Capítulo 23

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POV Cheryl.

O dia anterior

Minhas mãos estavam tremendo ligeiramente depois que eu toquei a campainha. Eu estava certa que não ia ficar tão nervosa por estar em casa, mas eu estava. Aquele sentimento ranzinza no meu estômago não desaparecia. Alguma coisa estava para acontecer e não era coisa boa.

Eu tinha decidido vir para Miami e consertar qualquer coisa que estava dando errado com minha mãe. Aparentemente ela estava se recusando a tomar os medicamentos e falou para sua terapeuta que eu era a única pessoa com quem ela queria falar. Eu lembrei de Toni me dizendo que eu não poderia parar minha vida, quando nos vimos na semana passada. Mas isso foi exatamente o que eu fiz. Eu deixei tudo pra ajudar minha família. Isso era o que eu tinha que fazer, não é?

Os exames cruciais já tinham terminado e eu tinha uns dias de folga dos Breakers, então era um tempo bom. Estava tudo dando certo pra vir aqui. Então porque eu estava tão nervosa?

Uns minutos se passaram e eu apertei a campainha novamente, antes de a porta da frente ser aberta. O olhar surpreso no rosto da minha mãe foi evidente. Eu não avisei a ela sobre minha visita porque eu queria ver qual a condição que ela se encontrava sem ter tempo pra esconder qualquer coisa.

"Cheryl!" ela exclamou numa mistura de choque e alegria.

"Oi mãe" eu respondi calmamente e vi seus braços se abrirem para me abraçar. Dando uns passos para frente, eu deixei ela me abraçar e a abracei também.

"Eu estou tão feliz em te ver. Porque você não disse nada? Eu teria cozinhado alguma coisa ou preparado algo divertido pra nós fazermos", a mulher mais velha disse e me soltou.

Eu senti o cheiro imediatamente. O álcool em seu hálito era tão forte que eu quase tapei meu nariz. Isso não era o cheiro de alguma bebida para a tarde. Era algo mais como uma garrafa de vodca. Eu dei um sorriso e tentei me acalmar enquanto entrava na casa e contava a ela que foi uma decisão espontânea de vir aqui. A mistura de sentimentos caiu sobre mim quando eu estava dentro da casa. Embora esse tenha sido o meu lar e o lugar que eu cresci, existiam tantas memórias dolorosas nessa casa.

Tentando ignorar as emoções que cresciam, eu sentei na sala de estar com minha mãe e nós tivemos uma conversa casual por alguns minutos. Eu contei a ela sobre a faculdade e futebol. Por uns segundos eu pensei em revelar sobre Toni, mas eu tive vergonha instantaneamente. Não era a hora certa. Eu tinha que chegar naquele ponto.

"Mãe, Taylor me ligou", eu comecei com cuidado enquanto olhava pra ela sentada no sofá na minha frente. "E também com sua terapeuta. Elas disseram que você tá se recusando a tomar os remédios."

"Eu estou bem. Eu não preciso daquelas pílulas mais. Olhe pra mim, eu não pareço bem pra você?" minha mãe sorriu abertamente, mas sua aparência estava tudo, menos boa.

"Esse não é o ponto. Você pode estar bem agora, mas isso pode mudar enquanto você não toma os medicamentos", eu fundamentei.

"Você está sempre tão preocupada comigo, eu posso cuidar de mim mesma", a voz dela mudou para defensiva e eu senti minha frustração crescendo.

"Bem, talvez você possa ou talvez você não possa", eu respondi e ela cruzou seus braços embaixo do peito.

"O que isso significa?"

"Que... todos nós precisamos de ajuda as vezes. Nós já tivemos essa discussão tantas vezes, mãe. Você concordou em ir pra terapia, tomar os seus medicamentos e ficar sóbria. E obviamente você não tá fazendo nenhuma dessas coisas e eu não vejo isso como tomar conta de si mesma", minha voz começou a tremular por alguma razão.

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