelo chá. - digo, e vejo o mesmo suspendendo suas sobrancelhas, esboçando uma falsa surpresa.

- Não sabia que gostava de chá.

- Não sei se gosto,nunca cheguei a provar.

- Bom, então você vai descobrir agora mesmo.

Ele me serviu com cuidado,e ficou observando atentamente eu levar a xícara até meus lábios

- Eai? Gostou?

Fiz cara feia. - Não. - ele gargalhou - Não mesmo.

- Ainda bem que eu pedi suco de laranja. Sem açúcar

Sorrio para ele. Pois é uma das coisas que mais faço de uns tempos para cá. Sorrir para o Suguru.

- Por que está tão quietinha? - balbórica seu chá,e percebo pela sua expressão que ele gostou do sabor. - Não gostou do hotel?

- Não, eu gostei sim. Tudo é tão lindo que parece até um filme. É só que.. - meu olhar voltou novamente para neve - Está nevando..

- E isso é um problema para você?

Nego ainda fixa na vista.

- Então, qual o problema?

- Estou com medo de acordar. - olhei novamente para as orbes negras, e fiquei aliviada por ele não sorrir de minha fala.
- Eu sonhava...sonhava com isso,e agora que estou aqui... Não sei - escondi meus olhos com as mãos - Você deve me achar ridícula.

- Está com medo de ser outra alucinação? Outro sonho..

Respirei fundo, tirei as mãos dos olhos e o encarei. Ele permanecia sério e ainda me fitando.

- Sim. - revelo - Estou com medo de pisar fora deste hotel e acordar.. Não quero acordar, Suguru.

- Não vai! Você não vai, sabe por que,Bella? Você não está sonhando.

𝑁𝑒𝑒𝑑𝑒𝑑 𝑚𝑒 - 𝐺𝑒𝑡𝑜 𝑆𝑢𝑔𝑢𝑟𝑢Onde histórias criam vida. Descubra agora