Capítulo 3

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Toni estava correndo pelo lado esquerdo do campo; seus pés ágeis guiavam a bola com perfeição enquanto driblava o primeiro zagueiro. Pode parecer impossível, mas ela estava ainda mais rápida do que era na época do U-17. Até a nossa melhor zagueira não conseguiria pará-la e ela foi logo a próxima a a ser driblada por Toni.

Se eu não estivesse tão irritada com ela, eu definitivamente estaria encantada como todo mundo. Todo o time a assistiu a talentosa jovem abrir caminho pela zaga até o gol e tocar para o nosso atacante, que só precisou chutar a bola.

"Bom trabalho!", nosso treinador gritou do lado do campo e eu queria socar alguém

Essa era o meu lugar. O meu time. Quem diabos Toni achava que era? Ela não podia invadir a minha vida e tomar conta do que significava mais para mim do que qualquer outra coisa. Se eu não pudesse me divertir com o futebol, o que sobraria? Minha raiva só aumentava ao assistir minhas companheiras de time aplaudindo a mais nova aquisição do time e a parabenizando pelo seu talento. Ela entraria para o time. Eu não tinha dúvidas quanto a isso. Ela era muito bom e qualquer um seria um idiota se não a quisesse no time, mesmo que ela precisasse entrar em forma um pouquinho.

O coletivo continuo e nos últimos minutos, quando Toni estava com a bola de novo, eu tentei defender minha área, mesmo que não fosse o meu trabalho. Eu a conhecia melhor que as outras. Existia pelo o menos uma chance que eu pudesse prever seus movimentos e a impedisse de seguir. Ela hesitou por um momento e eu parti para cima, mas de alguma forma ela conseguiu passar com a bola por cima do meu pé. Suas habilidades eram incríveis para alguém que ficou por tanto tempo sem jogar profissionalmente. Mas eu estava furiosa e acabei a abordando por trás, para impedi-la de seguir adiante.

Toni caiu no chão e eu ouvi algumas jogadoras arfarem por causa da minha falta dura.

"Cheryl, vai devagar! Você poderia ter machucado ela", nossa capitã veio correndo até nós enquanto a mais nova se sentava com dor. Ela olhou para mim com uma mistura de incredulidade e raiva.

"Não estamos no sub-17 mais. Se ela não consegue aguentar uma falta, então ela não deveria estar tentando entrar nas ligas principais", eu disparei e senti os olhos castanhos me encarando. Ela se levantou rápido e eu percebi que ela estava perto de perder a cabeça, mas se controlou. Alguém me puxou pelo meu uniforme e percebi que era Kristie que estava me afastando.

"Para", a loira mandou mas eu ouvi o nosso treinador gritando o meu nome. Isso não era bom. Eu corri para o homem de cabelos brancos e me lembrei de uma certa situação de alguns anos atrás.

"Nós temos algum problema aqui, Cheryl?" Ele me perguntou firmemente.

"Não, treinador."

"Você tem certeza? Você pode me explicar porque quase quebrou o tornozelo da sua companheira de time ainda agora?

"Foi... um acidente. Eu entrei atrasada, só isso", eu menti porque eu poderia muito bem tê-la deixado passar, mas a minha frustação tomou um caminho perigoso.

"Eu não sei qual o seu problema hoje, mas isso tem que parar. Parte da razão para eu quere-la no time é que eu sei como vocês costumavam jogar juntas. Nós poderíamos aproveitar essa mágica que vocês costumavam ter", meu treinador explicou e eu só queria gritar pela forma que ele disse "mágica que vocês costumavam ter". "Existe alguma razão pela qual eu não deveria considerar a Toni neste time?"

"Não", eu disse devagar depois de um pouco de hesitação.

"Ta bom, então. Vá para os chuveiros, nós já acabamos por hoje de qualquer forma."

Eu agarrei a minha garrafa de água e andei para o vestiário. Esse dia precisava acabar. Naquele momento eu já não sabia do que eu estava com tanta raiva: de Toni, por ter vindo para cá, ou comigo por me importar tanto. Eu fui para meu lugar habitual e me sentei no banco enquanto todas entravam no vestiário. Meus olhos se focaram na jovem mão que conversava com as outras meninas. Eu notei ela mancando enquanto ia em direção a um banco e se sentada, quando ela encontrou meu olhar.

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