Capítulo 1

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Eu estava correndo pelo campo igual uma louca, mas esse era o meu trabalho como meio de campo. Se eu afrouxasse, minhas colegas de time fariam o mesmo. Mas se eu desse o meu melhor, elas também dariam. Eu ajeitei minha bermuda rapidamente depois que sofri uma falta de Betty perto do meio-campo. Enquanto ela me ajudava a levantar, avistei Toni correndo pelo lado esquerdo do campo. Com uma precisão perfeita, eu cruzei a bola para que ela pudesse receber.

Toni, ou como alguns de nós chamava, TT7, em referência ao CR7 (Cristiano Ronaldo), era de longe uma das melhores jogadoras da liga jovem do país. Todas nós somos. Afinal, nós estávamos no Campeonato Mundial U17 e jogávamos pelo time favorito. Mas Toni era a nossa estrela, devido à sua técnica e sua habilidade de implementar dribles incríveis nas suas jogadas. Sem contar que ela era inacreditavelmente rápida. Tão rápida que eu tinha dificuldades para acompanha-la enquanto corríamos em direção ao gol.

"Teetee!" eu gritei porque ninguém estava em volta de mim e teríamos a oportunidade perfeita de marcar se ela me passasse a bola.

Mas a garota com um 7 marcado atrás de sua camisa tentou driblar várias jogadoras para chegar ao gol e eventualmente perdeu a bola. Eu suspirei em frustração. Não era a primeira vez que ela tinha feito isso hoje e eu não tinha certeza do porque dela estar sendo tão egoísta. Normalmente nós jogávamos juntas, com companheirismo, e não sobrava chance pra ninguém. Nós entendíamos nossas jogadas sem precisar de muita comunicação. Eu sempre sabia o que ela estava pensando, ou para onde correria, o que ela faria, e vice e versa. Porém, por alguma razão, Toni estava inflexível sobre não querer jogar comigo hoje.

Eu segurei a minha língua até que ela fez de novo; e de novo. Corri para o lado esquerdo do campo e tive que confrontá-la.

"Qual o seu problema hoje? Por que não está me passando a bola?" Eu perguntei com severidade e, obviamente, irritada

"Nada", a morena simplesmente disse e se virou para correr de volta para a sua posição, mas eu a segurei pelo pulso.

"Tira a merda da sua mão de mim!" Eu fiquei abismada com a sua reação exagerada.

"Qual é o seu problema?!", eu a larguei e não conseguia acreditar no quão brava ela estava, sendo que eu tinha razão por estar furiosa com ela.

"VOCÊ é a porra do meu problema!" Ela exclamou em um tom que eu só tinha a ouvido falar com as adversárias ou talvez com as meninas do nosso time, mas nunca comigo.

"Olha a boca, Topaz! Eu continuo sendo a porra da capitã desse time!" Eu gritei e senti meus olhos ardendo de raiva.

"E o que você vai fazer, ein? Me expulsar?" Ela disparou sabendo que o time precisava dela para o próximo jogo e que o técnico nunca a expulsaria.

"Você está toda cheia de si hoje, né?" Eu respondi e senti ela me empurrando pelo ombro tão forte que eu cai sentada na grama. Eu fiquei chocada, mas os meus instintos falaram mais alto que o meu cérebro que tentava entender o porque dela estar me confrontando. Em uma fração de segundos eu me levantei e quase parti para cima dela, mas senti várias meninas me segurando e outras afastando Toni.

"O que vocês estão fazendo!?" Ouvir Veronica, a zagueira do time, perguntar completamente confusa. "Parem com isso! Vocês duas querem ser expulsas da final amanhã? Se concentrem no jogo e não nos seus problemas! Esse é praticamente nosso último treino!"

Eu estava ofegante enquanto assistia Betty tentando acalmar a menina de dezesseis anos. Ela já tinha visto Toni estressada antes. Ela era meio que a cabeça quente de todas as partidas porque ela queria sempre ganhar. Sua dedicação fez dela a melhor. Mas eu não conseguia entender o porque da sua raiva estar voltada para mim há um dia antes da final.

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