Capítulo 27 - Penúltimo

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Passei trinta minutos encarando o líquido claro que estava na minha frente. O copo de tequila era tão pequeno em tamanho, mas tão grande em termos de importância. Achar um bar depois de ter saído andando pela cidade não foi difícil. Também não foi difícil pedir a bebida. Mas agora que ela estava de frente a mim, eu não podia beber aquilo. Eu fiquei tentada a beber várias vezes, mas sempre que minhas mãos tocavam o copo, eu terminava me afastando.

Havia tantas coisas na minha cabeça. Eu tinha feito algumas decisões imprudentes enquanto estava triste, mas não pretendia seguir elas – não por enquanto.

A voz de Betty continuava ecoando na minha cabeça. Toni e Fangs tinha se beijado. E isso nem era o pior, era o fato de minha namorada, ou minha ex-namorada, não ter me contado nada. Na minha mente, significava que tinha alguma coisa que ela estava escondendo que ia além de um simples beijo. Pensando nisso, meus olhos focaram na bebida novamente. Ainda assim, eu não iria bebê-la. Eu não podia. Eu me sentia psicologicamente doente com o pensamento em beber a substância.

E minha mente continuava tentando adivinhar. Eu lembrei da minha terapeuta e todo o trabalho duro que eu tinha colocado tentando melhorar. Isso era tudo por Toni? Só pra ela me dar uma chance? Se fosse esse o caso, eu já estaria bêbada há muito tempo. Veio a mim que eu só tinha procurado ajuda por causa de Toni, mas não era só por ela. Essa linha de pensamento pareceu surpreendentemente boa. Significava que eu não precisava dela tanto quando eu imaginava. Eu ainda queria ela. De qualquer forma, era satisfatório saber que meus esforços não estavam sendo em vão.

"Cheryl", ouvi uma voz conhecida e me virei no banco do bar.

Emily estava se aproximando de mim com um olhar confuso no rosto. Na hora da raiva, eu tinha mandado uma mensagem pra loira, pedindo para que ela me encontrasse no bar. Eu já tinha esquecido disso com todos os más pensamentos em mente, mas foi uma surpresa quando ela aceitou meu convite.

"Oi", eu disse meio atrapalhada.

"Foi uma surpresa sua mensagem", Emily parou perto de mim. "E eu estou mais surpresa ainda em encontrar você logo aqui", a confusão era óbvia em seu tom de voz. "Pensei que você não quisesse beber?"

"Eu não quero", respondi e ela levantou suas sobrancelhas, gesticulando para o copo no balcão. "Eu pedi isso assim que cheguei. Mas de algum modo... eu não posso", eu admiti, considerando que a expressão da outra garota se suavizou.

"Isso é bom", ela sorriu gentilmente. "Quer dizer que não foi uma chamada de uma bêbada para uma rapidinha?"

"Não", eu disse rapidamente enquanto minhas bochechas coraram no tom mais forte de vermelho.

"Foi uma sóbria, então?"

"Não... Eu não sei... é, hum...", tudo que eu conseguia era gaguejar antes de ouvir a risada de Emily.

"Relaxa, eu tou só brincando contigo", a modelo acalmou a tensão e me fez sorrir por um momento. "Levanta, vamos sair daqui. Já que você não tem intenção de beber, nem eu, não tem motivos pra ficar aqui."

O tom gentil de sua voz me convenceu a fazer o que eu deveria ter feito trinta minutos atrás. Derramei a bebida na pia antes de pagar e sair dali. De todas as vitórias em minha vida, aquela parecia ser a maior de todas. Não me lembro de me sentir tão orgulhosa de mim mesma. E não tinha nada a ver com futebol, com meus estudos ou qualquer coisa senão ser uma versão melhor do que eu já fui.

Olhei pra cima e vi Emily sorrindo me encorajando. Nós deixamos o bar imediatamente e eu ainda estava incerta por ela resolver me encontrar.

"Sinto muito por mandar mensagem pra você e te trazer pra essa bagunça", me desculpei sinceramente enquanto caminhávamos pelas ruas indo pra o meu hotel.

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