Não sobrou nada...
Você não tem nada...
Não sobrou ninguém...
Não sobrou nada...
Quanto mais minha mente me sabotava, mais eu sentia necessidade de inebriá-la. Seis cervejas pareciam pouco para a minha necessidade, o que me deixava um tanto irritada.
Levantei a cabeça e abri os olhos, encarando o lugar ao meu redor. Uma festa como tantas outras em que já estive. Um lugar lotado de pessoas vazias, assim como eu. Euforia, felicidade momentânea e dores arrebatadas pelo álcool e pelos ilícitos. Todos fugiam de alguma coisa e eu não era diferente.
Dezessete anos de idade e apenas quinze de vida. Há dois anos eu tinha morrido, mas continuei existindo.
Balancei a garrafa vazia na minha mão e praguejei contra a falta de cerveja. Eu já nem conseguia mais reconhecer a música que tocava, mas também não me importava. Tateei os bolsos e senti o maço de cigarros ali. Era hora de recorrer aos velhos métodos.
— Ai, que porra — reclamei ao sentir o mundo inteiro girar. Beber sentada não era uma sábia decisão.
Mesmo tonta, caminhei por entre as pessoas, esbarrando vez ou outra aqui e ali, ignorando os xingamentos das garotas e as apalpadas indiscretas dos caras. Eu não estava em condições físicas para brigar com ninguém e estava sozinha na festa. Eu precisava me manter na linha.
Depois da árdua tarefa de finalmente chegar na área de fumantes, respirei aliviada ao ar livre, me sentindo longe do sufoco do interior.
Surpreendentemente, o local estava quase vazio, exceto por apenas algumas pessoas espalhadas por ali, a maioria conversando em duplas ou trios, fumando todo tipo de coisa.
— Merda — praguejei ao ver que eu tinha perdido meu isqueiro.
Segurei um dos cigarros entre os dedos e olhei ao redor. Bom, era uma área de fumantes, alguém deveria ter um isqueiro. O problema era saber para quem pedir.
O casal se beijando no cantinho? Não, muito empata foda. O trio de amigos que fumava alguma coisa que com certeza não era cigarro? Melhor evitar conflitos com possíveis usuários de ilícitos. O cara falando sozinho e brigando com ele mesmo? Ew, não.
Soltando uma lufada de ar, percebi uma silhueta solitária perto do guarda-corpos. Ele apoiava os dois antebraços na grade de ferro e observava a cidade do topo do prédio onde a festa acontecia. Estava sozinho, mas não parecia conversar com as vozes na cabeça dele ou usar nada pesado, então decidi me aproximar vagarosamente.
— Aí, você tem isqueiro? — perguntei parando ao lado dele.
O rapaz pareceu surpreso com a minha aproximação, virando-se de uma vez, fazendo a trança loira ser jogada por cima do ombro. A mecha na frente do rosto balançou com o sopro do ar e eu sorri ao ver a tatuagem na lateral da cabeça. Ele era realmente muito bonito, embora parecesse um tanto confuso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nothing Left, Draken
Fanfiction[Fanfic] [Tokyo Revengers] [Draken] [Angst] [+18] Um desconhecido numa festa. Um almoço gentil. Um assassinato antigo. Ela sabia que não poderia ficar perto dele. Seria um golpe cruel demais para ambos, mas corações partidos e almas carentes se con...