O Que Acontece Fora do Céu

o preto

AGOSTO, 2020

 - Mira nunca beijaria Caleb. - Lya revira os olhos, enojada com a ideia.

 - Já se perguntou quão provável isso seria?! - James se ajeita no gramado da escola, seu braço esquerdo no ombro de Lya - Mira é bonita, inteligente, introvertida, super cuidadosa...

 - Caleb é palmiteiro... - Nathan completa, dando uma risada baixa.

 - Deve ser de família, não é mesmo, Lya?! - Dylan está comendo uma barra de cereais, os dedos cheios de anéis.

 A roda fica quieta por um momento, os outros alunos começam a se levantar e andar em direção ao pátio da escola, sinal que o tempo de almoço acabou. James acena para nós com a cabeça enquanto um garoto de cabelo raspado o puxa pelo cotovelo, coisa típica dos meninos do time de futebol da escola. Lya solta uma risada curta e sai andando atrás dos garotos, o uniforme de líder de torcida em perfeita harmonia com o uniforme deles. Eu continuo sentada, observando os dois se afastarem, Dylan sai andando com a multidão também, Nathan me da uma cotovelada.

 - Você acha que Mira beijaria Caleb? - O garoto de cabelo preto com as pontas suavemente pintadas de azuis me estuda com os olhos azuis. 

 - Mira é tão obscuramente na dela que não sei o que pensar. - Eu me levanto, limpando o uniforme do time de soccer feminino.

 - Você acha que desconfiaram? - Ele pergunta.

 Sei exatamente do que está falando. Eu e Nathan combinamos de ter uma situação amorosa entre nós há alguns meses atrás, mas não queríamos que ninguém do Céu soubesse, o que não é muito difícil já que estão todos aprofundados em seus dramas pessoais. Nathan ajeita a jaqueta de couro, o que me faz lembrar de como todas as garotas desse colégio querem beija-lo, me faz lembrar de todas as cartas de todas as admiradoras (e admiradores) que ele recebe semanalmente. Ninguém faz ideia de como ele me beija nos lugares escondidos que achamos pelo campus.

 - Mira desconfiaria se estudasse conosco. 

 - A mais inteligente entre nós! - Ele ironiza, mas logo em seguida assume um tom sério na voz - Ela já sabe, Azul.

 Eu travo por um momento e paro de andar, Nathan para comigo. Dou uma piscadela dramática.

 - Como?

 - Como o que?

 - Como ela sabe? - Olho para os lados para ter certeza que ninguém nos observa.

 - Ela é a mais inteligente entre nós. - Ele fala e voltar a andar.

 - Than! - Chamo e Nathan olha para trás, o sorriso sarcástico quase me fazendo cair para trás.

 - Fui pegar água na cozinha de madrugada esses dias e ela estava lá, fazendo algum trabalho da faculdade, me olhou como num filme de terror, ela já sabia.

 - Como sabia, Nathan? - Tento manter a maior distância possível entre nós dois.

 - Foi naquele dia que eu estava usando seu babydoll. - Ele sussurra, como se tivesse vergonha do fato.

 Eu começo a rir de uma forma que eu não deveria, Nathan me da um empurrãozinho de constrangimento, mas isso só me faz rir mais.

 - Desculpa cortar sua graça, Miss risada, mas tenho péssimas notícias.

 - Rasgou meu babydoll? - Franzo o cenho, segurando outra risada.

 - Eu nunca rasgaria aquela camisola de vovó. - Agora quem o empurra sou eu. - Minha doce, doce Shipps - Nathan desliza o dedo indicador por minha bochecha e a repousa em meu queixo, seus olhos expressivos demais pedindo para que eu o beije. - Não vou poder passar o final de semana com você em Santa Mônica.