as estrelas

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"Enquanto eles não se conscientizarem, não serão rebeldes autênticos e, enquanto não se rebelarem, não têm como se conscientizar." -George Orwell

Subi as escadas de casa com uma dor intensa na coxa interna da perna. Quanto mais eu me aproximava, mais alto ouvia a voz de Lya. Respirei fundo e encostei a cabeça na porta que dava para a cozinha.

- Qual tipo de problema você tem? - Lya começava a falar em um tom de voz mais alto - Você quase me acertou, Nathan!

- Qual é, Lya, isso não é problema seu - Nathan respondeu, sério - Você que entrou no meio da briga.

- Nathan, você do nada foi folgar pra cima do Corei, sem motivo algum.

- Sem motivo algum? - Nat repetiu sarcasticamente - Se eu fiz aquilo, foi com motivo, Corei não é esse santo todo que vocês acham.

- Esse não é você, não mesmo! - Lya respondeu e eu respirei fundo, lembrando que ela havia me dito a mesma coisa em meu aniversário.

- Você ama isso né? Ama controlar tudo - Nathan falou, calmo, e eu comecei a discar o número de Corei em meu celular - Você sufoca as pessoas Lysandra, alguém precisa te falar isso. Você toma o controle de tudo, pressiona as pessoas em sua volta, olhe para James - Meu dedo parou quando Nat citou o nome do garoto - Ele sempre foi um garoto com brilho próprio, engraçado, tinha um brilho próprio, e olhe para ele agora. Olhe para Tayla, Lya! Ela mal fica em casa mais! Eu nem seu o que aconteceu, mas para ela não querer falar com você foi algo bem doentio.

Respirei fundo, me controlando para não entrar no cômodo, ninguem sabia que eu estava ouvindo. Ouvi as respirações do pessoal após esse comentário de Nat, me surpreendi por Lya ficar quieta e não murmurar.

- Você é tão egoísta que eu duvido que tenha perguntado para James o que está rolando com ele. Então, Lysandra, não venha me dar sermão sobre o que eu fiz ou deixei de fazer quando você não sabe da metade da história. Todos aqui estão precisando da droga de uma ajuda, mas fazem questão de ignorar isso, então faça o favor de ir falar essas suas merdas para uma terapeuta. - Escutei os passos pesados de Nathan subir as escadas e houve um silêncio enorme. Corei respondeu minha mensagem com um "a caminho" e eu entrei na cozinha.

Mira, Caleb, Dylan, James e Lya me olharam, a última garota estava paralisada ao lado da mesa, me olhou com esperança de dizer algo, mas eu apenas andei rápido, cortando a cozinha até a escada. Parei no segundo degrau e olhei para James, que estava sentado no sofá, os cotovelos apoiados nos joelhos. O garoto me retribuiu o olhar.

- Eu não discordo dele - Falei baixo, quase sussurrando. James apenas piscou e voltou o olhar para baixo, continuei subindo as escadas.

Cada passo meu era um esforço. Abri a porta de meu quarto e revirei minha bolsa acima de minha cama, peguei um pijama e uma troca de roupas para passar o sábado. Enfiei meu livro na bag de meu notebook e me virei para sair do cômodo, dando de cara com Nathan parado bem a minha frente.

- Porra! - Coloquei a mão em meu peito, tentando me recompor do susto.

- Deveríamos conversar. - A voz do garoto de cabelos negros era calma - Deveríamos mesmo conversar, Tay.

- Ótimo, devia ter vindo antes daquela sua ceninha ridícula no pátio da escola. - Coloquei a mochila nas costas e avancei para porta, senti Nathan me seguir.

- Onde você vai? - A voz dele agora era autoritária

- Viver a minha vida, já que não devo satisfações a ninguém. - Continuei descendo as escadas, deixando o garoto para trás.

O Que Acontece Fora do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora