Baltazar acorda, sua visão fora de foco, ainda tonto, sem noção de tempo, ou de espaço, nunca havia acontecido aquilo com ele, acordar sem nem saber onde esta. Ele estreita os olhos para tentar enxergar melhor enquanto sua visão volta lentamente.
O local era grande, pouco iluminado, e cheio de pessoas deitadas em volta, agora que sua visão começava a esclarecer percebe que se trata de pessoas, Havia janelas, mas sem sol, deixando ainda mais difícil enxergar...
Ele olha pra si mesmo, estava sem armadura e sem camisa com um curativo em volta do abdômen, deitado em uma espécie de cama improvisada feita de madeira e pano. Ele tenta se levantar, mas o ferimento dói, como se marcassem sua barriga com ferro quente, então torna a deitar e se mexer o mínimo possível.
Baltazar supõe que seja uma enfermaria improvisada, já que tinham tantos feridos, que depois de algum tempo olhando acaba por reconhecê-los, não todos, mas alguns com certeza estavam na batalha contra os bárbaros.
Agora já não estava tão perdido.
-Não é a enfermaria do acampamento então devo ter sido levado para Graz. Fala para si mesmo enquanto pensa.
Baltazar sabia que os feridos mais graves eram levados para Graz, Hector tinha lhe dito antes de partir e deixa-lo no comando, e julgando por suas lembranças da ultima coisa que lhe tinha acontecido, não estava bem, Lembrava que estava falando com Hector quando apagou por completo.
-Oi! Diz uma voz à sua esquerda.
Baltazar olha rapidamente, não havia percebido alguém chegar.
-Quem é você? Pergunta Baltazar de frente para um velhinho de barba e cabelo branco.
-Meu nome é Agnos, e você esta em Graz.
Baltazar agora tinha sua suposição confirmada.
-Onde está Hector?
- Hector passou por aqui de manha, em direção a Eslavos, pretendem buscar os feridos quando possível, Agora... Diz Agnos antes que Baltazar possa formular outra pergunta – Deveria descansar, não sei se percebeu, mas é noite, você perdeu muito sangue e tem sorte de estar vivo. Vim com intenção de ver como estava e não esperava encontra-lo acordado, amanha conversamos mais.
Baltazar concorda com Agnos, que sai deixando que ele descanse.Na manha seguinte, o salão estava cheio, muitas pessoas conversavam com os feridos e ajudavam eles, provavelmente habitantes do vilarejo, imagina Baltazar.
Agnos não demora à chegar e mesmo mostrando interesse pela situação de cada ferido ele caminha diretamente para Baltazar.
-Bom dia!
-Bom dia.
-Como se sente? Pergunta Agnos.
-Bem. Menti Baltazar, não gostava de se sentir dependente de alguém, não gostava da situação que se encontrava.
-Nunca estive em uma batalha garoto, mas sei bem que Bárbaros não lutam justo. Diz Agnos.
-O que quer dizer? Pergunta Baltazar.
-A lamina que te furou, estava envenenada...
Baltazar devia ter imaginado, errou caindo na provocação de Abel, e não imaginou que ele faria algo como envenenar a própria lamina. Dois erros que poderia ter custado sua vida.
O que seu pai falaria, pensa Baltazar.
- Veneno feito de uma planta em extinção, era facilmente encontrada na floresta muito tempo atrás, não tem um nome certo, era chamada pelos antigos de Sol do Oeste, pela sua coloração amarela e por causar uma febre tão grande que levaria qualquer um à morte – Felizmente o antidoto para ela já foi descoberto há muito tempo, não foi difícil.
Baltazar acompanhava as informações dadas por Agnos atento, não sabia metade daquilo que tinha sido dito, e não sabia o que dizer para ele agora que tinha parado de falar.
-Obrigado... Diz Baltazar
-Não foi nada, agradeça seu amigo Hector, ele te trouxe ate aqui, do contraria não estaria falando comigo.
- Com certeza, vou agradecer.
-Ótimo, Preciso fazer algumas coisas, vou deixar você sozinho agora.
-tudo bem, ate. Diz Baltazar para Agnos que se vira e vai à direção da saída conversando com outros feridos.Naquela tarde, homens chegaram ao vilarejo, Baltazar conseguia ouvir o som de vários cavalos lá fora, imagina que seriam homens de Eslavos, e estava certo, logo entraram para levar aqueles que estavam melhores, e não eram poucos, na noite anterior Baltazar não encontrou nenhum acordado, pensou que a maioria estava em situação ruim, mas se enganara, observando os outros aquele dia, a maioria parecia bem, pelo menos melhor que ele, diferente do que ele tinha pensado.
Os soldados entraram e começaram ajudando os feridos a se levantarem e andarem para fora, Baltazar não conseguia andar, mas mesmo assim, soldados levaram ele sobre a cama improvisada para fora do salão.
Na verdade templo, agora que Baltazar sairá conseguia distinguir o lugar, fora dele se encontrava quatro carroças, medias, comportavam seis pessoas cada, feitas de madeira, com proteção à chuva feita de lona, puxada por dois cavalos cada.
Baltazar é colocado na ultima carroça e junto com ele outras quatro pessoas, o sol esta muito visível naquela tarde, deixando o dia quente e abafado, principalmente ali, junto com outras pessoas dentro de uma carroça, mas independente de tudo Baltazar não se importava, eles tinham vencido a batalha muitos dos soldados junto com ele, tinha lhe agradecido inclusive aqueles que o colocou na carroça, e agora a coisa que mais queria era encontrar Hector, precisava agradecê-lo pelo que tinha feito.
De longe ele consegue ver Agnos que acena para ele e antes de partir deseja em silencio que Baltazar melhore o mais rápido possível, assim todos partem em direção a Eslavos.
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As crônicas Hectorianas
Teen FictionNinguém ao certo sabe como surgiram os grandes reinos, mas ainda sim sempre ouve historias... A lenda diz que há muito tempo, antes dos povos se espalharem pela terra, um Rei se ergueu e dominou sobre tudo e todos e o seu reino foi de paz durante mu...